"Meu trabalho dentro da entidade é elevar a odontologia a um patamar que seja respeitado", resume o presidente da AONP
"Meu trabalho dentro da entidade é elevar a odontologia a um patamar que seja respeitado", resume o presidente da AONP | Foto: Saulo Ohara



Modernizar a AONP (Associação Odontológica do Norte do Paraná), investir na capacitação contínua dos profissionais e ainda promover a socialização dos membros são alguns dos objetivos da nova diretoria da entidade, que tomou posse no ano passado. À frente da equipe está o dentista Marcos Guskuma, especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial.

Nascido em Cambará, no Norte Pioneiro, ele conta que veio ainda criança para Londrina. Tornar-se dentista não era um sonho inicial, mas estava nas suas aptidões, já que sempre pensava em cursos na área da saúde. "Na hora de escolher uma profissão fiquei entre medicina, odontologia e psicologia. Já tinha profissionais que conhecia e que me inspiraram a seguir essa área", conta ele, que se formou pela UEL (Universidade Estadual de Londrina)

Depois de formado, Guskuma foi fazer residência no HCL (Hospital do Câncer de Londrina) e se especializou na área de cirurgia e traumatologia, um vasto campo de trabalho. "Vai desde cirurgias menores, que são feitas em consultório, como extração dentária, remoção de uma lesão e implantes, procedimentos que são feitos com anestesia local. Também há as cirurgias maiores, como um paciente que sofreu um trauma e fraturou a mandíbula ou até a região de órbita (dos olhos), o que é feito em ambiente hospitalar, com anestesia geral. Outra área é a da reconstrução e enxertos, como no caso de um paciente que foi mutilado. Trabalhando no HCL vemos muito isso, um paciente que teve um tumor e teve que tirar um pedaço e a reconstrução é feita depois, para deixar o paciente como era antes ou o mais próximo disso. Aqui entram enxertos ósseos, próteses customizadas, próteses de titânio que entram no lugar do osso, é uma área vasta de atuação. E por fim temos as cirurgias ortognáticas, que são cirurgias em que mudamos a posição óssea, como no caso de pacientes que têm queixo ou tem o queixo protruído, você muda a posição do osso", detalha.

Guskuma diz que depois da residência no HCL foi para Araçatuba, no interior de São Paulo, para fazer o mestrado. Na sequência fez o doutorado e voltou para Londrina, onde passou a integrar o corpo de médicos do HCL. "Como fiz a residência lá, as coisas foram se encaminhando e eu gosto muito de atuar nessa área."

Foi também na volta dos estudos que Guskuma e a esposa, a dentista Lorenna Couto Guskuma se tornaram voluntários da ONG Viver, onde ela é a atual presidente. Segundo ele, a escolha não teve a ver com o fato de trabalhar no HCL, mas sim com a vontade de ajudar. "Já conhecia a ONG antes, pelas notícias e nunca tive condição de ajudar porque estava morando fora. Quando voltei do doutorado sugeri para minha esposa de começarmos um trabalho lá e ela topou na hora. Começamos juntos a ser voluntários e depois de um tempo ela foi convidada a ser presidente."

Embora a instituição conte com dentistas voluntários, ele explica que o casal optou por exercer outras funções. Enquanto ela se ocupa da recreação com as crianças, ele prefere trabalhar montando cestas básicas. "Para mim é muito gratificante, é um trabalho meio braçal, mas era o perfil para mim. Eu queria fazer algo que não tivesse nada a ver com odontologia, até porque alguns pacientes da ONG eu acabo operando no HCL. O nosso dia a dia já é no consultório, parece que fica maçante, por isso preferimos outra área", justifica.

Tendo voltado recentemente da Alemanha, onde passou um mês acompanhando cirurgiões da Universidade de Freiburg, ele afirma o Brasil está bastante nivelado com outros países, perdendo apenas em termos de equipamentos que ajudam nos procedimentos. "Eles facilitam, mas dá para fazer sem. Tem coisas que fazemos até melhor que eles."

ASSOCIAÇÃO ODONTOLÓGICA
Sócio da instituição desde quando era acadêmico, Guskuma conta que sempre gostou de participar das atividades, por isso aceitou o convite para a diretoria, mesmo com a rotina de consultório, professor universitário e agora pai do pequeno Heitor, nascido há menos de um mês.

Um dos objetivos da nova gestão é implantar o planejamento estratégico que trará uniformidade nos atos e também nortear as ações. Outra inovação é a diretoria acadêmica, que busca justamente atrair os futuros profissionais para a instituição e agregar seus conhecimentos.

"A associação tem 70 anos, mas toda entidade precisa se modernizar, senão não consegue se sustentar, atingir seus objetivos. Precisamos da experiência dos mais velhos, mas há também os jovens. Acho que consegui trazer um pessoal jovem para atuar e acredito que eles vão fazer a diferença", destaca.

Outro objetivo é unir a classe profissional e cuidar da valorização da classe. De acordo com Guskuma, quanto mais unidos, mais se ganha coletivamente e condena os profissionais que burlam a ética na intenção de ganhar mercado. Além de reuniões sociais, ainda foi criado um grupo de estudos multidisciplinar, que se reúne mensalmente com o objetivo de estudar tópicos que possam interessar a dentistas de todas as áreas. "Meu trabalho dentro da entidade é elevar a odontologia a um patamar que seja respeitado", destaca.