o mar tem um pé que dorme e é avesso
ele o agita com despeito do sono
o que é o sonho do pé? Talvez mais chão
o chão de fabulações em que se
pisa sendo e que não incisa a sanha
mais perto das plantas brotam incêndios
ahh...bom meter o pé no que amanheço
e caminhar sangrando todo outono
que desfalece no dobrar dos joelhos
os joelhos como que íntimas maçãs se
encolhem temendo o abocalcanhar
do que se consome onde permaneço
e mais sangra de lamber o que espiono
as carnes abertas que rasgam o verbo
mais perto das plantas brotam incêndios
onírico é o tempo em que me insiro
tropeçando no que desacredito
e chutando as palavras goelas abaixo
é preciso apressar o pé que dorme
há que se andar