Isadora Schimiti Voltarelli esteve entre os seis jovens de diferentes nações, selecionados para o programa de intercâmbio da Chalmers University of Technology, em Gotemburgo
Isadora Schimiti Voltarelli esteve entre os seis jovens de diferentes nações, selecionados para o programa de intercâmbio da Chalmers University of Technology, em Gotemburgo | Foto: Gustavo Carneiro



A Suécia é um dos melhores países para viver, no Top 10 dos mais felizes do mundo, de acordo com o ranking 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU). Razões não faltam para tanta felicidade dos súditos da monarquia nórdica, que também é modelo de cidades sustentáveis.

Conceito de inovação que Isadora Schimiti Voltarelli, aluna do 4º ano de Arquitetura e Urbanismo da UniFil, conheceu ao participar de um intercâmbio para interessados em programas de mestrado naquele país.

A londrinense foi uma dos seis jovens de diferentes nações, selecionados entre 12 mil inscritos para o programa de intercâmbio da Chalmers University of Technology, em Gotemburgo, com visita ainda a Estocolmo, capital da Suécia.

Quem é mais ligado em Moda e Economia, quando se fala na Suécia, vem à mente medalhões da indústria do fast fashion, padrão de produção e consumo no qual os produtos são fabricados, consumidos e descartados.

Porém, a inovação e a sustentabilidade têm sido incorporadas no dia a dia dos suecos que, assim como aderiram às lojas de roupas de segunda mão, se orgulham de ter cidades, como Estocolmo, que planejam reduzir o uso de combustíveis até 2050.

A própria Gotemburgo, visitada pela londrinense em maio, é considerada uma das sociedades mais bem organizadas do mundo, além das belezas naturais e arquitetônicas.

Para conhecer tudo isso, Isadora enfrentou uma seleção pesada de quatro provas em que foi a única escolhida de Arquitetura e Urbanismo e de uma universidade privada. Os demais eram estudantes de Engenharia da Grécia, Colômbia, Indonésia e Índia.

"Gotemburgo é a cidade dos sonhos. Todas as pessoas andam de transporte público, que é muito eficiente. São cinco faixas nas ruas para pedestres, ciclistas, veículos leves sobre trilhos (VLT), que percorrem toda a cidade, ônibus e carros. Projetos que foram desenvolvidos pela universidade. A sustentabilidade está em tudo, como por exemplo, eles costumam reciclar o uso de bicicletas. Quando não querem mais um modelo, passam para outra pessoa", comenta a londrinense, acrescentando que os suecos ficaram surpresos ao saber que no Brasil os motoristas transitam sozinhos nos carros.

No campus Lindhomen da Chalmers, Kuggen é um ícone de sustentabilidade. Inaugurado em 2011, o prédio foi projetado pelos arquitetos da Wingarth Architecture. O próprio Gert Wingarth foi aluno da universidade.

O colorido faz sorrir, mas são o formato em engrenagem industrial, inspirado nos traços do renascimento italiano, e janelas triangulares que destacam a inovação em projetos sustentáveis, permitindo a entrada de luz a qualquer hora do dia.

"Essa preocupação está na relação que os suecos têm com a qualidade de vida. Lá, quando faz sol, você pode parar de trabalhar para tomar sol. A carga horária de trabalho é de 40 horas semanais. É possível cumprir essas horas e folgar o resto da semana. Shoppings, escolas e universidades não abrem à noite para que se dediquem à família", conta a estudante.

Isadora ficou impressionada com a qualidade do ar da cidade e como o planejamento urbanístico ajuda nos bons níveis. Chamou a atenção que as edificações são baixas, o que favorece a circulação de ar, que se mantém mais puro.

"Também não se ouve barulhos de motor de carros e buzinas. A coleta de lixo é uma das mais rigorosas do mundo. Se o lixo orgânico, por exemplo, não estiver de acordo com as especificações do governo, não é recolhido. O contribuinte paga taxa de recolhimento proporcional à quantidade gerada", afirma Isadora.

A londrinense se encantou ainda com a integração entre o meio acadêmico e a sociedade. Alunos desenvolvem produtos para grandes empresas em laboratórios da universidade.

A Suécia impõe outros desafios globalmente, além da sustentabilidade, como constatou Isadora. No país, todos têm os mesmos direitos, oportunidades e obrigações, independentemente de orientação sexual, gênero, raça, deficiência ou idade.

"Foi uma das coisas que mais achei interessante, a preocupação que o país tem com a inclusão. Não interessa o sobrenome ou que você faz. Se é um médico, não gosta de ser chamado de doutor somente pela formação. Quando um grupo está falando em sueco e chega um estrangeiro, imediatamente muda para o idioma inglês, incluindo na conversa quem vem de fora. É também uma maneira de se preocupar com o futuro do mundo", conclui.