A empolgação das crianças e adolescentes com o retorno à escola pode resultar em excesso de peso especialmente nas primeiras semanas, quando os alunos costumam levar todo o material na mochila para mostrar aos amigos.

O médico ortopedista Rogério Vidal Lima, do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que as mochilas muito pesadas podem causar graves lesões nas costas das crianças e adolescentes. "Os pais precisam estar atentos ao peso da mochila do filho. Eles devem orientá-los a carregar a mochila com a coluna mais ereta possível para tentar minimizar os males que o excesso de peso e a má postura podem causar", diz o médico. Ele acrescenta que o peso carregado nas mochilas favorece o desenvolvimento dos desvios de coluna.

Optar por alças acolchoadas e distribuir o peso da mochila entre os dois ombros são a melhor maneira de carregar os livros sem sobrecarregar a coluna. As alças superiores devem vestir os ombros e o limite inferior deve ficar na altura do quadril. A fisioterapeuta Carla Odoni lembra que a mochila não deve ultrapassar 10% do peso do estudante. "As mochilas de rodinha resolvem bem o problema do peso, o ideal é que a criança alterne o lado de carregar a mochila para não desencadear uma torção de tronco", explica. Apesar de o modelo de rodinhas ser o mais indicado, os adolescentes geralmente querem usar as mochilas tradicionais com alças. A fisioterapeuta afirma que as bolsas no estilo carteiro, com uma alça só, devem ser usadas na transversal do corpo e o ombro de apoio deve ser alternado.

Estes cuidados são importantes porque, conforme a fisioterapeuta, a maior parte dos problemas de coluna dos adultos são originados por conta da má postura e dos vícios posturais adquiridos na infância. Diante de uma alteração postural, os pais devem buscar tratamento imediato para os filhos. Carla salienta que como as crianças e adolescentes estão em fase de crescimento, elas respondem melhor ao tratamento e apresentam resultados mais rápidos do que um adulto. "Após os 18 anos, quando a estrutura óssea já está se consolidando, é mais difícil reverter um problema postural. O ideal é que isso seja feito o quanto antes", aponta.

Ergonomia
Para controlar o peso das mochilas dos alunos, muitas escolas disponibilizam armários para os livros. No entanto, muitas instituições não se preocupam com a questão ergonômica e utilizam os mesmos móveis para todos os estudantes. Carla explica que esta questão merece mais atenção, já que as crianças se desenvolvem rápido e a estrutura física delas é muito diferente no quinto ano do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio, por exemplo. "O ideal é que, quando sentada, a criança consiga colocar os pés no chão, manter os joelhos em um ângulo de 90 graus, apoiar a coxa no assento e as costas no encosto, que deve ser levemente inclinado", explica. Conforme ela, para não sobrecarregar a coluna e o pescoço, as cadeiras devem possuir apoio para os braços e a cada 50 minutos os alunos devem levantar e caminhar um pouco antes de sentar novamente para a próxima aula.

Na hora de estudar em casa ou de usar o computador, a fisioterapeuta alerta para os mesmos cuidados. "A má postura pode acentuar a escoliose, que é um desvio que deixa a coluna vertebral na forma de 'S'. O indivíduo com esta característica pode ter dores e fraqueza muscular. A postura mais arqueada é característica da cifose, outro desvio que sobrecarrega a coluna cervical, podendo causar dores de cabeça e até mesmo atrapalhar a aprendizagem", exemplifica a fisioterapeuta.

Carla complementa que o ideal seria que todas as escolas tivessem fisioterapeutas para detectar estes problemas, orientar os pais e acompanhar as crianças e adolescentes que apresentam alteração postural. Além de orientar os filhos a respeito da postura, a fisioterapeuta recomenda que os pais incentivem a prática de exercícios. Conforme ela, isso faz com que a musculatura fique fortalecida, o que reduz as dores provocadas pela má postura.

Imagem ilustrativa da imagem Cuidado com a postura!
| Foto: Shutterstock



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