"Eu tenho muito prazer pela vida, eu queria que o dia fosse o dobro", diz Odilon Franco dos Santos, 87. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada
"Eu tenho muito prazer pela vida, eu queria que o dia fosse o dobro", diz Odilon Franco dos Santos, 87. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada | Foto: Saulo Ohara


Quem vê a energia do motociclista passando pela via não imagina que o capacete esconde as marcas de um senhor de 87 anos. Morando em Londrina, Odilon Franco dos Santos vive bem, viaja, curte a vida e conta suas memórias como ninguém. Nascido em 1930, detalha com altivez grandes momentos e mostra que envelhecer não é nada ruim para quem tem paixão pela vida.

Recém-chegado de uma viagem pela Europa, o leque de histórias ainda cresce. O ex-caminhoneiro ama conhecer lugares, já andou muito pelo Brasil, mas a última façanha foi a estreia no exterior. "As pessoas me perguntavam como eu tinha coragem de viajar sozinho para um lugar de cultura diferente, língua diferente", conta. Apesar do cansaço da viagem, afirma que conseguiu se virar bem e que já planeja novo destino. "Agora eu quero conhecer Buenos Aires, quero ver o tango", entusiasma-se.

A ideia da viagem veio da filha mais velha, após Santos ter perdido a esposa, há cerca de um ano. Ele vivenciou todo o processo da doença da companheira que esteve ao seu lado por 64 anos. Religiosamente a visitava na casa de repouso, ainda que ela não o reconhecesse mais. "Ela se esqueceu de tudo, mas eu não esqueci", diz.

Aventureiro de carteirinha, já foi de moto para Joinville (SC), onde mora um dos filhos. Também planeja visitar uma parte da família em Santos, mas vai de carro. "Eu não paro, eu viajo, visito parentes e ajudo os outros. Antes eu não podia fazer tudo isso, agora eu posso", diz. A questão física é que pesa um pouco. Santos lamenta que não consegue mais ajudar com cargas de caminhão, sua eterna paixão, por isso não trabalha mais. No entanto, ajuda os filhos no que for preciso: faz compras no supermercado, paga as contas, vai resolvendo o cotidiano, tudo sempre com a sua moto.



Envelhecer nunca foi um fardo, pelo contrário. "Estou melhor hoje, porque não tenho mais obrigação. Meus filhos estão crescidos, tenho minha aposentadoria... Tudo que eu faço agora, tive vontade antes", explica. A experiência de vida também o tornou mais calmo para tomar decisões. Mas para quem acha que ele nunca tomou um susto, Santos conta que tem três pontes de safena, teve pneumonia, ficou dois meses internado no hospital, mas superou. "Eu não penso em morrer, tomo meus remédios corretamente e estou indo muito bem, não vou mexer em time que está ganhando", ri.

O segredo da boa maturidade, segundo ele, é ter equilíbrio em tudo. E o quanto antes, melhor. "Eu fui fumante, mas já parei há 50 anos. Hoje eu faço minhas atividades físicas e me alimento bem, nada muito exagerado", afirma. Também acredita que ler, conversar, conhecer lugares e ter uma religião tornam a mente melhor. "Não parar e nunca abusar. Os jovens precisam ficar mais atentos a isso, vício nenhum é bom, essa coisa de celular está acabando com a vida deles. Tem que trabalhar, estudar, conversar", recomenda.

Aos desanimados, o octogenário demonstra que viver intensamente é questão de querer. "Eu tenho muito prazer pela vida, eu queria que o dia fosse o dobro, não gosto muito da noite", conta. Também acredita que o amadurecimento o deixou livre para aproveitar mais o tempo e que o limite da idade para se tornar idoso está equivocada. "Quem tem 60 anos é novo ainda, é muito pouco para ser chamado de idoso, dá para viver muito depois dos 60", incentiva.

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