Imagem ilustrativa da imagem Pendências na Saúde somam R$ 26 milhões
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"Uma coisa muito ruim para Londrina é a UPA. Muitas vezes o pessoal não é atendido na UBS por falta de gente, mas quanto custa manter a equipe da UBS? Muito menos do que a equipe da UPA"



Ao assumir a administração municipal, em 1º de janeiro, o novo prefeito irá assumir também uma série de pendências na área da saúde que estão sendo deixadas pela atual gestão, conforme aponta o Plano Municipal de Saúde para o período de 2014 a 2017, elaborado com base nas orientações da Portaria nº 2135/13 que estabelecem o sistema de planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Se quiser cumprir o plano, o próximo prefeito terá de correr para conseguir levantar, no mínimo, R$ 26 milhões em recursos e executar uma extensa lista de obras que vão ficar para o último ano do quadriênio, segundo cálculos da Secretaria Municipal de Saúde.

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No rol de pendências, estão a construção, reforma ou ampliação de 12 unidades básicas de saúde, entre elas a do Jardim Leonor (zona oeste) e da Vila Fraternidade (zona leste). Também estão na lista a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Região Leste e de dois centros de atenção psicossocial para álcool e drogas, um para atendimento a adultos e outro infantojuvenil. Entre as reformas previstas, a da Maternidade Municipal Lucilla Ballalai, do Pronto Atendimento Infantil (PAI) e do Centrolab (Laboratório Municipal) também deverão ser herdadas pelo próximo gestor. Dos R$ 26.058.614,51 necessários para executar os projetos, R$ 8.697.677,79 serão recursos próprios do município. Os valores, no entanto, não estão fechados já que algumas das obras previstas ainda não foram orçadas.

Os investimentos nas UBS vão de encontro ao que defende o presidente do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (iNESCO), João José Batista de Campos. Para ele, ganha mais o município que destina o maior volume de recursos à atenção básica em lugar da média e alta complexidade. "Uma coisa muito ruim para Londrina é a UPA. Muitas vezes o pessoal não é atendido na UBS por falta de gente, mas quanto custa manter a equipe da UBS? Muito menos do que a equipe da UPA. Se eu pudesse pegar esse dinheiro e investir na melhoria da minha atenção básica, eu acho que eu poderia aumentar a resolutividade das UBS", disse. "E a UPA faz um outro desserviço. Se você estiver infartando e levarem você para a UPA, estão perdendo o seu tempo e a sua chance de sobreviver porque ela não está preparada para atender casos de maior complexidade."

A implantação do prontuário eletrônico também poderia ajudar a conter os gastos desnecessários, segundo Campos. "Todo o histórico do paciente ficaria interligado entre unidade básica de saúde e hospital, reduzindo os pedidos de exames", afirmou.

Dos quase R$ 531 milhões do orçamento municipal destinados à saúde em 2016,
R$ 135.748,00 foram previstos para financiar a atenção básica, o que corresponde a 25,5%, e R$ 352.744,00 para investimentos na média e alta complexidade, uma fatia orçamentária de 66,43%. No ano passado, o município investiu R$ 85.256.521,55 em internações de média e alta complexidade, entre população própria e referenciada.

Para o doutor em Medicina e coordenador do curso de Medicina da PUCPR em Londrina, José Eduardo de Siqueira, o grande problema para manutenção da rede pública de saúde é o que ele chama de "subfinanciamento crônico" do SUS. "O SUS avança com um andar de tartaruga enquanto as necessidades da população crescem de uma maneira muito expressiva."

Campos acredita que o problema da escassez de recursos está relacionado a falhas na gestão. "Se você pegar o orçamento da saúde como um todo e for ver o quanto desse orçamento é gasto com medicamentos e com exames complementares, é uma fortuna. A gente gasta mal por um lado e, por outro, falta dinheiro. Nós não conseguimos superar o desafio de uma gestão qualificada."