O bom-humor e o jogo de cintura na hora de responder as mais indecorosas questões sexuais são sem sombra de dúvida um dos motivos que fizeram com que Laura Muller se tornasse a sexóloga mais requisitada e famosa do País.
Soma-se a isso uma formação e currículo de pesos. Na madrugada de todos os sábados, Laura é presença certa no programa ''Altas Horas'', de Serginho Groisman, na Rede Globo. Em seu quadro, ela responde as mais diversas e ''cabeludas'' dúvidas do público presente.
''É muito gostoso fazer esse programa. As perguntas que os jovens trazem são bem-humoradas, sem contar o clima que é muito divertido. Dá para fazer uma educação sexual de qualidade, em um clima superdivertido. Quem assiste acaba gostando também. E tudo isso ajuda a falar de sexo - que é um assunto tão tabu - de uma forma franca, esclarecedora e aberta'', destaca.
Formada em comunicação social, seus primeiros trabalhos foram no jornal Folha de S.Paulo e, em seguida, na Folha da Tarde. De lá seguiu para a revista Claudia, onde atuou como editora de sexo e comportamento. A experiência, de 1997 a 2001, fez com que Laura ingressasse em uma pós-graduação em educação sexual.
''Naquela época o assunto era ainda mais complexo e eu precisava de mais embasamento teórico para trabalhar com esse tema'', lembra ela, que ainda foi colunista do Jornal Agora São Paulo e teve publicações em várias revistas, entre as tantas: Nova, Capricho, Marie Claire, Elle, Veja, Nova Escola, VIP, Vogue Homem, Playboy e Uma. Atualmente escreve para a Revista Dia a Dia e o site iGirl.
Simpática e dona de uma maneira simples de ser, Laura não para! Formada também em psicologia, ela atende em seu consultório crianças, jovens e adultos. Como escritora, já publicou três livros: ''500 Perguntas Sobre Sexo'', ''500 Perguntas Sobre Sexo do Adolescente'' e seu mais recente ''Altos Papos Sobre Sexo - Dos 12 aos 80 anos''.
''Eu gosto muito do que faço e tento não excluir as possibilidades de atuação com esse tema sexualidade, mas confesso que tenho ficado menos dias no consultório para abrir um pouco mais a minha agenda para dar palestras pelo Brasil. E isso demanda muito tempo. O programa eu gravo uma vez por semana e, em meio a tudo isso, encaixo tempo para escrever colunas, artigos, livros. Isso faz parte da dinâmica de psicóloga e educadora sexual que eu sou'', conta.
E é em virtude das palestras ministradas por todo Brasil que Laura Muller vem se tornando ainda mais popular. Com inteligência e sensibilidade para tratar do assunto sexo, ela faz mini-palestras com o tema ''Fetiche, calçados e o prazer''. Em Londrina, ela esteve neste mês, na Capodarte.
''A mulher quando sobe em cima do salto se sente mais poderosa. O calçado dá uma postura, eleva o bumbum e os seios. Essa postura é muito erótica aos olhos dos outros. A mulher fica mais sensual. Já o fetiche é a atração erótica que a gente sente por uma parte do corpo, uma peça do vestuário. Essa palestra está percorrendo o Brasil inteiro. Foram 17 no primeiro semestre e já temos mais 30 para o segundo semestre deste ano. É um tema que mexe muito com a imaginação'', explica.
Embora esclareça o assunto de uma forma sem preconceitos em uma sociedade conservadora que vê o tema sexo ainda como tabu, Laura faz um alerta sobre a banalização do sexo.
''Vivemos em um momento em que muitas pessoas acham que o sexo é como um tapinha nas costas. E não é! Sexo é algo importante e especial para vivermos com uma pessoa especial. E às vezes a fila anda rápido demais, não só entre os jovens, mas também entre os adultos. Precisamos ver qual o valor que damos para o sexo em nossa vida, para que possamos olhar com bons olhos, lembrando que só temos esse corpo e precisamos cuidar bem dele. Só temos um emocional, e ele também deve ser cuidado'', pondera.
E continua: ''Precisamos repensar as relações tão descartáveis que a gente vive. Tudo bem que você tenha sexo sem compromisso, relações não fixas, mas a questão é pensar um pouco mais, avaliar mais se não estamos banalizando demais a nossa sexualidade.''
Avessa a expor sua intimidade, Laura, que é divorciada e se mantém bela aos 41 anos, já foi cogitada para posar nua, mas descartou a possibilidade no primeiro convite. ''Na minha profissão não tem cabimento''.
Em meio a uma agenda tão frenética, confessa que cuida da beleza de uma forma diferente, porém muito especial. ''O cuidado que tenho e acho que toda pessoa deveria ter é ver o que mais se encaixa no seu jeito de ser, e não se apegar apenas à beleza externa. Nem tudo se resolve apenas com um bonito rosto e uma roupa bonitinha. Cuidar da beleza para mim é cuidar do corpo e da saúde sim, e de uma maneira prazerosa, mas é também estar atenta a questões emocionais'', contextualiza.