Vitor Ramil: novo disco traduz a identidade dos Campos Neutrais, ao sul do país
Vitor Ramil: novo disco traduz a identidade dos Campos Neutrais, ao sul do país | Foto: Divulgação



Nome que batiza uma zona territorial neutra próxima ao Rio Grande do Sul e definida de comum acordo no século XVIII pelos impérios de Espanha e Portugal, "Campos Neutrais" foi escolhido como título do mais recente álbum de Vitor Ramil. O significado histórico da área geográfica estabelecida pelo Tratado de Santo Idelfonso, onde atualmente estão as cidades de Chuí e Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do País, inspirou o artista gaúcho a compor 15 canções inéditas. Gravadas em português, espanhol e inglês, as músicas do CD mantêm o sotaque sulista característico da obra do cantor e compositor ao mesmo tempo em que estabelecem novas parcerias musicais.

"Campos Neutrais" é o 11º álbum da discografia de Vitor Ramil e chega ao mercado após um hiato de sete anos, período em que o artista não lançou nenhum trabalho inédito. Produzido pelo próprio cantor e compositor, o CD foi gravado na cidade Porto Alegre (RS) e mixado em Los Angeles (EUA). No disco, o gaúcho apresenta canções compostas em parceiras com o paraibano Chico César ("Olho d'água, água d'olho"), o maranhense Zeca Baleiro ("Labirinto") , o paraense Joãozinho Gomes ("Contraponto") e com a poeta pelotense Angélica Freitas ("Stradivarius"). O repertório inclui ainda "Ana", uma versão em português da música "Sara", do compositor norte-americano Bob Dylan.

Além de parcerias nas composições, os cantores Chico César e Zeca Baleiro também dividem com Ramil os vocais das respectivas canções compostas com o gaúcho. "Os 'Campos Neutrais' acolheram também a poesia do poeta português António Botto e do galego Xöel Lopez. De Botto, a música "Se eu fosse alguém" tornou-se melodia de um samba de corte clássico. Para cantá-lo convidei minha sobrinha Gutcha, cantora, percussionista e violinista. Gutcha canta sambas muito bem e tem um timbre marcante. Pedi a ela que cantasse à capela porque foi assim que compus a melodia, sem harmonia. Eu queria que o canto descarnado soasse como uma espécie de eco de voz ancestral e que o samba, que já se evidencia na melodia, ficasse apenas sugerido num contexto em que os gêneros musicais não são tipificados individualmente para não formar um conjunto eclético e sim apontar para uma linguagem síntese", afirma o artista no texto de apresentação do disco.

O projeto gráfico do álbum é assinado pelo designer carioca Felipe Taborda,. "Inicialmente cogitamos usar um conjunto de imagens com certo impressionismo e predomínio do branco. Mas quando o disco tomou forma, o rigor conceitual avançou para corresponder a uma exuberância sonora que pedia todas as cores do branco. Ao mesmo tempo, a pungência dos textos e da história dos 'Campos Neutrais' impunha a presença humana vista com objetividade. A música 'Satolep Fields Forever', cuja letra diz que 'tudo é sonho, tudo é real', deu a deixa de cenário e partimos para enfocar, em vez dos vastos campos despovoados, a rica mistura humana citada anteriormente, as pessoas, suas ações e realizações, tudo através das fotos urbanas de Marcelo Soares, em sua quase maioria feitas na cidade de Pelotas, onde vivo, também no extremo sul do Brasil. O olhar compositivo e humano do Marcelo foi a justa tradução visual da música que criamos em Campos Neutrais", destaca Ramil.