O chef Jimmy McManis, ou Ogro Jimmy: "Uma boa comida, uma boa companhia são 50% para se chegar à felicidade"
O chef Jimmy McManis, ou Ogro Jimmy: "Uma boa comida, uma boa companhia são 50% para se chegar à felicidade" | Foto: Gustavo Carneiro



Tem um ogro na cozinha que em uma de suas espetaculares autodefinições diz ser um corte de carne, marinado em cerveja preta, temperado com bouquet garni e servido com purê de batata baroa. O chef Jimmy McManis, ou Ogro Jimmy, arregimenta fãs na internet e em participações no programa global "Mais Você", de Ana Maria Braga, provando que cozinhar é prazeroso e algo que o mais ogro dos ogros é capaz de fazer.

Até se transformar definitivamente em um dos quatro ogros que comandam o projeto Ogrostronomia, desde 2011, juntamente com Ricardo ‘Boris’ Henningsen, Guto Senra e Marcelo Neves, McManis trabalhou 20 anos como designer. Um designer entediado, na verdade, que passou por agências de publicidade e coordenou por três anos a área de criação da Americanas.com.

McManis nasceu em Houston, Texas (EUA). Neto de irlandeses, filho de um americano e uma brasileira, na infância, viveu de idas e vindas para o Brasil. As panelas começou a pegar nesta época.

"Aprendi alguma coisa na cozinha com a minha mãe. Na faculdade, reunia a galera em torno de uma boa mesa. Gosto de cozinhar, justamente porque tem essa coisa de reunir e congregar as pesoas", diz McManis.

O hobby ganhou da desmotivação profissional a queda de braço. Finalmente, surgiu o chef ogro de 2 metros e 1 centímetro de altura, que dissipada a primeira impressão se revela um queridão para os seguidores do Ogrostronomia no YouTube, Instagram, Facebook, Twitter e na página oficial (http://ogrostronomia.com.br/).

Outro projeto que toca é o Burgertopia, que nasceu de um papo de bar entre amigos e chefs, McManis e Allan Sales, sobre a importância de celebrar o Dia Mundial do Hambúrguer, em 28 de maio.

A ideia era criar só um evento no Rio de Janeiro que fizesse jus à uma das mais democráticas delícias culinárias. Rolou da coisa ir mais longe e de o Burgertopia atracar um food truck em diversas cidades, mostrando que dá para comer pratos clássicos ou favoritos sem cerimônia, com as mãos.

Recentemente, McManis e o Burgertopia estiveram em Londrina por iniciativa do Black Divas, um coletivo de mulheres negras. O evento contou com apoio da Acil, dos Food Trucks e da Yticon, oportunidade em que o chef falou com a FOLHA.

Fermentado na internet, como outros chefs de sucesso, McManis não esperava que em tão pouco tempo conseguiria tanta projeção, conquistada também a partir do quadro no matinal de Ana Maria Braga. O chef roda o País, apresentando culinária de rua.

"O objetivo era esse, mas achava que o caminho iria ser mais longo. Porém, a projeção que o programa deu foi surpreendente em apenas seis meses no ar, sendo que já estamos há quatro anos com o quadro", avalia.

Para chegar aí, McManis fez o que muita gente faz: virou o disco, pediu demissão da função de designer sênior em uma empresa, arriscou as fichas - mais seriamente - para fazer o que realmente gosta.

"Acredito que a nossa sociedade existe por causa da gastronomia. O salto de civilização se deu por causa da gastronomia. A minha ideia é mostrar que é fácil cozinhar. Não tem necessidade sempre de um mise en place, mas é possível uma culinária que qualquer um consegue fazer em casa", afirma o chef, recorrendo ao termo da cozinha francesa que significa deixar todos os ingredientes prontinhos para o preparo de uma receita em oposição ao que acredita.

McManis diz que chefs internacionais têm influenciado a culinária nacional, que vive hoje de repercussão imediata, graças à internet.

"Eu cozinho esperando a primeira reação ao prato servido. Aquela reação em que você não consegue falar. Um cardápio feito com carinho, quando estamos em busca da felicidade. Uma boa comida, uma boa companhia são 50% para se chegar à felicidade", comenta.

O boom de novos chefs, na opinião de McManis, é a colheita de um trabalho de séculos.

"A gente está falando de algo em torno dos anos de 1800 e de nomes como August Scouffier, que criou um código relacionando todos os elementos gastronômicos essenciais para a cozinha, o que nos deu a possibilidade de criarmos molhos, por exemplo. Já nos anos de 1900 mudou a maneira de criação de animais. Aí os grandes chefs começaram a aparecer, como a Família Troisgros. Aí o público começou a se interessar pela cozinha. A mídia passou a valorizá-los e, posso dizer a partir dessa breve história, que todo mundo sempre amou os grandes artistas", conclui McManis, citando a tradicional família francesa que começou a sua dinastia na cozinha na França dos anos de 1930. Famosa por quebrar tabus da culinária clássica francesa, como sugerir vinho tinto para acompanhar peixe. Nome que é familiar dos brasileiros por causa do chef Claude Troisgros.

Com fome voraz de novas iniciativas, McManis conta ainda que tem no forno o projeto de lançar cinco livros. O primeiro deve sair antes do final do ano.