São Paulo - O time de heroínas formado por Amélia (Bianca Bin), Iolanda (Carolina Dieckmann) e Aurora (Mariana Ximenes), em "Joia Rara" (Globo), deve ganhar um reforço nos próximos capítulos. É Sílvia, interpretada por Nathalia Dill, de 27 anos. A personagem, que começou a trama como vilã, ganhou o carinho do público e passou por reviravoltas até se tornar a nova mocinha do folhetim. "Não esperava que houvesse torcida a favor da Sílvia. Mas ela é humana, complexa, e as pessoas se identificam com as coisas boas ou ruins que ela faz. E essa é a riqueza dessa personagem", define a atriz.
Depois de prometer vingança aos Hauser e acabar envolvida em um acidente, após o qual foi considerada morta, a desenhista deverá voltar à trama com outra personalidade.
Segundo a atriz, essa será a quarta identidade que a personagem desenvolve ao longo da novela. "A Sílvia que perdeu o pai é uma, a que queria se vingar do Ernest [José de Abreu] era outra. Quando se apaixonou pelo Viktor [Rafael Cardoso], ela mostrou uma outra face e, agora, vem com uma outra personalidade, que também é um mistério para mim. Estou descobrindo aos poucos", diz Nathalia.
De acordo com uma das autoras de "Joia Rara", Duca Rachid, alguns personagens começarão a investigar a suposta morte de Sílvia, orientados por Pérola (Mel Maia). "Mundo [Domingos Montagner], Iolanda e Franz [Bruno Gagliasso] descobrirão o lar do casal que acolheu Sílvia, mas, por enquanto, não a encontrarão lá", adianta. "Desmemoriada, ela fica um tempo sem se lembrar de absolutamente nada. Aos poucos, tem uns lampejos e se recorda de Viktor e do filho", complementa a coautora Thelma Guedes.
A história de amor entre Sílvia e Viktor também caiu nas graças no público. "Eu não esperava que as pessoas fossem torcer por eles, mas acho que o casal foi construído com tanta verdade e entrega, que elas acabaram observando isso", diz Nathalia. "O Rafael é um grande parceiro, e nós nos ajudamos em cena", complementa, elogiando o colega de trabalho.
Quando foi anunciada como a vilã da trama das seis, Nathalia tinha em mente que sua personagem poderia ser comparada a Carminha (Adriana Esteves), de "Avenida Brasil" (Globo, 2012), pelo fato de a vilã ainda estar na memória do público. "Ela é muito viva na lembrança das pessoas e até na minha. Extraí todas as referências que essa grande vilã podia me dar, até por ter dividido cenas com ela. Era impossível não pensar na Carminha a cada maldade da Sílvia", diz ela, que na trama anterior interpretou Débora.
Segundo Nathalia, outro fator importante para o sucesso de Sílvia é a direção de Amora Mautner, que também comandou o trabalho em "Avenida Brasil". "Ela é um furacão, sensível e aberta para a espontaneidade do ator. Então, sinto-me um pouco autora da Sílvia por ter essa liberdade", comenta Nathalia.
Diante de uma personagem cheia de nuances, Nathalia diz que Sílvia já passou por provações e que não pensa em uma redenção para ela. "Ela já se transformou e percebeu que não faz mais sentido se vingar dos Hauser. A luta agora é para provar a inocência do pai e limpar o seu nome", diz.

Na pele da desenhista, a atriz vem experimentando grandes mudanças em seu visual. O trabalho feito pela figurinista Marie Salles aposta em tons mais fechados, como preto, uva e verde-musgo, que deixam a personagem semelhante a grandes divas do cinema, como a atriz americana Bette Davis (1908-1989).
Peças como o vestido preto e branco e um maxi colar grafite usados por Sílvia estão na lista dos mais pedidos pelo público na Central de Atendimento ao Telespectador da Globo. "É curioso como no camarim as paredes são lotadas de fotos das divas do cinema, então, não há como não ser transportada aos anos 1940", revela Nathalia, que também ousou na maquiagem da personagem. "Eu nunca consegui usar batom escuro. Até em trabalhos comerciais, uso tons mais claros. Mas a Sílvia sem aquele batom não seria a Sílvia", diverte-se a atriz.

A primeira vilã
A desenhista Sílvia não é a primeira vilã vivida por Nathalia Dill na televisão. Em sua estreia nas novelas, ela encarou o desafio de interpretar a patricinha Débora, de "Malhação" (2007-2009), que queria separar o casal Angelina (Sophie Charlotte) e Gustavo (Rafael Almeida). "Sempre me recordo de imagens daquela fase da minha carreira, que mexeu muito com a minha vida. Até hoje, tenho contato com pessoas com que trabalhei naquela época", comenta.
Nas seguidas mocinhas a que deu vida em quatro novelas, Nathalia destaca o carinho especial que sentiu por Maria Rita, a Santinha de "Paraíso" (Globo, 2009), sua primeira protagonista. "Ela era muito distante de tudo o que eu já vivi. Era um papel conectado à vida rural e foi um desafio muito prazeroso", diz ela, que fez par romântico com Eriberto Leão.
Agora, com um dos papéis mais marcantes de sua carreira, Nathalia tem comemorado a repercussão junto ao público. "Com certeza, é um grande momento na minha vida. Em todos os trabalhos que faço, procuro personagens que me desafiam e que me ajudam a crescer como pessoa", diz. "Estou preparada para a hora em que as boas oportunidades aparecem", complementa a atriz.