Imagem ilustrativa da imagem Sob nova lei, campanha eleitoral começa tímida
| Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli
André Trindade (PPS)
"Tem pontos positivos e negativos. Como ponto positivo, a proibição da doação de empresas, porque isso facilitou para quem vai disputar com menor custo, como a nossa campanha, que não teria grande arrecadação. Mas a redução do tempo é prejudicial, porque para quem não é conhecido está mais difícil para apresentar as suas propostas nesse período"
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Marcelo Belinati (PP)"Foram extremamente positivas as mudançasaliás, votei favoravelmente como deputado federal. O ponto mais positivo foi a proibição das doações de empresas para a campanha, porque equilibrou, ficou uma campanha mais barata, mais curta, na qual as pessoas vão poder se informar sobre os candidatos muito mais no debate de ideias, nas entrevistas, no programa eleitoral"



O Ministério Público Eleitoral (MPE) do Paraná recebeu, até agora, número consideravelmente menor de denúncias propaganda de candidatos em desacordo com lei e, em Londrina, o próprio eleitor pode constatar a escassez de material publicitário em circulação. São reflexos da atipicidade deste ano de Jogos Olímpicos no Brasil e do impeachment de Dilma Rousseff (PT), eventos que tiraram o foco das campanhas municipais. Mas, as novas regras eleitorais também contribuem para essa timidez na publicidade dos candidatos.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente ação para impedir o financiamento das campanhas por empresas e o Congresso aprovou minirreforma eleitoral, com objetivo de acabar com os gastos milionários do candidatos, foco histórico de corrupção. Entre as medidas mais significativas, estão a redução do tempo de campanha de 90 para 45 dias e o tempo dos programas de TV, onde, normalmente, se concentravam os maiores gastos dos candidatos, além de um limite de gastos igual para todos os oponentes.
Para o sociólogo Rodrigo Augusto Prando, professor da Faculdade Mackenzie, de São Paulo, longe de afastar o eleitor do debate eleitoral, as novas regras tendem a fazer com que os candidatos reinventem o jeito de fazer política, que a política volte às suas origens, que é a da conversa, do diálogo com a sociedade. Sobre as críticas de que o tempo menor impede o eleitor de conhecer melhor o candidato, o professor questiona: "Quando o eleitor tinha mais tempo, ele acompanhava? Ele cobrava? E o político tinha contato com o eleitor?
Para Prando, os políticos "firmaram a ideia de que a política é só fazer campanha para o horário eleitoral", o que resultava em grandes e dispendiosas produções: "Eram grandes filmes, com personagens, atores, clipes e tudo o mais para mexer com o emocional do eleitor, mas o candidato foi se desacostumando de fazer aquilo que é o exercício da política, de dialogar com a sociedade, de conversar", avalia. "Eu acho que o político brasileiro ficou muito mal acostumado."
O professor também acredita que a nova lei vai abrir espaço para que "os candidatos se reinventem e tentem resolver o grande problema de conexão com a sociedade". "O político é visto como uma espécie que aparece de quatro em quatro anos e depois desaparece. Não há conexão após as eleições."
Para ele, os políticos deveriam estar, de fato, mais perto das pessoas, dos cidadãos e não apenas no período eleitoral. "Para mim, política tem que ser feita na rua, no contato com o eleitor que não deve ser visto como eleitor de quatro em quatro anos, mas como cidadão." Também deve-se parar de supervalorizar o período eleitoral. "A eleição é muito importante na democracia, mas não se limita a ser a própria democracia. A democracia é um processo." No entanto, em que pese a campanha mais amena, Prando acredita que em até duas semanas os candidatos intensifiquem a produção e distribuição de material publicitário e a presença em eventos políticos.

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Flavia Romagnoli (Rede)"Esta reforma não condiz com o que nós da Rede gostaríamos, mais profunda, mas trouxe mudanças boas. Apesar de tornar mais burocrático o processo, mais fiscalização é transparência e nesse sentido ela é boa. O não financiamento de empresas é bom e todo mundo está mais cauteloso. Estava faltando isso para os políticos que perderam o respeito com a coisa pública"
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Paulo Silva (Psol)"Quanto ao financiamento, as mudanças são positivas, pois quem paga, quer algo em troca depois. Também achamos bom o enfraquecimento dos partidos de aluguel, sem conteúdo programático que não representam a sociedade. Mas o corte no tempo de campanha e o excesso de restrições são ruins, porque não se vê a campanha nas ruas, isso acaba despolitizando o debate"
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Luciano Odebrecht (PMN)"Os grandes partidos tentaram tirar do cenário democrático os pequenos partidos, pois limitar o debate a quem tem mais de nove deputados reduz o número de candidatos e a isonomia eleitoral. Foi positivo o fim das doações de empresas, que acabavam sendo um local de corrupção, porque as doações são cobradas pelos empresários, depois, em licitações fraudulentas"
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Sandra Graça (PRB)"As mudanças foram necessárias, mas podem ser melhoradas. Temos menos tempo e o eleitor também terá que se esforçar mais para acompanhar a campanha. Tenho percebido que estão assistindo mais os programas eleitorais, exatamente em razão do tempo menor, houve uma valorização grande deste espaço. Com a ressalva de que para o Legislativo a dificuldade ficou bem maior"
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Odarlone (PT)"Como limitou gastos e os financiadores, passou-se a buscar a forma de fazer campanha mais pé no chão, mais corpo a corpo, como nós fazemos. Por outro lado, a redução do tempo de campanha também trouxe um prejuízo para aqueles candidatos, que como eu, não são conhecidos. Nunca disputei eleição, então tenho que fazer um esforço maior para chegar até as pessoas"
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Valter Orsi (PSDB)"É a primeira vez que eu faço campanha política, dizem que é um formato diferenciado, espremido, no entanto, não precisamos muito mais que isso. O que precisamos, realmente, é levar a nossa mensagem de maneira simples e transparente, como estamos fazendo nesta campanha. Eu, pelo menos, não vejo prejuízos neste formato"