Imagem ilustrativa da imagem O doutor dos animais
| Foto: Ricardo Chicarelli
O "papis" Alexandre Rossi e sua filha mais ilustre, a Estopinha, estiveram em Londrina para falar sobre a relação entre humanos e pets


Zootecnista, especialista em Comportamento Animal, mestre em Psicologia, graduando em Medicina Veterinária, empresário, autor de diversos livros, apresentador de rádio e televisão, "papis" da Estopinha e do Barthô. O currículo de Alexandre Rossi – também conhecido como Doutor Pet -, é extenso e pelo menos grande parte dele é conhecido por seus fãs e seguidores. Embora muito do seu dia a dia seja acompanhado pelas redes sociais, há diversos fatos sobre ele que poucas pessoas sabem, como a timidez que faz com que, ainda hoje, ele se refugie no banheiro mesmo em reuniões familiares.

Rossi esteve em Londrina na semana passada à convite da UniFil e do Catuaí Shopping para uma palestra sobre a relação entre humanos e pets. Na companhia de sua fiel escudeira, a cadelinha Estopinha, ele surpreendeu ao dizer que demorou a descobrir que o adestramento seria sua carreira profissional e que até já foi expulso do Kenel Clube de São Paulo por causa de seus métodos de trabalho.



Filho de uma bióloga e um psiquiatra psicanalista, Rossi conta que desde criança trocava a companhia de outras crianças para ficar com os animais. Aos seis anos começou a ensinar truques para os peixes que havia ganhado de aniversário. "Eu estudava em um colégio que proibia assistir televisão. O pessoal brinca que eu aprendi a me comunicar com os peixes porque não tinha televisão. Mas na verdade foi uma coisa muito simples – tocar um sininho para pedir comida. Era um tampão de ouvido que eu amarrei em uma cordinha e amarrei num sino. E ai associei o tampão de ouvido com comida. Um peixe oscar agarrava o tampão de ouvido, porque queria comer o tampão, sacudia e tocava o sino. E quando ele tocava o sino eu dava comida, então dava certo", explica.

O adestrador diz que estava se preparando para prestar vestibular para o curso de medicina – porque não sabia que curso prestar -, quando decidiu cursar zootecnia. Já preocupado com o bem-estar animal, ele trabalhou em algumas fazendas, ensinando técnicas aos peões para mudar o gado de pasto, sem causar estresse nos animais. Outra incursão no mundo agropecuário foi com um portal, que não teve muito sucesso.

Frente aos sucessivos pedidos dos amigos para adestrar cães, ele acabou aceitando, mas ainda não via isso como uma atividade profissional. Foi então que Rossi foi convidado a participar de competições com cães e acabou como voluntário no Kenel Clube São Paulo.

"Comecei a ganhar campeonatos com os cachorros que a gente treinava. Foi um período engraçado, eu fui expulso porque estava 'viciando' os cachorros em carinho, petisco e brinquedo. Na época não se adestrava dessa forma. Então escrevi um livro falando das vantagens de se ensinar assim. De expulso do Kenel Clube eu virei diretor. Foi super legal porque eu fui reconhecido no Kenel Clube, eles me ajudaram a divulgar o trabalho, comecei a dar palestras e chegou uma hora que eu me vi totalmente rodeado de bicho. Só ai pensei que ia ser minha profissão."

A partir dai o zootecnista se tornou cada vez mais conhecido, participando de diversos programas de televisão. Fez mestrado em Psicologia, onde estudou a capacidade de os cães se comunicarem com seus tutores, com sua primeira parceira canina, Sofia, que faleceu em 2014, vítima de um câncer.

Depois de Sofia vieram Estopinha e Barthô, adotados em abrigos. Para os fãs de gato, Rossi conta que ele e a esposa, Cynthia Macarrão, já estão se preparando para adotar um gato. "Primeiro tenho que fazer uma adaptação (em casa) porque moro em uma cobertura e já telei uma boa parte, mas mesmo achando que está seguro, tem de parecer seguro. E quero achar um gato muito destemido porque muita gente vai em casa, a gente grava, os dois cachorros fazem uma bagunça, eu quero um gato que fique totalmente à vontade nesse ambiente", explica.

Com tantas atividades, Rossi se desdobra para cursar Medicina Veterinária e participar de diversos congressos mundo afora. "Comecei a me envolver com a área acadêmica e decidi nunca mais largar os estudos, as pesquisas, porque via que a ciência olha para as coisas com muito mais critério, tem metodologia. A faculdade eu vou fazendo aos poucos, é um projeto a longo prazo." Ele também ainda trabalha adestrando alguns animais, em casos especiais que são mostrados na televisão, pelos quais não cobra.

Aliás, a fama não foi uma escolha e é até algo desconfortável devido à timidez, mas ele conta que participar dos programas foi a maneira que encontrou de levar informação ao maior número de pessoas. "Lidar com o público não foi uma escolha natural, mas quando você faz e vê que atinge tanta gente e pessoas de qualquer nível social, de graça, eu amei. Eu luto com a timidez a minha vida toda. Claro que algumas coisas foram ficando mais fáceis, mas coisas que deveriam ser completamente tranquilas, como um almoço com a família toda, não são. Às vezes eu vou para o banheiro, me fecho um pouquinho ali. As pessoas não conseguem entender isso", afirma.