Em clima misto de final de Copa do Mundo e último capítulo de novela das nove, a professora londrinense Erika Aline dos Santos reuniu amigos, familiares e alunos para assistirem juntos à participação dela no programa Que Seja Doce, do canal pago GNT. O episódio foi gravado quase nove meses atrás, mas só foi ao ar esta semana. "Até achei que não iriam mais passar meu episódio", sorri.
Desde setembro do ano passado, quando gravou a sua participação, Erika guardou o grande segredo a sete chaves: a colocação no programa – que escolhe um vencedor entre três candidatos, que se esmeram para impressionar os jurados Lucas Corazza, Carole Crema e Roberto Strongoli. E com toda a movimentação da londrinense para que as pessoas assistissem ao programa, os mais próximos não tinham dúvidas, ela havia ficado em primeiro lugar.
Qual não foi a surpresa, na quarta à noite, quando veio a notícia de que Erika tinha ficado em segundo lugar. "Se eu tivesse ganhado, acho que teria sido mais difícil não espalhar", brinca a professora. "Queria que todo mundo assistisse e se ficassem sabendo que não ganhei, talvez não assistiriam", conta sobre a sua estratégia inusitada. "No programa me perguntaram se eu, como professora, não tinha vergonha de perder para alguém que não era um professor. Eu até tinha essa preocupação em perder, mas mais ainda de não ir bem, de fazer algo errado e isso não aconteceu", explica.
O receio com o que poderia acontecer nas gravações era tanto que a professora não levou a sério o incentivo das alunas de confeitaria para que ela se inscrevesse no programa. "Acabou que uma aluna fez a minha inscrição sem eu saber", entrega. "Tenho uma responsabilidade muito grande por ser professora. Até a última hora eu não estava querendo ir. Liguei para o meu patrão aqui do IGA (Instituto Gastronômico das Américas) perguntei se poderia ir e ele brincou ‘eu te demito se você não for’."
Quem a vê tão à vontade entre as panelas e afins, não imagina que sua primeira opção de carreira foi a Educação Física. Mas ela logo percebeu que não era seu destino. E sem qualquer intenção de dar sequência ao curso, desistiu da faculdade aos 20 anos e rumou para a Europa. "Fui para passar três meses para conhecer os países no esquema de mochilão, mas acabei ficando três anos", lembra. "Arrumei um emprego em Portugal e comecei limpando uma padaria. Um dia pedi para o patrão me ensinar uma receita porque não queria ficar mais na limpeza e aí foi", conta. Antes de atravessar o Atlântico, Erika "não sabia nem fritar um ovo. Acho que foi isso também que fez me interessar pela cozinha. Queria cozinhar coisas que tinha saudades do Brasil, como arroz, feijão e feijoada".
"Uns 70% do que sei hoje aprendi na Europa, também fiz cursos rápidos de um e dois dias na Le Cordon Bleu na França", relata. Ao voltar para o Brasil, Erika atendeu ao pedido da mãe para voltar a universidade. "Ela me deu o curso de gastronomia, que era necessário para mim, que queria dar aulas", explica a professora, formada pela UniFil. "Voltei por saudades da família", entrega. "Viajei um dia depois do aniversário da minha mãe e voltei no dia do aniversário dela", conta. Outra coincidência com o dia 22 de setembro: "o programa foi gravado no aniversário da minha mãe".
Apesar de brincalhona e da experiência em falar para os alunos, a participação no programa a deixou muito nervosa. "Achava que por eu dar aula, eu ia sair muito bem. Mas, não. Minha boca ficou seca e quando entrei para começar a prova não enxergava nada", diverte-se agora que "o tormento passou". "Falando sério, é muito estressante, os jurados fuzilam com os comentários. Não sou muito acostumada a ser julgada e sim a julgar. A cada aula preciso julgar o prato do aluno", explica Erika, que dá aulas tanto para adultos como para crianças a partir de 8 anos.
"É muito mais difícil, mas tem horas que é muito mais fácil também. As crianças são mais ágeis, perguntam menos e arriscam mais. Já os adultos perguntam muito mais e arriscam muito menos", exemplifica a professora. "Gosto muito de dar aulas para as crianças", explica. Os alunos mais novos também a adoram. "Fui paraninfa várias vezes seguidas das minhas turmas de adolescentes do Senai", orgulha-se. A receita do sucesso? Bom humor.