O casal José e Maria de Souza viaja várias vezes ao ano, participa de grupos de convivência e faz trabalhos voluntários: "Agora nosso objetivo é curtir a vida"
O casal José e Maria de Souza viaja várias vezes ao ano, participa de grupos de convivência e faz trabalhos voluntários: "Agora nosso objetivo é curtir a vida" | Foto: Juliana Gonçalves



Foi-se o tempo em que a rotina da terceira idade ficava restrita a cadeiras de balanço, agulhas de tricô e partidas de gamão. Hoje, com a expectativa de vida maior, o brasileiro chega à terceira idade com saúde e disposição para descobrir uma forma prazerosa de viver essa fase da vida.

A psicóloga Marilene de Oliveira Souza percebeu essa mudança no público da terceira idade pelos frequentadores do seu consultório. "Antes, não havia idosos fazendo terapia. A pessoa chegava aos 60 ou 70 anos achando que era daquele jeito mesmo e nunca iria mudar. Hoje, eles não pensam mais assim", conta.

Segundo ela, o ser humano passa por muitas mudanças ao longo da vida, mas uma coisa que nunca muda é a necessidade de se relacionar. E isso é crucial para uma velhice feliz. "Relacionamentos afetivos e sociais aumentam a autoestima, a confiança e a alegria, em qualquer fase da vida. O convívio é um antidepressivo natural: dá vitalidade, acaba com angústia, estresse e depressão", afirma Marilene.

Parar jamais
A aposentadoria costuma ser um gatilho de isolamento na terceira idade porque a pessoa deixa de trabalhar e acha que perdeu a utilidade, que não tem mais nada para fazer. Mas, ainda que o aposentado opte por não trabalhar mais, o ideal é buscar uma atividade.

"A aposentadoria é importante porque encerra um ciclo, mas não é para ser o fim. Pode continuar trabalhando, se isso for prazeroso, ou pode se envolver com algo que nunca fez antes, aprender uma atividade nova. Isso estimula o cérebro e mantém a jovialidade", ressalta a psicóloga.

Família
O convívio com a família também é muito benéfico para a saúde emocional dos idosos, mas é importante não viver apenas em função da família. "Nós temos diferentes papéis na vida. Não vale se tornar só mãe ou pai e viver em função de filhos e netos e deixar o resto de lado. Aquele que conserva sua individualidade não perde sua essência. Por isso, é muito importante ter hobbies, ter amigos, namorar, viajar, ir à academia, ao cinema, ao baile", exemplifica a psicóloga.

Sem saber, o casal Maria Lopes de Souza e José Floripes de Souza tem seguido essa sugestão. Aos 68 e 80 anos, respectivamente, eles são exemplo de idosos emocionalmente saudáveis. Viajam várias vezes ao ano, participam de grupos de convivência, fazem trabalhos voluntários na igreja. "Nossos filhos já estão criados e estão muito bem, graças a Deus. Não temos mais preocupações. Então, agora nosso objetivo é curtir a vida", conta a aposentada.

Amigos
A participação no grupo de convivência do Sesc tem papel importante na busca por esse objetivo. Lá, uma vez por semana, eles preenchem o tempo livre com atividades que lhes dão qualidade vida. "Nós participamos há uns cinco anos e é muito gostoso. Lá, fazemos amigos, nos exercitamos, jogamos bingo, confraternizamos, viajamos", conta José.

Ter a companhia um do outro é, segundo Maria e José de Souza, determinante na felicidade dos dois aposentados. Casados há 48 anos, eles quase nunca se separam. "Nunca saímos sem o outro. Estamos sempre juntos porque somos um a companhia do outro. Não é só enquanto jovem que devemos valorizar o relacionamento. Casamos para a vida toda", conta ela.