"Tudo que você faz com amor, com fé, com honestidade, o sucesso vem com certeza. E tem vindo muitas bençãos", diz Sirlei Cabral, proprietária de uma loja virtual de acessórios para cabelo
"Tudo que você faz com amor, com fé, com honestidade, o sucesso vem com certeza. E tem vindo muitas bençãos", diz Sirlei Cabral, proprietária de uma loja virtual de acessórios para cabelo | Foto: Aron Mello/Divulgação



A empresária Sirlei Cabral, de Joaquim Távora (Norte Pioneiro) definitivamente não é alguém que se acomoda com o sucesso. Vencedora da categoria Microempreendedora Individual da 13ª edição do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, realizado no final de setembro, em Curitiba, a paranaense é proprietária da loja virtual de acessórios para cabelo "Boutique Chique" e já expande seus negócios para roupas infantis e adultas.

A empresa foi crescendo aos poucos, sem recorrer a financiamento e hoje é sólida, com maquinário todo novo. A empresária diz que tem cuidado ao investir nos materiais, comprando o tecido aos poucos, principalmente se ele for em cores da moda. As peças também são feitas sob encomenda, o que evita que fiquem encalhadas na troca de estação. "Tem que ter um alicerce e subir de degrau em degrau. Se a pessoa quer começar lá de cima o tombo é mais duro", diz ela.

A empresa começou de maneira bastante informal, há sete anos. Uma de suas filhas tinha uma loja virtual onde vendia acessórios com flores para cabelo e ficou doente. Cabral assumiu a loja, ao mesmo tempo em que trabalhava em sua serigrafia. "Ela recebeu muitos pedidos, comecei a ajudar. Vi que eram muitos os pedidos e que podia ser uma boa fonte de renda. No inverno ela me pediu para fazer boinas, já que os pedidos de flores caía. Eu procurei mas não existiam moldes, fui olhando fotos na internet, testando e após várias peças consegui fazer uma que ficasse boa. Colocamos as fotos no Orkut, fomos fazendo outros modelos e os pedidos foram chegando", explica.

A produção passou a contar também com turbantes e lenços para o verão. Com o passar do tempo a empresária percebeu que muitas de suas clientes eram mulheres que passavam por tratamento contra o câncer e viam nos acessórios uma forma de minimizar o desconforto com a queda dos cabelos.

"Quando a pessoa encomenda muitas peças percebemos que é por causa de tratamento e enviamos o mais rápido possível. A mulher fica deprimida, a autoestima cai. Eu converso com elas, pergunto qual o estilo delas, elas pedem dicas do que fica melhor segundo a cor da pele, mando brindes. A gente fica amiga no WhatsApp, no Facebook, elas me telefonam. Algumas vezes a pessoa se vai, é a parte triste da minha história. Eu fico arrasada, porque a gente cria vínculo de amizade. Eu faço isso com o maior prazer. E tudo que você faz com amor, com fé, com honestidade, o sucesso vem com certeza. E tem vindo muitas bençãos."

Há três anos Cabral se tornou uma doadora do Hospital do Câncer de Londrina (HCL). Ela diz que devido ao controle de qualidade começou a acumular peças com pequenos defeitos. Um dia, ao vir para Londrina, percebeu que poderia doá-las para os pacientes em tratamento no hospital. "É a ação social da nossa empresa. No primeiro ano doamos 100 peças, agora doamos em média 500, no verão e no inverno. Esperamos chegar a mil peças. Há também quem doe tecido para que nós fabriquemos as peças para doação", conta. Nesse ano as peças da empresa chegaram um pouco mais longe, em uma campanha conjunta com a Rádio Caiobá, onde 450 turbantes estão sendo entregues nos hospitais Champagnat e Erasto Gaertner, de Curitiba.

A empresária está sempre buscando formas de inovar e por isso dedica várias horas em pesquisa sobre novos produtos. Atualmente a loja comercializa roupinhas para pajem de casamento, com o traje completo, da boina à calça ou bermuda, e ela já planeja a venda dos vestidos para as daminhas. Outra novidade serão as roupas plus size, para o ambiente de trabalho. "Roupa do dia a dia muita gente faz e roupa para festa a pessoa vai usar uma vez só, ou alugar. Por isso meu foco será o chic de escritório."

Com o auxílio de três costureiras, das duas filhas – que produzem as fotos para divulgação das peças na internet, da mãe - que cuida do controle de qualidade e até do marido, Cabral diz que o segredo é não ficar parada. "Sou persistente. Dá errado? Claro que dá. Já fiz curso de perfume, de sabonete. O erro das pessoas é esperar o negócio parar de vender. Antes de parar eu já vou introduzindo outros produtos, minha loja conta com mais de 70 opções. Busco oferecer aquilo que ninguém mais oferece. Outro erro é todo mundo querer vender algo que tem alguém vendendo e ganhando dinheiro. Aí divide os clientes. A internet ajuda bastante. Se você procurar por algo e não achar, é nisso que você deve investir", ensina.

A empresária aponta que o prêmio do Sebrae foi um reconhecimento por todo seu trabalho e o auxílio recebido foi fundamental para o negócio. Através do Sebrae ela aprendeu a calcular o valor da hora trabalhada e o preço final para a venda, entre outras coisas.

"Vim de uma família pobre, trabalhei como boia-fria, empregada doméstica, balconista, decoradora. Me casei, não deu certo. A serigrafia veio por necessidade, precisava criar minhas filhas. Trabalhei dez anos em uma empresa, depois tive a minha. Eu sempre falo que as adversidades fazem você caminhar. Se tudo está bom, você não vai se mexer, não sai do lugar. A mulher é muito forte. Ela vai à luta e consegue."