Imagem ilustrativa da imagem Os gargalos da infraestrutura
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| Foto: Saulo Ohara
Cercada de rodovias de pistas simples e com pedágio caro, a economia londrinense carece de alternativas de infraestrutura
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Longe dos portos, cercada de rodovias de pistas simples e com pedágio caro, a economia londrinense carece de alternativas de infraestrutura. Durante muito tempo, entidades de Londrina acharam que o projeto do Arco Norte – um aeroporto de cargas a ser instalado na zona sul – seria essa alternativa. Mas ele não vingou.
Nos últimos anos, a Prefeitura e entidades empresariais lutaram para melhorar o terminal de cargas (Teca) do aeroporto. A Infraero ampliou a unidade que passou a fazer mais importações e exportações. Mas, uma reivindicação feita ao governo federal, a instalação de um posto da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não foi atendida. Toda vez que o Teca precisa movimentar uma carga que exige inspeção da Anvisa, é preciso esperar a vinda de um técnico de Maringá. Lá, além de um Teca, há uma porto seco privado.
Para o diretor da Agência Terra Roxa, Alexandre Farina, o futuro de Londrina depende, em grande medida, de sua integração com os municípios da região. E cabe ao prefeito da cidade ser o protagonista deste processo. "Precisamos tratar a infraestrutura do ponto de vista regional: as rodovias, as ferrovias, os resíduos sólidos. Precisamos fazer com que a interdependência que existe entre as cidades seja sustentável e traga benefícios a todos", declara.
O Plano Metrópole Paraná Norte, que está sendo financiado pelo Banco Mundial, deve ser abraçado pelo próximo prefeito, na opinião de Farina. Dentro dele, o Trem Pé Vermelho, que transportará passageiros de Londrina a Maringá, é prioridade. "O projeto do trem está sendo liderado pelo governo do Estado, que projeta uma PPP (parceria público-privada)", conta. De acordo com Farina, o trem já está sendo considerado nos projetos futuros de algumas cidades da região. "Falta a Londrina incorporá-lo também na sua agenda."
O diretor lembra que um dos maiores problemas das grandes metrópoles hoje é a mobilidade urbana. "O Trem Pé Vermelho busca integrar toda a região. Será um diferencial. Ajudará a movimentar a economia de uma forma mais dinâmica", acredita.
Londrina, segundo Farina, também precisa acompanhar mais de perto as discussões sobre o traçado da Ferrovia Norte-Sul. "Muitas cidades estão trabalhando firme nessa questão. A gente tem que ter essa pauta sempre na agenda. Essa deve ser uma das responsabilidades do futuro prefeito", recomenda.
O economista e professor da Faculdade Paranaense (Faccar), Márcio Massaro, acredita que está faltando ousadia para Londrina. "Enquanto nós ficamos contemplando o sol, as indústrias vão para Cambé e Ibiporã." Para ele, Londrina é uma cidade grande com jeito de pequena. E precisa voltar a ser visionária. "Aqui resolvemos os problemas com uma rotatória e um sinaleiro. Ninguém pensa em fazer um pontilhão", ilustra.
A cidade, na opinião de Massaro, não tem como prioridade seu desenvolvimento econômico. Manter a qualidade de vida, afirma o professor, é muito importante. Mas também é preciso olhar para as questões econômicas. "Ficamos discutindo por anos se um supermercado pode abrir em determinada região. Se vai gerar um tráfego que atrapalha a vida dos moradores. Não queremos que passe um fio de alta tensão no nosso bairro", exemplifica.
Massaro considera que as decisões relacionadas aos projetos importantes para a cidade, por um motivo ou por outro, sempre demoram. A novela em torno da instalação do ILS no aeroporto da cidade, na opinião dele, é emblemática. "Faz mais de 10 anos que discutimos isso."
O economista defende que a cidade seja planejada de forma estratégica. E diz ser preciso ter coragem para tocar os projetos. "Quanto tempo vamos esperar pela duplicação da Rua Goiás?", questiona.
Parte dos problema existentes hoje em Londrina, conforme sustenta o professor, se deve às sucessivas crises políticas vividas pela cidade. Elas atrapalharam a busca de novos empreendimentos. "O capital é avesso a incertezas", declara. Trazer indústrias, assinala Massaro, não é uma tarefa que se realiza da noite para o dia. "E ainda não temos um parque para as indústrias mais pesadas", aponta.
Londrina, na opinião do economista, não se parece com a cidade que, nas décadas de 1940 e 1950, apresentou um "crescimento assustador, muito acima do resto do País".