"Adoro ter a vida que tenho, fazer personagens diferentes, mas também curto acordar em casa e ter o pé no chão, passear com a minha filha e levá-la à escola", diz Grazi Massafera, 35
"Adoro ter a vida que tenho, fazer personagens diferentes, mas também curto acordar em casa e ter o pé no chão, passear com a minha filha e levá-la à escola", diz Grazi Massafera, 35 | Foto: Globo/Raquel Cunha



Lívia, personagem interpretada por Grazi Massafera na novela "O Outro Lado do Paraíso" (Globo), carrega um ar sombrio. O visual acompanha essa "pegada", mas incluiria cabelo preto. No entanto, a atriz conversou com a equipe do folhetim e conseguiu adotar um tom puxado para o castanho. Segundo Grazi, a personagem é estranha e tem problemas em função da criação que recebeu da mãe, Sophia (Marieta Severo), a grande vilã da trama. Assim, Lívia também fará maldades com Clara (Bianca Bin), a esposa de Gael (Sergio Guizé).

Na entrevista a seguir, a atriz, natural de Jacarezinho, no Paraná, fala sobre o fato de a personagem não poder ter filhos, seu envolvimento com o médico Renato (Rafael Cardoso), de como a infância influencia suas vilanias e, ainda, se acredita na lei do retorno, que é uma das temáticas da novela. Aos 35 anos, Grazi também comenta sobre o desejo de ser mãe novamente

- Em "O Outro Lado do Paraíso", Lívia age de um jeito passional. Por quê?

É uma família meio estranha. Lívia é um pouquinho doentinha, muito ciumenta. O personagem do (Sergio) Guizé também é bastante possessivo e isso tem a ver com esse núcleo. Em algumas cenas, puxo um pouquinho dele pra mim. Vejo a Marieta (Severo) e tento absorver isso dela e entender a criação da Lívia.

- Na trama, a Lívia vai se envolver com o Renato, que, na verdade, ama a Clara. O que você espera dessa relação?

O Renato se encanta com esse jeito da Lívia, meio sem regras. Tem um lado de menina selvagem que encanta os homens. Mas, quando ele convive com essa pessoa, descobre que é difícil. Ter relação com esse tipo de gente é mais complicado e eu acho que isso é o que vai acontecer.

- A Lívia chega a ser depressiva em alguns momentos?

Acho difícil segurar uma personagem depressiva até o fim, então uso mais o humor. Estou brincando com esses momentos porque taxar um personagem como "deprê" por seis meses de novela seria um saco para assistir, não dá. Tento mesclar. Lívia tem problemas psicológicos, é filha dessa mãe, tem um pai que morreu, um irmão violento... Todo mundo ali tem uma agressividade no jeito de lidar com a vida.

- Lívia desenvolverá uma relação intensa com o filho da Clara e chegará a roubar a criança. Como isso acontecerá?

A Lívia não pode ter filhos. Isso não justifica ela roubar o de alguém, mas não podemos nos esquecer que ela não é uma mocinha. Olha, eu até a classifico como mocinha, mas uma que não deu certo. Que tenta ter boas atitudes, só que algo mais forte a impede. Tem uma cena linda, de quando a Clara descobre que está grávida. Todas as sensações são sentidas pela Lívia, como se ela mesma já estivesse esperando um filho. Ali, ela engravida. É uma doença, não é? Acho que a personagem faz parte de um grupo de pequenas psicopatas.

- Para interpretar a personagem, você mudou o visual. Como foi o processo de adaptação?

Depois do convite, veio a informação de que eu ia pintar o cabelo de preto. Eu disse que preto, nunca! Falei que não precisava, porque se a gente colocasse um tom mais escuro já ia dar um efeito diferente. E deu! Quando tingi, estava bem escuro, perdi realmente a identidade. Passava no espelho e levava aquele susto! Agora, estou me sentindo linda (risos).

- "O Outro Lado do Paraíso" fala sobre a lei do retorno. Você acredita que ela realmente existe?

Eu acredito muito na lei do retorno! Por isso que não forço nada. Tem gente que é vingativa, eu não sou. Acho que a vida já se encarrega. Acredito que a energia que você passa é a que recebe de volta e que a gente tem de tomar cuidado. Tenho consciência e até tento me melhorar para que voltem coisas boas.

- Você vive uma ótima fase na carreira, depois de ter sido muito desacreditada no início. Como se sente?

Esforço e dedicação não são em vão quando são genuínos. Não perco tempo tentando provar nada para ninguém, porque me cobro. Sou assim comigo desde pequena. Quando entrei para o vôlei no colégio, era muito magricela e escutei a mulher do treinador dizendo: "Nossa! Essa daí não consegue nem segurar a bola, tira ela". Me magoou. Estava com 12 anos de idade e não se fala isso para uma criança. Poderia ter levado para um lado negativo, mas transformei em motivação e virei capitã do time depois de seis anos. Fomos campeãs duas vezes no Paraná. Essa é uma história que prova que, desde pequena, tento me superar. A responsabilidade aqui (na novela) é pesada, o ritmo de trabalho é grande e a imprensa cobra. A gente se coloca em uma posição de destaque, também leva tiro às vezes. Tudo tem um preço, mas também traz seus benefícios.

- Existem boatos de que você quer ser mãe novamente. São verdadeiros?

Não há nada planejado, mas tenho uma vontade real de ter outro filho. Sou totalmente maternal, mas não tenho data. Muitas coisas estão acontecendo no meu trabalho. As pessoas que me acompanham sabem disso e também o quanto eu batalhei para estar nesse momento de tanta atividade.

-Você acha que se tornou a mãe que sonhou ser?

Sim. Tenho a minha mãe como um exemplo muito bonito. Ela sempre foi parceira. Mas, ao mesmo tempo, soube manter o controle. Quando se vira muito amiguinha do filho, tem de cuidar para não perder a autoridade. Minha mãe conseguiu esse equilíbrio e falar comigo sobre todos os assuntos polêmicos de uma maneira simples.

- Depois de todas as suas conquistas, o que mais desafia você agora?

O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, que inclui demais a maternal. Você faz uma novela que é um sucesso e, aí, já querem te escalar de novo. Tem de saber dizer que precisa cuidar da família, até para poder voltar melhor depois. Quando falo em dar um tempinho, é para não emendar tanto. Adoro ter a vida que tenho, fazer personagens diferentes, mas também curto acordar em casa e ter o pé no chão, passear com a minha filha e levá-la à escola.