Quando começaram a remixar seu primeiro disco para relançá-lo em edição comemorativa de 30 anos, os integrantes do Barão Vermelho encontraram uma balada que Cazuza e Frejat escreveram para aquele álbum, mas não lançaram: ''Sorte e Azar''.
A música, última parceria da dupla ainda inédita, chega agora ao público como faixa-bônus da reedição de ''Barão Vermelho'' (1982), o álbum de estreia da banda. Ela pode ser ouvida no site da gravadora Som Livre (www.somlivre.com/barao) e também está à venda como faixa avulsa no iTunes, por US$ 0,99 (cerca de R$ 2).
Os barões originais - Frejat, Dé, Maurício e Guto - regravaram a base da canção, aproveitando das fitas antigas apenas o que era insubstituível: a voz de Cazuza. Como resultado, a diferença entre os instrumentos atuais (e o estilo de tocar, mais ''maduro'', segundo os músicos) e os vocais antigos é bastante nítida.
Segundo a banda, ''Sorte e Azar'' foi cortada do LP de 1982 por decisão dos produtores, Ezequiel Neves e Guto Graça Melo. ''Eles achavam que o disco tinha de ter uma urgência que rocks mais rápidos davam'', diz Frejat. ''A gente já tinha 'Bilhetinho Azul' e 'Down em Mim', mais uma balada talvez desse uma quebrada.''
O baixista Dé diz que a estratégia de Ezequiel era ''romper com o padrão da época, aquela MPB cansada''. ''Ele tinha um cantor que cantava berrando e uma banda de adolescentes tocando guitarras distorcidas e rápidas para caramba. Ter uma balada de amor ia contra a visão que ele tinha do disco.''
Outra razão mais pitoresca, citada por todos, foi a ''implicação boba'' de Ezequiel - o ''exagerado'' a quem Cazuza se referia na canção homônima, figura decisiva na carreira do Barão - com a palavra ''azar'' do título.
Limada da estreia, a canção acabou esquecida à medida que a carreira da banda se desenvolveu. ''O grupo foi para tantos lugares que nem olhávamos para trás, para essa música'', diz Maurício, o tecladista. ''É curioso que o Cazuza também não a tenha usado.''
Sobre o trabalho de remixagem do álbum, os barões dizem não ter mudado ''nada além do volume e o timbre dos instrumentos''. ''Senão a gente levaria 30 anos só para fazer esses acertos'', diz Guto Goffi.

Serviço:
- Barão Vermelho (1982)
Gravadora - Som Livre
Quanto - R$ 24,90