Os cabelos brancos do empresário José Carlos Bergamin não escondem sua jovialidade e entusiasmo, principalmente quando o assunto é a moda capixaba. Não só à frente da própria grife, a Konyk, como também do Vitória Moda, evento do qual é coordenador, além de ser presidente da Câmara do Vestuário da Findes (Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo).

Presente em todos os desfiles, Bergamin acompanha o processo muito antes dos modelos entrarem na passarela. "O Vitória Moda na verdade é uma conclusão de projetos com as marcas. Vamos até as cidades, detectamos os talentos e oferecemos consultoria e curadoria para que realizem as coleções que exibimos para o estado e para o Brasil", conta.

Na edição que movimentou o Centro de Convenções de Vitória na semana passada participaram 22 grifes e mais três faculdades de moda capixaba e alunos nacionais do Senai. As criações da curitibana Amanda Castro foram as primeiras a entrar na passarela, na ação do Senai, que reuniu nove alunos de diferentes estados do Brasil que tiveram como mentores os estilistas Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga.

Alunos da Universidade Vila Velha, Faesa e Unesc também aproveitaram os holofotes do evento – iniciativa do Sistema Findes, em parceria com o Sesi/Senai e correalização do Sebrae – para mostrar seu potencial criativo no primeiro dos três dias de desfiles. A consultora de moda e sustentabilidade Chiara Gadaleta e a estilista Fernanda Yamamoto também participaram do Vitória Moda como palestrantes.

Sem o salão de negócios de outras edições, o evento destacou o Salão Criativo desta vez. Em uma área de 700 metros quadrados, cerca de 30 espaços foram montados para a promoção do artesanato, da arte e da cultura locais. O projeto O Espírito das Águas, de Aracruz (cerca de 70 quilômetros de Vitória), valoriza não só as artesãs das comunidades de Barra do Riacho e Santa Cruz, como a iconografia capixaba nos bordados e nas esculturas.

Na passarela propriamente dita, muitas estreias entre as grifes participantes. Caso da Zan.Bo, uma iniciativa fashion do estilista Marcelo Zantti e da blogueira Maria Borgo. Com apenas cinco semanas de gestação, a marca foi apresentada no VM com a proposta de ser global. Em um café da manhã antes do desfile, Zantti adiantou que as criações seriam mais estruturadas, em contraste com a fluidez encontrada nas coleções das conterrâneas.

Outras estreantes, a Zinsk trouxe o jeanswear de São Gabriel da Palha; e Eliane Kill, de Baixo Gandu, se inspirou em Paris para seu primeiro desfile no VM. A lista fashion ainda trouxe marcas já conhecidas do evento como Verônica Santolini, Riviera Store, Sol de Verão, Saia de Chita, PK Premium e Buphallos.

Florest e Surreal usaram seus desfiles como forma de protesto. Enquanto a primeira, de moda masculina, lembrou a tragédia em Mariana (MG), a segunda destacou a "liberdade de ser diferente", seu lema há 30 anos. Na passarela, modelos fora dos padrões clássicos foram aplaudidos pelo público.

MODA - Pode vir quente, Verão
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Tendências capixabas

As coleções do Verão 2017 apresentadas no Vitória Moda seguem fiéis ao lifestyle praiano com a leveza dos tecidos fluidos e as cores das estampas, que estão mais geométricas, sem deixar as linhas orgânicas de lado.

Conhecida por suas estampas digitais, a Hagaef trouxe para a passarela a inspiração olímpica dos primeiros jogos da Grécia com muitos louros e ouro nos desenhos. As raízes do mangue também são bem lembradas nos desenhos, assim como a influência do mar, seja nas estrelas-do-mar, quando nas linhas das ondas, que também viram listras do navy.

Dois hits do verão deste ano prometem ter continuidade para a próxima temporada: a calça pantacourt e o decote ombro a ombro. O jeans com várias lavagens também é ponto forte nas criações do VM, que tem desde as versões country da Buphallos, quanto às rendadas da PK Premium. (K.M.)
A jornalista viajou a Vitória a convite da organização do evento