Falar que mães se preocupam com os filhos parece até redundante. Mas quando os filhos têm profissões ou hobbies que envolvem uma certa dose de risco, a preocupação dobra. Mãe de bombeiro, por exemplo. O coração fica apertado o tempo inteiro. Mas, como diz Izabel Ferreira Vasconcelos, mãe do soldado Vasconcelos, que trabalha na central do Corpo de Bombeiros de Londrina: o orgulho é maior que o medo.
''Quando ele contou que iria participar do concurso (para bombeiro), eu falei: 'filho, deve ser perigoso'. Mas como vi ele ansioso para passar, fui aceitando aos poucos'', conta Izabel. O desejo de ser bombeiro vem de infância. A vida deu reviravoltas, mas há sete anos Rafael de Vasconcelos Vitorio retomou o sonho antigo ao ser aprovado no concurso para bombeiro. Todo ano, nas temporadas, ele sai debaixo da asa da mãe protetora e vai para o litoral paranaense guardar vidas. E por aqui, ele atende ocorrências como incêndio a residências e ambiental, além de vítimas presas em acidentes de trânsito.
Uma das últimas ocorrências atendidas pelo soldado foi o incêndio de uma loja de móveis planejados na avenida Maringá. Por pouco, uma marquise não caiu sobre seu ombro. Em outro incêndio, em um barracão de reciclagem, não fossem segundos de diferença entre o arrombamento do portão de ferro e a entrada no local, o telhado - pesado por causa da água que jorrava das mangueiras - também cairia sobre os bombeiros.
Segundo Vasconcelos, estes são riscos a que estão sujeitos os bombeiros todos os dias. Mas coração de mãe não entende. Sempre que acontece alguma coisa e Izabel fica sabendo pela televisão, liga para o filho para saber se está tudo bem. Quando não, o próprio filho liga para tranquilizar a mãe. ''A gente que é mãe na verdade é um pouco egoísta, quer sempre proteger.''
Mas quando - depois do resgate - vem o agradecimento, o coração fica todo cheio. Em um dos muitos salvamentos realizados na temporada de fim de ano no litoral, Vasconcelos retirou do mar um menino de apenas 9 anos. Depois do susto, o menino e o pai procuraram o soldado para agradecer. Vasconcelos ganhou da criança um desenho do Homem Aranha com o seu nome embaixo, para dizer que naquele dia ele fora seu heroi, conta a mãe, orgulhosa.
Agora, Izabel aguarda o resultado do concurso prestado pelo filho mais novo, Caetano de Vasconcelos Vitorio, também para bombeiro. ''Com o tempo a gente percebe que a função deles é ajudar os outros e vejo o quanto eles gostam da profissão. Isso é o que importa.''


Imagem ilustrativa da imagem Haja coração!
| Foto: Saulo Ohara
Izabel Vasconcelos com o filho Rafael, bombeiro: "A gente que é mãe na verdade é um pouco egoísta, quer sempre proteger''