Amy Adams seria indicação obrigatória pelo desempenho em "A Chegada" (foto) ou "Animais Noturnos", mas ficou fora da lista
Amy Adams seria indicação obrigatória pelo desempenho em "A Chegada" (foto) ou "Animais Noturnos", mas ficou fora da lista | Foto: Fotos: Divulgação



No domingo (26), em plena madrugada deste lado do Atlântico, serão entregues os prêmios mais midiáticos do cinema. Neste contexto, aponte-se também a maior passarela de glamour do mundo – ponto culminante de uma série de tapetes vermelhos estendidos do lado de fora de festivais planetários, de Cannes a Veneza, de Toronto ao Globo de Ouro e Berlim. E em plena era Trump, parece que a comunidade de Hollywood de novo vai responder à mesquinha e intolerante política anti-imigração do presidente-reality show, como já vem fazendo durante as entregas de prêmios anteriores. Assim, nem tudo será tão dourado como parece neste edição de 2017. A gala deste ano não conseguiu esconder pelo menos sete polêmicas das quais se fala muito pouco, e que é importante recordar.

Sofia Coppola: entre as poucas mulheres indicadas ao Oscar de melhor direção este ano
Sofia Coppola: entre as poucas mulheres indicadas ao Oscar de melhor direção este ano



1 – Os esquecidos da Academia.
Quando sai a lista, junto vem acoplada a primeira controvérsia. Nem sempre é o que se espera, e sempre há nomes que ficam pelo caminho. A principal injustiça desta edição fica por conta da ausência de Amy Adams concorrendo a melhor atriz. Sua inclusão obrigatória, por "A Chegada" e/ou "Animais Noturnos", teria sido a sexta candidatura. Já no caso de Viola Davis, parece ter havido imperdoável equivoco: saiu como coadjuvante, mas seu trabalho em "Um Limite Entre Nós" merecia com certeza nominação para melhor atriz. Fala-se da ausência de "O Silêncio" para melhor filme e do diretor Martin Scorsese entre os indicados. Falta conferir o filme, com estreia agora em março.

2 – Casey Affleck, imbróglio sexual
O ator que levou o Globo de Ouro e um Bafta Por "Manchester by the sea" tem para desabonar seu currículo uma denúncia de abuso sexual ocorrida em 2010.O ator foi acusado por duas mulheres que trabalharam com ele em filme que dirigia. Houve processo, as partes chegaram a um acordo (U$ 2 milhões para cada uma). O caso foi encerrado mas o fato não foi esquecido.

3- O visto para imigrantes.
A decisão do Tribunal de Apelações dos EUA de negar o veto de Trump aos imigrantes garantiu na cerimônia a presença do diretor iraniano Ashgar Farhadi, do longa ("O Apartamento") que concorre a melhor filme estrangeiro, e dos realizadores sírios do documentário de curta metragem "Os Capacetes Brancos".

4 – Uma gala com forte politização ?
A movimentação em torno desses dois casos injetou fermento de última hora na politização do evento. Trump vem colecionando prêmios como pior chefe de Estado da história dos Estados Unidos, e muito dificilmente vai escapar de duras críticas, ainda que disfarçadas nos textos do mestre de cerimônias Jimmy Kimmel ou embutidas em citações cifradas nos agradecimentos dos premiados. A multiplicada vitrine do Oscar é muito vasta para deixa passar a oportunidade: as medidas contra imigrantes, as restrições às políticas social, a homofobia, tudo deverá ser motivo para aumentar a pressão sobre o empresário-presidente.

5 – E as mulheres ?
Mais uma vez as mulheres realizadoras brilham pela ausência na cerimônia: todos os nominados a melhor diretor são homens. Em toda a história do Oscar, somente quatro mulheres foram nominadas nesta categoria: Lina Wertmuller, Jane Campion, Sofia Coppola e Kathryn Bigelow. O problema não é somente que não sejam nominadas, mas elas nem sequer tem oportunidade de dirigir grandes projetos.

6 – E os latinos ?
Depois de muito barulho ano passado (o hashtag #OscarSoWhite firmou posição) sobre a ausência de candidaturas negras em quase todas as categorias, este ano as nominações foram muito mais inclusivas. Grande presença de afro-americanos, mas o que aconteceu aos latinos ? Somente 4 são de origem hispânica.


7 – Sem super-heróis
Nem mesmo Ryan Reynolds com seu esperto personagem de "Deadpool" abriu vaga na lista, o mesmo ocorrendo nas categorias mais técnicas. Foi uma temporada onde brilharam personagens de carne e osso e alma. Ponto para a Academia.