O sal já foi considerado um condimento precioso, mas o mineral, que antes era bem vindo em todos os lugares hoje é visto com ressalvas. O consumo excessivo de sal é um dos principais causadores de problemas renais, alguns tipos de cânceres e hipertensão arterial que, por sua vez, favorece o aparecimento de várias outras doenças, principalmente as cardiovasculares. Vale lembrar que esse tipo de problema não surge de um dia para o outro e que geralmente tem início em uma fase precoce e progride silenciosamente com o passar dos anos. Geralmente quando as primeiras manifestações são percebidas a doença já está em estágio avançado.
De acordo com a nutricionista funcional Kelly Franco de Lima, a maior parte das doenças cardiovasculares são resultado de um estilo de vida inapropriado que inclui sedentarismo e alimentação desequilibrada, com excesso de sal, açúcar e gorduras. ''O sódio em si não é o vilão da nossa saúde, ele é um dos 22 minerais essenciais no nosso dia a dia porque é responsável pela contração muscular, batimentos cardíacos e impulsos nervosos. O problema está no excesso de sódio'', alerta.
A nutricionista explica que cada grama de sal possui 40% de sódio e 60% de cloro, isso significa que cada grama de sal tem 400 miligramas de sódio. ''A recomendação é que a ingestão de sódio não ultrapasse 2.400 miligramas ao dia. Isso significa que podemos consumir até seis gramas de sal diariamente'', orienta. Segundo Kelly, existe muito mais sódio nos alimentos do que a gente pode imaginar, já que todos os alimentos industrializados possuem uma certa quantidade da substância. Para a indústria alimentícia o produto é um fator de conservação e dá mais tempo de vida aos alimentos na prateleira.
Sucos de caixinha, refrigerantes, temperos prontos, macarrão instantâneo, embutidos, alimentos congelados e até mesmo doces e água gaseificada possuem sódio na composição. ''Para controlar o consumo dessa substância devemos em primeiro lugar reduzir a quantidade de sal dos alimentos que preparamos em casa e retirar o saleiro de cima da mesa e em segundo lugar precisamos aprender a ler os rótulos dos produtos'', alerta. ''Se a cada 100 gramas de alimentos tiver mais de 400 mg de sódio podemos dizer que este produto é rico em sódio. O ideal é descartá-lo e escolher outro'', orienta.
A nutricionista afirma que 75% do sal da nossa alimentação está nos produtos industrializados, 15% é naturalmente presente nos alimentos e 10% é o sal adicionado no preparo dos alimentos. Trocar o sal normal pela versão light do produto pode ajudar a reduzir o consumo de sódio. Outra sugestão é a pessoa contrabalancear a ingestão de sódio com o consumo de alimentos ricos em potássio, verduras de folhas escuras, castanhas, azeites, peixes, alho e cebola. ''Estes alimentos possuem bastante antioxidante e ajudam no efeito hipotensor'', destaca. Salsinha e cebolinha também possuem o mesmo efeito.
Uma boa dica para substituir a utilização de temperos industrializados - que contêm alta concentração de sódio - é preparar em casa o sal temperado. Kelly ensina misturar 500 gramas de sal com ervas secas como louro em pó, salsinha desidratada, açafrão, pimenta-do-reino, colorau, cominho e o que mais a pessoa quiser. ''O controle dos fatores cardiovasculares é uma arma potente para a redução das complicações deste tipo de problema que pode ser fatal'', afirma.
Há pouco mais de um ano o Ministério da Saúde fez um acordo com as empresas produtoras de alimentos industrializados com o objetivo de reduzir gradativamente a quantidade de sal dos alimentos até 2014. Aos poucos os produtos estão sendo adequados às novas normas e quem ganha com isso é a saúde do consumidor.


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A recomendação é para o consumo de até seis gramas de sal diariamente