São Paulo - No filme ''À Beira do Caminho'', que estreia hoje nos cinemas brasileiros, a história de um solitário caminhoneiro João (João Miguel) é contada pelo contraste gerado entre grandes silêncios e canções de Roberto Carlos, que norteiam todo o enredo. ''Sempre acho que o filme é tão simples e tão profundo quanto uma música de Roberto. Você pensa que já viu a história e, de repente, aquilo toca você'', explica o diretor Breno Silveira -conhecido pelo fenômeno nacional ''Dois Filhos de Francisco'' (2005).
O longa conta a trajetória do atormentado João, que, atrás de um volante, percorre estradas pelo Brasil afora. Como companhia, tem apenas as músicas do Rei e suas memórias de um passado feliz, que será revelado aos poucos. Sua solidão é quebrada, no entanto, quando o menino Duda (Vinicius Nascimento) pega carona em seu caminhão, de forma clandestina. Sem saber onde deixar o ''moleque'' - como o motorista chama o garoto -, ele o carrega em sua boleia até São Paulo.
''O filme fala de amor, de perda e da busca de ir em frente, de não parar na beira do caminho. E, ainda, do encontro de pessoas desconhecidas, que podem mudar seus destinos'', diz Miguel.
O filme carrega no lado dramático, sem medo de levar o espectador às lagrimas. ''A emoção só pega o público quando ela é sincera. Se você faz algo que não é apelativo, não é melodramático, mas que os atores demonstram estar vivendo, você embarca no que eles sentem em cena'', explica Silveira, que, durante as filmagens do longa perdeu a mulher, Renata, em decorrência de um câncer. A tragédia pessoal levou Breno Silveira a interromper o trabalho no filme por cerca de um ano e meio.
Músicas escolhidas
As canções ''A Distância'', ''O Portão'', ''Outra Vez'' e ''Amigo'' estão em suas versões originais no filme ''À Beira do Caminho'', que estreia hoje. Mas o espectador só vai ter o prazer de ouvi-las graças ao esforço da equipe de produção. ''A gente começou o filme por um impulso louco, sem ter o aval do Roberto Carlos'', conta o diretor Breno Silveira.
Segundo ele, a única forma de Roberto autorizar seria vendo o filme já pronto. ''Era um processo esquizofrênico. Escutávamos o dia inteiro as música dele na filmagem, mas com a possibilidade de ele não autorizar o uso.''
Depois de o filme feito, a tensão só aumentou, pois ninguém conseguia o contato do cantor. Quando finalmente aconteceu a exibição do filme para o Rei, a resposta veio de forma tranquila, mas ainda levou um mês para sair a autorização. ''Quando veio a notícia, foi maravilhoso. Não sabia quantas músicas seriam liberadas, e foram quatro!''