Annika Chambers: "Minhas mãos tremem quando sinto o espírito da música"
Annika Chambers: "Minhas mãos tremem quando sinto o espírito da música" | Foto: Divulgação



A voz contagiou. E era possível ver o público dançando na cadeira inebriado pela sensualidade e voz da texana, de Houston, Annika Chambers. Embalada pelo blues, o tradicional som – não tão triste, mas sempre contagiante -, a revelação dançava no palco e as mãos transbordavam de emoção: "Minhas mãos tremem quando eu sinto o espírito da música", disse a cantora em entrevista exclusiva para a FOLHA.

E dá para entender porque o CD dela chama-se "Wild & Free" (2016): ela se solta no palco, se deixa levar pela música e não se intimida com o público. Nem um pouco: sambou com maestria no improviso do baterista. Não é à toa que é conhecida como a revelação musical, indicada como Artista Feminina pelo Blues Music Award, premiação que equivale ao Grammy do gênero. Sem contar que ela já coleciona o título de Melhor Álbum de Novo Artista 2015 do mesmo prêmio. "Eu me senti muito honrada por ter recebido este título, e foi chocante, porque eu sou a mais nova dos concorrentes", disse com sorriso estampado.

Annika cantava na igreja e sempre quis seguir a carreira, "Mas eu nunca tinha me visto em uma carreira internacional como esta", finalizou, ainda no camarim, pronta para entrar no palco do Teatro Crystal, na sexta-feira(10).

Os músicos estavam na mesma pegada e o show saiu do tradicional: performance do tecladista Luciano Leães arrancou aplausos do público. A banda que acompanhou Annika nesta turnê pelo Brasil foi a de Igor Prado, um dos nomes mais conhecidos no cenário nacional do blues. Igor, o guitarrista que é canhoto, tem uma impressionante técnica que se deixa envolver com a emoção que os companheiros Leães, Rodrigo Mantovani (baixo) e Yuri Prado (bateria) completam. "Nos conhecemos há um tempão, mas foi no ano passado que nos juntamos para tocar blues", diz Leães.

EXPECTATIVA
O que Annika esperava da plateia era, principalmente, intensidade. "O público brasileiro manda muita energia para o palco, e isso nos empolga na hora da apresentação", disse ligada depois do segundo show, sábado (11), no Bar Valentino. A noite de lua cheia deu lugar a um espaço intimista no "Valeco". Mesas postas lado a lado e o público mais perto da artista fizeram o show ainda mais enérgico. E como se não bastasse toda a agitação, nas duas noites ela desceu do palco e cantou – sem precisar de microfone - "I Prefer You".

A abertura do 7º Festival de Blues de Londrina ficou por conta do Grande Elenco formado pelo guitarrista e organizador do evento, Kiko Jozzolino e banda, composta por: Wesley Florêncio (saxofone), Elthon Dias (bateria), Filipe Barthem (trompete), Mateus Gonsales (piano) e Gabriel Zara (baixo). O destaque da apresentação foi o Forró Blues, quando a musicalidade brasileira tomou conta da guitarra, do triângulo e da sanfona que foi comandada por Osni Rodrigues. Se há tristeza no blues, ela ficou de lado por um momento para dar espaço ao ritmo nacional. Também teve participação especial de Bárbara Sahão (violino) e Eduardo Sahão (baixo), Elaine Fiora (vocal), Vinícius Zanin (vocal) e Elieser Botelho (guitarra).

O Festival de Blues de Londrina é conhecido por trazer artistas internacionais e também valorizar os locais em todas as edições. Diferente dos anos anteriores, este ano as apresentações começaram em março e tem mais pela frente. "Estendemos o festival para o ano todo. Começamos em março e teremos shows em junho, o tradicional de agosto com quatro noites e outra em novembro", disse Jozzolino. E para não perder o embalo deste último fim de semana, terá apresentação no Catuaí Shopping no dia 16, quinta-feira.