Maria Gadú:"Estou em processo de estudo, minha música muda todos os dias"
Maria Gadú:"Estou em processo de estudo, minha música muda todos os dias" | Foto: Divulgação



Interpretando a canção "Shimbalaiê", Maria Gadú conheceu o estrelato que a transformaria em um dos mais rentáveis produtos da indústria fonográfica nacional. A voz afinada e a forte empatia com o público lhe rendeu milhões de discos vendidos, participação em trilhas sonoras de novelas e dezenas de músicas que alcançaram o topo das paradas de sucesso, além de uma badalada turnê ao lado de Caetano Veloso. Prestes a completar dez anos de carreira, com uma grande dose de coragem e ousadia, a cantora paulistana rompeu com o formato bem-sucedido na tentativa de encontrar uma nova estética sonora que traduzisse sua inquietação artística.

Lançado no ano passado o álbum Guelã marca essa fase de transição. O disco deu origem à turnê homônima que a cantora apresenta aos londrinenses neste sábado, às 21 horas, no Teatro Marista. O show conta com apoio do Grupo Folha de Comunicação. Reunindo novas músicas e canções já consagradas, o espetáculo conta com Maria Gadú (voz, guitarra e surdo); Federico Puppi (cello e vocais), Lancaster Pinto (baixo e vocais) e Felipe Roseno (bateria, percussão e vocais).

Guelã é o sexto álbum lançado por Maria Gadú e o sexto disco de estúdio da cantora. O trabalho apresenta um contraste entre a MPB e toques de experimentalismo nos quais o habitual violão da artista cede lugar às guitarras. Segundo a própria cantora, o show baseado no CD ficou áspero e escuro como ela desejava, explorando silêncios e longos trechos instrumentais. O novo show da cantora ganhou registro em DVD lançado no final do ano passado.

O disco de estreia de Maria Gadú, batizado com o nome da cantora, foi lançado em 2009, quando ela tinha apenas 22 anos de idade. A canção "Shimbalaiê", sua primeira composição feita aos 10 anos de idade, foi incluída na trilha sonora da novela "Viver a Vida" e foi exaustivamente tocada nas rádios de norte a sul do País. Desde então, a cantora lançou outros cinco álbuns antes de gravar "Guelã", incluindo um CD duplo ao vivo em parceria com Caetano Veloso.
Em entrevista à Folha por e-mail, a cantora fala sobre a nova turnê e os planos de gravar um novo álbum em breve.

Guelã apresenta uma sonoridade bastante diferente de seus trabalhos anteriores. Como tem sido a reação de seus fãs diante desta nova estética musical? Mudou o perfil de sua plateia?
Reações boas! Para a galera que está mais ligada em sonoridade, o disco caiu super bem. É claro que não é um disco de hits. Os shows têm sido intensos e acho que as pessoas têm se surpreendido em como as canções funcionam ao vivo. Não sei se o perfil mudou, mas acho que está mais amplo. Tenho a sensação de que quem não gostava das minhas músicas está mais aberto a essa nova sonoridade.

Você fez um caminho inverso em relação à maioria dos artistas, que é sair do mainstream para um trabalho mais conceitual e alternativo. É um caminho sem volta?
A arte é feita de milhares de rumos. Cada disco é diferente do outro porque estamos sempre mudando e a música fica como reflexo da vida. Essa minha mudança é devido a coisas que venho ouvindo, vivendo. A ideia é estar sempre em mutação, ampliando conhecimento, explorando sonoridades e formas.

Em entrevistas você tem afirmado que o CD Guelã marca o fechamento de um ciclo. Já tem ideia de como serão seus novos trabalhos?
Assim que esse tour acabar em agosto, já vou entrar em processo de imersão do próximo álbum. Já estou compondo canções e estudando sonoridades diferentes. Penso que Guelã foi uma porta pra uma infinidade de coisas que eu quero, tanto musicais quanto visuais.

Você se sente mais madura como cantora e compositora? Como avalia musicalmente essa fase atual?
Acho que a maturidade vem chegando com a experiência e disponibilidade. Quando gravei meu primeiro disco, tinha 20 anos. Agora tenho 30, muita estrada e aprendizado. Ao longo do tempo você vai mudando sua forma de se comunicar, expandindo seu vocabulário. Estou em processo de estudo, minha música muda todos os dias. Tenho sentido uma liberdade muito maior ao cantar, compor e tocar.

Sentiu algum tipo de preconceito ao assumir publicamente seu casamento com a produtora Lua Leça? Acha que o País caminha para uma abertura de mentalidade nesse sentido?
Senti menos do que o país aplica. Na verdade sentimos de forma viva muito carinho e festa das pessoas. Estamos na luta todos os dias pra combater o preconceito de forma geral. Acredito que toda expressão de liberdade, como tratar nosso casamento como qualquer outro casamento, ajuda as pessoas a compreenderem que o que importa é o amor.

Serviço:
Maria Gadú – Guelã ao Vivo
Quando – Sábado (18), às 21 horas
Onde – Teatro Marista (Rua Cristiano Machado, 240)
Quanto – R$ 60 a R$ 160
*Assinantes da Folha de Londrina têm descontos especiais na compra dos ingressos
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