Em 12 de fevereiro de 2012, um domingo, a cidade viu o Teatro Ouro Verde ser engolido pelo fogo. "As pessoas foram para a frente do prédio, incrédulas, chorando. Um sentimento ficou evidente: a importância que o teatro tinha para a cidade porque, através dos espetáculos, houve conscientização política e social", afirma o ator Paulo Braz.

"Então o Teatro Ouro Verde passou a ser mais valorizado", informa Luiz Bertiplagia, diretor do FILO, mesmo porque atores de cinco continentes já tinham pisado naquele palco. "Causou comoção muito forte perder o teatro, porque lá dentro as pessoas viveram muitas emoções tanto no cinema, como nos espetáculos", enfatiza.

A rampa que leva ao balcão do teatro mostra o projeto curvilíneo de Vilanova Artigas, um dos marcos da arquitetura moderna
A rampa que leva ao balcão do teatro mostra o projeto curvilíneo de Vilanova Artigas, um dos marcos da arquitetura moderna | Foto: Fotos: Gustavo Carneiro



Depois das cinzas, foram cinco anos, entre paradas e retomadas de obras, para que o Ouro Verde ficasse pronto. No entanto, olhar para o futuro causa esperança. "Já imaginamos começar o FILO 2017 usando o palco do Ouro Verde, estamos pensando num espetáculo que vai abrir o festival. Eu estou muito ansioso, vai ser uma emoção dupla. Ter o Ouro Verde de volta é muito bom, é um recomeço", sorri Bertipaglia.

O ramo de café no carpete: símbolo do Ouro Verde e de Londrina
O ramo de café no carpete: símbolo do Ouro Verde e de Londrina



O 'ouro' que reluz de novo
Reformar o Ouro Verde foi um verdadeiro desafio para Luciana de Almeida, arquiteta da Prefeitura do Campus da UEL responsável pela fiscalização da obra. "Trabalhar na reforma não foi algo simples. Houve algumas incompatibilidades de projetos no início e muita coisa foi resolvida já em obra. Era preciso manter a essência e trabalhar com o cuidado em deixar do jeito que era", afirma.

A arquiteta viu no desafio a oportunidade para entregar o teatro ainda melhor. A grande novidade é o elevador de carga, localizado no terreno dos fundos do Ouro Verde. "O equipamento será utilizado para carga e descarga com acesso direto ao palco, o que antes era feito pela porta de entrada, correndo o risco de danificar o prédio e os instrumentos", explica a arquiteta.

Colunas revestidas de pastilhas: elementos da arquitetura dos anos 50/60
Colunas revestidas de pastilhas: elementos da arquitetura dos anos 50/60



O teatro estará mais acessível. Seis poltronas foram destinadas a cadeirantes e seis para pessoas obesas, somando ao todo 726 lugares (214 no mezanino e 512 na parte inferior). Também foram providenciadas duas plataformas de acesso ao palco para cadeirantes, uma dos camarins e outra da plateia. O palco está maior, 258 metros ante os 180 anteriores e também está mais alto. O projeto foi executado de acordo com as normas de combate a incêndio, com aplicação de antichamas em todas as superfícies e instalação de sprinklers.

Tecnicamente, o teatro oferece maior liberdade. "A parte cênica foi toda reestruturada, com cortinas mecanizadas, escadas de iluminação, canhão de fumaça, climatização em todos os ambientes, inclusive no palco, refletores em LED e passarelas interligadas para facilitar as passagens", informa.

Com cinco anos de reforma e investimento próximo dos R$ 18 milhões,com recursos do governo do Estado, a entrega oficial da obra estava prevista para 31 de março, mas aguarda o sistema de sonorização e elevador de cargas. "A obra já está completa, só aguarda esses itens que já foram aprovados. Agora depende também dos fornecedores", afirma. A nova previsão é que até o dia 30 de maio o Ouro Verde esteja com esses últimos itens instalados, pronto para receber o público e inspirar novas histórias. (L.T.)