O tatame e o kimono abrem espaço para os microfones e as câmeras. O judoca Flávio Canto passa a apresentar, a partir do dia 10, o ''Corujão do Esporte'' nas madrugadas de sexta da Globo. O atleta assume o lugar do ex-jogador de vôlei Tande, que irá se dedicar exclusivamente ao ''Esporte Espetacular'', exibido aos domingos pela Globo.
Fã incondicional do poder de transformação do esporte, Flávio encara essa nova oportunidade como uma forma de mostrar bons exemplos pelo Brasil afora. ''O país precisa de inspiração e isso não falta por aí. Gosto muito das histórias de superação e é isso que eu quero trazer para o programa'', explica.
Há um ano, após ficar sete meses longe das competições por conta de uma lesão no joelho, Flávio passou a focar mais na carreira de apresentador. O atleta voltou ao comando do ''Sensei'', programa sobre artes marciais que vai ao ar no SportTV. Logo que voltou a competir, na sua semana de estreia, Flávio foi chamado pela editora-chefe do ''Corujão do Esporte'', Rosane Araújo, para gravar alguns pilotos e ver como se saía. ''Comecei a acompanhar os programas e fui gostando cada vez mais da ideia. Até que, no final do ano, eles me chamaram pra ficar de vez e assumir em fevereiro'', lembra.
O judoca, que se considera um ''faixa branca'' no mundo televisivo, tem trabalhado intensamente para crescer, com a orientação de uma fonoaudióloga para melhorar a dicção e aulas de interpretação no vídeo. O atleta, que é formando em Direito, também pensa em fazer pós-graduação em jornalismo esportivo para maior especialização na área. ''Estou começando tarde na tevê, e sei quem começa tarde tem de se esforçar dobrado. Vou sugar ao máximo o que eu poder daqui'', planeja.
Ansioso e assustado com a estreia, Flávio não se limita à apresentação do programa e faz questão de participar de cada detalhe do processo de produção e edição. ''Não tenho frescura. O que mandarem fazer, eu faço. Varro até o chão se for preciso'', brinca.
No período que antecede sua estreia, Flávio já fez algumas entrevistas. Recentemente, foi ao interior de Minas Gerais para conhecer a história do lutador de UFC Rousimar Palhares.
Apesar de comandar um programa sobre lutas e ser judoca profissional, Flávio afirma que não terá problemas para comentar outros esportes. Por ter começado tarde no judô, aos 14 anos, o atleta tentou várias outras modalidades, como futebol, natação e surfe, antes de se firmar no judô. ''Passei a vida inteira acompanhando esportes. Desde garoto eu disputava o caderno de esportes do jornal com meu irmão no café da manhã. Nesse quesito estou bastante à vontade. É o que eu mais gosto'', esclarece.
O futuro de Flávio no judô ainda é incerto. Apesar de ser uma das decisões mais difíceis de sua vida, o atleta considera complicado conciliar o caminho na televisão com os treinos. Além disso, Flávio não voltou a sua antiga forma física de antes da lesão. Após passar por quatro cirurgias, o judoca ainda sente pequenas dores no joelho. ''Meu corpo está pedindo para diminuir o ritmo. Tem uma hora na vida que a gente precisa tomar essa dura decisão. Sair daquilo que a gente brinca ser a Terra do Nunca, do Peter Pan. Talvez seja a hora de assumir essa transição e o momento não podia ser mais propício. Fazer o que faço hoje na Globo é muito bom'', analisa.