Barbara Sturm: "O maior desafio é que os diretores brasileiros passem a ver seus filmes não apenas como obra, mas também como produtos"
Barbara Sturm: "O maior desafio é que os diretores brasileiros passem a ver seus filmes não apenas como obra, mas também como produtos" | Foto: Letícia Godoy/ Divulgação



Barbara Sturm tem servido de ponte entre os produtores cinematográficos brasileiros e o mercado internacional. Diretora de conteúdo da Elo Company no Brasil, a paulistana desembarca neste sábado (18) em Londrina para ministrar uma palestra sobre planejamento estratégico para o cinema. Durante o evento que acontece dentro da programação do 19º Festival Kinoarte de Cinema, ela falará sobre alguns cases de sucesso em sua carreira, como a vitoriosa campanha do filme nacional "Que Horas Ela Volta", que ganhou vários prêmios dentro e fora do país e atraiu mais de 500 mil espectadores.

Criadora do Festival Internacional de Cinema de Balneário Camboriú, que chega à sétima edição entre os dias 23 de novembro e 4 de dezembro, Barbara respira cinema desde que nasceu. Filha de André Sturm, proprietário da distribuidora Pandora Filmes, durante oito anos liderou os setores de programação e distribuição da empresa do pai. Há dois anos, tem viajado pelo mundo vendendo filmes, séries e documentários brasileiros pelo mundo afora, incluindo os mais badalados festivais internacionais de cinema.

Pós-graduada em redes sociais com foco em mobilização digital, Barbara tem uma visão ampla do mercado cinematográfico e tem viajado todo o Brasil em busca de conteúdos multiplataforma que possam interessar empresários do ramo que atuam fora do país. Convidada pelos organizadores do Festival Kinoarte de Cinema para apresentar um resumo do curso "Como Funciona a Indústria do Cinema", idealizado por ela, a paulistana de 28 anos afirmou em entrevista à FOLHA que está disposta a conhecer o trabalho audiovisual produzido em Londrina e em todo o Paraná.

Como é sua rotina de trabalho na Elo Company?
Sou diretora de conteúdo da empresa. Meu trabalho é fazer contato com os produtores, avaliar projetos e trazer filmes, séries, longas e todo tipo de conteúdo para a empresa comercializar em cinema televisão e 'video on demand' no mundo inteiro. A gente trabalha somente com conteúdo brasileiro e comercializa as produções na América Latina, Ásia, Europa e Estados Unidos. Além disso a gente também lança filmes no Brasil, fazendo o trabalho tradicional dos distribuidores, que é colocar no cinema, fazer a campanha de estratégia de lançamento. Participo da busca de conteúdo e criação da estratégia de lançamento em todas as mídias junto com a equipe de vendas.

Como acontece o contato com os produtores?
Esse ano fui para 12 estados do Brasil, principalmente fora do eixo Rio-São Paulo, em encontros com produtores. Nestes encontros tem rodadas de negócios com projetos selecionados e mesas de distribuição.

Como você avalia o atual mercado cinematográfico brasileiro?
O mundo todo consome filmes americanos. Pra ser bem exata, acho que 79% dos ingressos de filmes vendidos no Brasil são de filmes americanos. Os outros 8% de filmes franceses e o restante divido no resto do mundo, inclusive o Brasil. É uma coisa bem absurda. Atualmente, os filmes comerciais de maior sucesso produzidos no Brasil são as comédias. Mas lá fora tem um mercado grande para o filmes autorais, que são vistos com curiosidade no mercado internacional. O maior desafio é que os diretores brasileiros passem a ver seus filmes não apenas como obra, mas também como produtos. E isso não implica em deixar a qualidade e o autoria de lado.

Serviço:
Palestra: Planejamento Estratégico para o Cinema
Quando – Sábado (18), às 10 horas
Onde – Acil (R. Minas Gerais, 297)
Entrada gratuita
*Inscrições pelo site kinoarte.org