"Assim como o arroz e o feijão são para o brasileiro, o pão é para o alemão", diz Jacob Ketterer. Veja vídeo utilizando o aplicativo da Realidade Aumentada
"Assim como o arroz e o feijão são para o brasileiro, o pão é para o alemão", diz Jacob Ketterer. Veja vídeo utilizando o aplicativo da Realidade Aumentada | Foto: Saulo Ohara



"Para alemão, pão é importante e aqui não encontramos nada que se igualava aos da minha terra". Então ele abriu uma panificadora.

Jacob Ketterer, 35, saiu de Munique e aterrissou em Londrina há seis anos e meio. Motivo: o casamento com uma brasileira e dois filhos. Em terras vermelhas, sentiu a falta da gastronomia e dos pães que tinha acesso. "Assim como o arroz e o feijão são para o brasileiro, o pão é para o alemão", conta sem exagero, pois o produto faz parte da lista alemã de Patrimônios Culturais Imateriais da Unesco.

Por desejo ou necessidade, Ketterer se sentiu na missão de reproduzir os quitutes, mas para isso foram necessários cinco anos de estudos. Autodidata, buscou em blogs, livros, em movimentos de pessoas que fazem pães por lazer e fez curso intensivo em academia de mestre padeiros no país de origem. "Para ser padeiro lá, são exigidos três anos de estudos como aprendiz para se tornar auxiliar, mais três ou quatro anos trabalhando e mais um ano para mestre padeiro", exalta.



Foi depois de muita dedicação que o ex-profissional de marketing abriu em Londrina em 2015 a sua panificadora alemã, a Brot. "Foi a primeira vez que trabalhei em uma padaria", conta. Com aproximadamente 25 variedades de pães oferecidos, encontrar os ingredientes específicos para cada receita não foi simples. No início, Ketterer precisou viajar o Brasil todo em busca de produtos de qualidade, mas hoje já tem a sua lista de fornecedores formada.

O alemão sabe da importância que é apresentar uma nova imagem aos brasileiros. "Aqui todo mundo imagina calças de couro, comida gordurosa e cerveja, quando se fala do meu país, mas isso é uma parte pequena, existe muito mais que isso", defende. Como muitos produtos são diferentes, sente dificuldade de inserir as novidades. "É difícil quebrar as fronteiras na mente dos brasileiros, mas no geral, foram muito receptivos". E foram mesmo, o pão Zwei Burgen está entre os mais vendidos.

Na difusão da cultura alemã entre os brasileiros, Ketterer está fazendo a sua parte, mas também se esforça para manter costumes e tradições dentro da família. "Celebramos os dias especiais da Alemanha, como o Santo Nicolau, em 6 de dezembro, colocando botas na frente de casa para que à noite ele traga nozes, amêndoas e chocolates", conta o pai que só fala em alemão com os filhos. "Para aprender a raiz, precisa saber a língua."

Apaixonado e orgulhoso, o panificador conhece bem o que faz. Depois de anos estudando, consegue entender desde o que acontece dentro da massa em nível de micro-organismos até a montagem da empresa. Hoje, com um pedacinho da Alemanha instalado na "cidade de braços abertos", pode se orgulhar por oferecer no norte do Paraná o pão alemão que tanto buscou quando chegou.