Receber a notícia de que o filho tem alguma deficência é um grande impacto para qualquer mãe. Para a psicóloga Grazielle Noro, analista do comportamento e especialista em neurociência, ''é um dos processos mais dolorosos que existe''. Isso porque gerar um filho mexe com os sentimentos de toda mulher e alimenta uma enorme expectativa. ''Nenhuma mãe está preparada para lidar com essa situação, pois suas expectativas são sempre em relação a uma criança com um aparato biológico íntegro para se desenvolver como as crianças que ela já conheceu'', pontua.
Por isso, segundo a psicóloga, em um primeiro momento, os sentimentos de negação, culpa e revolta vêm à tona. ''É normal que ela se sinta assim. A aceitação às vezes pode levar algum tempo'', explica a psicóloga, que considera importante buscar uma ajuda profissional. ''A mãe deve conversar sobre esses sentimentos. A psicoterapia pode ajudá-la a enxergar que outras pessoas também passam por isso e que ela não tem nenhuma culpa'', destaca.
Outros cuidadores, como o pai, devem ajudar a mãe a superar esse momento, pois normalmente ela é a pessoa que mais sofre. ''É preciso ajudá-la a referenciar a situação com normalidade'', orienta.
Grazielle destaca que a criança deficiente deve ser estimulada desde muito cedo. Ela defende que uma boa estimulação ambiental contribui para que partes inertes do sistema nervoso e muscular passem a ser utilizadas e possam auxiliar a criança a desenvolver habilidades que garantam, de alguma maneira, o desenvolvimento de sua autonomia.
Outra preocupação, de acordo com a psicóloga, deve ser o desenvolvimento das habilidades sociais, propiciando o contato com outras crianças. ''A mãe e outros cuidadores devem, em última instância, estar preocupados em promover a autonomia. Muitas vezes a criança não desenvolve altas habilidades acadêmicas, mas sua autonomia será facilitada'', defende, acrescentando que é fundamental entender que as aspirações dos pais para o futuro da criança nem sempre correspondem às necessidades dela. ''O conceito de felicidade e a visão de mundo de cada um de nós é diferente. E o da pessoa com deficiência também'', finaliza. (P.C.B.)