Imagem ilustrativa da imagem A Páscoa além do coelho
| Foto: Roberto Custódio


Na casa da pequena Manuela Midori Scheller Seki, de 6 anos, o Coelho da Páscoa nem sempre traz chocolate, mas nem por isso deixa de ser um bichinho muito querido. Filha do publicitário Mário Seki – descendente de japoneses -, e da advogada Milena Scheller Seki – descendente de alemães e ucranianos -, Manuela aprende desde cedo sobre a diversidade e já se acostumou a diferentes maneiras de comemorar o domingo de Páscoa. "O coelho é muito legal, traz brincadeiras e felicidade", conta a pequena.

"O coelho dela não traz ovos de chocolate que ela vê pendurado no mercado. Nossa formação é cristã, mas o que procuramos mesmo é ensinar para a Manu o respeito às demais crenças, ainda mais porque na família do Mário existe um sincretismo entre o cristianismo e o budismo. Desde que nasceu, Manu participa de celebrações no templo budista (de morte, de aniversários etc), ao mesmo tempo que participa de missas e aprende sobre as demais manifestações religiosas", conta a mãe, que compra livros sobre temas diversos, como contos indianos, filosofia e mitologia para crianças, as diferentes formas que as religiões abordam a morte, entre outros.

Milena Scheller Seki com a filha Manuela, de 6 anos: "O coelho dela não traz ovos de chocolate que ela vê pendurado no mercado"
Milena Scheller Seki com a filha Manuela, de 6 anos: "O coelho dela não traz ovos de chocolate que ela vê pendurado no mercado" | Foto: Roberto Custódio



"Em 2015 foi a primeira Páscoa que introduzimos elementos históricos. Projetei uma Caça ao Tesouro, com dicas e pistas deixadas pelo Coelho da Páscoa, para explicar a ela a origem histórica da data e a importância religiosa, para falarmos sobre o sentido da Páscoa. Ela curtiu cada momento e ao final tivemos um instante de reflexão e alegria", diz Milena.

No ano passado a atividade foi desenvolvida junto com a avó materna, que fez com as netas bolachinhas pintadas segundo a tradição de família. "Foi um momento lindo proporcionado pela minha mãe, elas fizeram e pintaram todas as bolachas. No domingo cedo minha mãe preparou um delicioso café da manhã, onde tinha também casquinhas de ovos pintadas pela bisa e recheadas com amendoim, bem como chocolate e outras gostosuras para a família partilhar."



Sem excesso
Milena diz que não se importa que a filha ganhe ovos, mas combina com os familiares para não haver excesso. A menina já entendeu a importância de compartilhar e leva os chocolates para a escola para dividir com os colegas.

"É inevitável que ela ganhe. E pensando justamente nessa questão do respeito que temos à diversidade, entendo que os tios e avós queiram presenteá-la com ovos. Mas aos poucos vamos mudando isso. Minha mãe mesmo percebeu que as bolachas foram algo muito mais legal do que dar o ovo. Nós também compramos o chocolate e preferimos valorizar os chocolateiros locais. Temos uma grande amiga que faz e normalmente compramos um para a partilha entre a família. Manu curte a Páscoa por tudo o que ela representa e não pelo que ganha, por tudo o que vivenciamos e pelo clima de festa desta data", reforça.