MODA - Pode vir quente, Verão
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quinta-feira, 14 de julho de 2016
Karla Matida<br>Reportagem Local
Os cabelos brancos do empresário José Carlos Bergamin não escondem sua jovialidade e entusiasmo, principalmente quando o assunto é a moda capixaba. Não só à frente da própria grife, a Konyk, como também do Vitória Moda, evento do qual é coordenador, além de ser presidente da Câmara do Vestuário da Findes (Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo).
Presente em todos os desfiles, Bergamin acompanha o processo muito antes dos modelos entrarem na passarela. "O Vitória Moda na verdade é uma conclusão de projetos com as marcas. Vamos até as cidades, detectamos os talentos e oferecemos consultoria e curadoria para que realizem as coleções que exibimos para o estado e para o Brasil", conta.
Na edição que movimentou o Centro de Convenções de Vitória na semana passada participaram 22 grifes e mais três faculdades de moda capixaba e alunos nacionais do Senai. As criações da curitibana Amanda Castro foram as primeiras a entrar na passarela, na ação do Senai, que reuniu nove alunos de diferentes estados do Brasil que tiveram como mentores os estilistas Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura e Ronaldo Fraga.
Alunos da Universidade Vila Velha, Faesa e Unesc também aproveitaram os holofotes do evento iniciativa do Sistema Findes, em parceria com o Sesi/Senai e correalização do Sebrae para mostrar seu potencial criativo no primeiro dos três dias de desfiles. A consultora de moda e sustentabilidade Chiara Gadaleta e a estilista Fernanda Yamamoto também participaram do Vitória Moda como palestrantes.
Sem o salão de negócios de outras edições, o evento destacou o Salão Criativo desta vez. Em uma área de 700 metros quadrados, cerca de 30 espaços foram montados para a promoção do artesanato, da arte e da cultura locais. O projeto O Espírito das Águas, de Aracruz (cerca de 70 quilômetros de Vitória), valoriza não só as artesãs das comunidades de Barra do Riacho e Santa Cruz, como a iconografia capixaba nos bordados e nas esculturas.
Na passarela propriamente dita, muitas estreias entre as grifes participantes. Caso da Zan.Bo, uma iniciativa fashion do estilista Marcelo Zantti e da blogueira Maria Borgo. Com apenas cinco semanas de gestação, a marca foi apresentada no VM com a proposta de ser global. Em um café da manhã antes do desfile, Zantti adiantou que as criações seriam mais estruturadas, em contraste com a fluidez encontrada nas coleções das conterrâneas.
Outras estreantes, a Zinsk trouxe o jeanswear de São Gabriel da Palha; e Eliane Kill, de Baixo Gandu, se inspirou em Paris para seu primeiro desfile no VM. A lista fashion ainda trouxe marcas já conhecidas do evento como Verônica Santolini, Riviera Store, Sol de Verão, Saia de Chita, PK Premium e Buphallos.
Florest e Surreal usaram seus desfiles como forma de protesto. Enquanto a primeira, de moda masculina, lembrou a tragédia em Mariana (MG), a segunda destacou a "liberdade de ser diferente", seu lema há 30 anos. Na passarela, modelos fora dos padrões clássicos foram aplaudidos pelo público.
Tendências capixabas
As coleções do Verão 2017 apresentadas no Vitória Moda seguem fiéis ao lifestyle praiano com a leveza dos tecidos fluidos e as cores das estampas, que estão mais geométricas, sem deixar as linhas orgânicas de lado.
Conhecida por suas estampas digitais, a Hagaef trouxe para a passarela a inspiração olímpica dos primeiros jogos da Grécia com muitos louros e ouro nos desenhos. As raízes do mangue também são bem lembradas nos desenhos, assim como a influência do mar, seja nas estrelas-do-mar, quando nas linhas das ondas, que também viram listras do navy.
Dois hits do verão deste ano prometem ter continuidade para a próxima temporada: a calça pantacourt e o decote ombro a ombro. O jeans com várias lavagens também é ponto forte nas criações do VM, que tem desde as versões country da Buphallos, quanto às rendadas da PK Premium. (K.M.)
A jornalista viajou a Vitória a convite da organização do evento