O professor Cristiano Simon se tornou pai de Mateus, 5, depois de quase sete anos na fila da adoção: "Quando ganhamos um filho vem uma rede de solidariedade junto"
O professor Cristiano Simon se tornou pai de Mateus, 5, depois de quase sete anos na fila da adoção: "Quando ganhamos um filho vem uma rede de solidariedade junto" | Foto: Fábio Alcover



Há pouco mais de dois anos, Mateus, 5, chegou para completar a vida do professor Cristiano Simon. Ele se tornou pai aos 53 anos, depois de quase sete anos na fila da adoção.

"Aos 40 e poucos anos decidi que queria ser pai. Foi um longo tempo de reflexão e terapia, um processo muito bem pensado. Eu já tinha uma vida estabilizada e mesmo sendo solteiro, percebi que poderia adotar. Dei entrada nos papéis e aguardei quase sete anos para ele chegar", conta.

Segundo Simon, com a chegada de Mateus toda sua rotina mudou, mas a sensação é que nada existiu antes da chegada do filho. "Ele é muito carinhoso, doce e também peralta. Se o Mateus perde por não ter um pai de 20 anos que corra atrás dele, ganha por ter alguém com a cabeça mais resolvida. É claro que a gente não tem a real noção do que é ser pai. Por mais que se pense como vai ser, é diferente. Existem perdas, mas também as compensações: o carinho que a gente ganha, a companhia."

Se hoje já não é tão simples apagar as luzes, fechar a porta e sair para viajar, por exemplo, há muita diversão e atividades em conjunto. Morando em apartamento, Mateus e o pai adoram visitar os amigos em uma chácara e passar tempo na casa com enorme quintal e muitos pets que a família tem nos arredores de Londrina. O pequeno é apaixonado por cinema e alguns passeios dão direito a se divertir nos brinquedos do shopping também.

"Eu acordo pensando no que vou fazer no dia segundo as necessidades dele. Tento atendê-lo ao máximo, antes de mim. Me incomodo quando dizem que ao adotar estamos fazendo uma caridade, ou fazendo o bem para a criança. Ele fez muito mais bem a mim, na verdade", explica o pai.

Distante 500 quilômetros da família, o professor conta com uma rede de apoio para cuidar de Mateus. No dia a dia, ele se organiza para passar o máximo de tempo com o filho. Além da licença de seis meses ao adotar o garoto, o professor passa as manhãs com o filho e trabalha à tarde, enquanto Mateus está na escola. Em duas manhãs e duas noites que precisa trabalhar, conta com uma vizinha e amiga para ficar com Mateus.

"Ele gosta muito dela, tem uma ligação muito legal, assim como com uma outra amiga nossa. Também tenho a minha diarista, que vem duas vezes na semana. E há uma troca, quando necessário também cuido dos meus afilhados. Estou distante da minha família, mas fui adotado por várias outras."

Simon diz que sempre se sentiu um pouco pai e mãe, por ser professor. Hoje, trabalhando com a formação de outros professores, avalia que ser pai é algo completamente diferente.

"A ideia de ter alguém ligado a você, mesmo que seja na África ou qualquer outro lugar, que você pode telefonar e conversar, é fantástico. É uma responsabilidade enorme, dá medo. Durante o processo de adoção eu tive câncer, pensei em ir ao Fórum e cancelar o pedido. Mas meu médico me aconselhou a não fazer nada que pudesse me arrepender depois. E seis meses após a minha cura, Mateus chegou. Meu único receio era de que eu viesse a faltar, mas já providenciei tudo nesse sentido. Quanto ao resto, quando ganhamos um filho vem uma rede de solidariedade junto!"