Thaise Rampazzo, do distrito de São Luiz, começou com uma horta para o consumo próprio e hoje cultiva mais de 20 variedades isentas de agrotóxico. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumen
Thaise Rampazzo, do distrito de São Luiz, começou com uma horta para o consumo próprio e hoje cultiva mais de 20 variedades isentas de agrotóxico. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumen | Foto: Ricardo Chicarelli



O Paraná é o principal produtor de alimentos orgânicos do Brasil. Conforme levantamento do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a produção ultrapassa 130 mil toneladas por ano. Esses números são fruto de um trabalho de agricultura sustentável, também chamado de agroecologia, que começou a se desenvolver no início da década de 1980 como uma alternativa para pequenos agricultores.

Até então, a população estava limitada ao consumo de alimentos produzidos pela agricultura tradicional, que se caracteriza pelo uso intensivo de agroquímicos, cujas consequências vão da poluição de lençóis freáticos, solo e reservas florestais, a problemas na saúde humana.
"A agroecologia traz outro conceito. O foco passa para a interação do ser humano com o meio ambiente de forma equilibrada", exemplifica o engenheiro agrônomo e pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Luis Artur Bernardes da Rosa.

O Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos (PPCO) é o único sistema público do País a capacitar produtores e certificar a produção de alimentos orgânicos. Este programa é descentralizado, envolve vários órgãos do governo e está próximo do produtor rural por meio de projetos de pesquisas em universidades. Na região de Londrina, o programa é coordenado pelo Núcleo de Estudos de Agroecologia (Neagro) da UEL.



Os números demonstram a forte expansão das técnicas da agroecologia no Estado. "No início eram sete propriedades certificadas na região, agora são 30. Outras 30 estão em processo de certificação, que é bastante longo, chega a durar dois anos", conta o coordenador do Neagro, Maurício Ventura.

Uma das novas iniciativas vem do Sítio Água Boa, no Distrito de São Luiz. A família Rampazzo cultiva em dois hectares mais de 20 variedades de frutas e hortaliças isentas de agrotóxico.
"A gente sempre teve a horta para consumo próprio. Mandávamos muitas verduras para amigos em Londrina, até que um deles apresentou a ideia. Passamos a estudar e implantar o conceito, já que não usávamos agrotóxicos e temos mina d’água na propriedade", explicou a agricultora Thaise Rampazzo. O selo de produtor orgânico deve ser emitido este mês para os Rampazzo.

Atualmente, a família tem mais de 30 clientes fixos. Basta uma mensagem de celular para as cestas serem entregues em domicílio. "É muito prático", afirmou a psicóloga Aparecida Schaefer, que é cliente assídua do Sítio Água Boa. "Trata-se de uma opção de vida. Envelhecer com qualidade é o que busco e a alimentação faz parte desse processo. Me alimentando melhor, a vida será melhor", observou.

O Programa Paranaense de Certificação de Produtos Orgânicos tem uma característica importante: 86% das propriedades rurais têm área inferior a 50 hectares. Em Londrina, oito produtores têm selo do PPCO.