A advogada Tamisa Tiveroli (terceira a partir da esquerda) entre os amigos Fábio Ochiro, Gabriela Alves e Jean Gomes: do virtual para o real
A advogada Tamisa Tiveroli (terceira a partir da esquerda) entre os amigos Fábio Ochiro, Gabriela Alves e Jean Gomes: do virtual para o real | Foto: Ricardo Chicarelli



A internet é a ferramenta mais poderosa já inventada em prol da amizade. Apesar de haver muitas críticas sobre o isolamento social que as novas tecnologias têm provocado, é inegável a aproximação que, paradoxalmente, elas proporcionam para quem está longe. E além de tornar muito mais fácil a manutenção de amizades à distância, ela também dá uma forcinha na hora de fazer novos amigos.

Mesmo depois de 10 anos morando na França, quando vem ao Brasil, em média a cada 18 meses, Eduardo Henrique Rodrigues não tem muito papo para botar em dia com os amigos. "A gente acaba falando de outras coisas, porque 80% do que se passou na vida deles já foi adiantado pela internet, seja pelas redes sociais ou pelo WhatsApp", afirma ele, que trabalha como governante em hotel.

Graças à tecnologia, segundo ele, hoje é possível se manter próximo dos amigos mesmo estando do outro lado do oceano, principalmente através de smartphones e aplicativos de troca de mensagens. "Claro que não é como se eu estivesse fisicamente próximo, mas ajuda muito. Nós compartilhamos muitas coisas do dia a dia. Quando eles estão reunidos, fazendo um churrasco, eles tiram uma foto e me mandam, ou gravam um vídeo da festa, da boate onde estão. Eu acompanho praticamente em tempo real o que eles estão fazendo", conta.
Antes, nos primeiros anos fora do país, Rodrigues lembra que não era tão fácil assim. Em 2006, segundo ele, as formas mais viáveis de comunicação eram o correio eletrônico e o MSN, programa de mensagens instantâneas que ficava restrito a computadores, ou seja, não era possível levar a qualquer lugar. "No começo, perdi um pouco da proximidade com os amigos do Brasil porque não era tão fácil como é hoje. Hoje, a gente se fala instantaneamente. A tecnologia aproximou as pessoas e eu resgatei amigos que eu não tinha mais nenhum contato. Agora, a gente só não se comunica com quem não quer", afirma.

Morando há dez anos na França, o governante em hotel Eduardo Rodrigues mantém contato intenso com os amigos no Brasil: "Acompanho praticamente em tempo real o que eles estão fazendo"
Morando há dez anos na França, o governante em hotel Eduardo Rodrigues mantém contato intenso com os amigos no Brasil: "Acompanho praticamente em tempo real o que eles estão fazendo" | Foto: Arquivo Pessoal



Novos amigos
A facilidade de encontrar pessoas com afinidades e interesses parecidos nas redes sociais também aumenta as chances de ampliar a rede de amigos fora do ambiente virtual. Que o diga a advogada Tamisa Domeneghine Tiveroli. Quando se mudou de Pato Branco para Londrina, onde não conhecia quase ninguém, ela achou que teria muita dificuldade de fazer novos amigos. "Eu já tinha feito faculdade, tinha uma certa idade, não ia ter um círculo de convívio onde pudesse fazer novos amigos", lembra.

Logo, ela entrou para uma comunidade virtual formada por pessoas interessadas em oferecer hospedagem para gente do mundo inteiro. "Um dia, o grupo decidiu marcar um encontro para nos conhecermos pessoalmente. Daí nasceu um grupo de cerca de 30 amigos muito unidos. Nos encontramos sempre, fazemos festas", conta. Com alguns, a proximidade é tão grande e real que até viajam juntos.

Além de ajudar na conquista de novos amigos, a tecnologia facilita para Tamisa a manutenção dos antigos amigos. "Até hoje, tenho vínculos com os amigos de Pato Branco, muito em virtude da tecnologia porque só viajo para lá duas vezes ao ano", conta. "Para mim, a internet fez muita diferença. Acho que a tecnologia facilita muito a aproximação com as pessoas. Só não podemos deixar que ela roube o tempo que passamos pessoalmente com as pessoas, porque isso é muito importante", pondera.