Documentarista carioca Eliza Capai ministra oficina em Londrina e entrevista  representantes de movimentos sociais que ocuparam prédios públicos na cidade
Documentarista carioca Eliza Capai ministra oficina em Londrina e entrevista representantes de movimentos sociais que ocuparam prédios públicos na cidade | Foto: Reprodução


Ativistas sociais de Londrina estarão entre os personagens de um documentário dirigido pela premiada jornalista, documentarista e midiativista carioca Eliza Capai. Atuante em causas feministas, migratórias e ambientais e com dezenas de trabalhos cinematográficos produzidos em países latinos, na Europa e na África, ela está na cidade esta semana para ministrar uma oficina sobre midiativismo a convite da AlmA Londrina Rádio Web. E aproveita a viagem para entrevistar representantes de movimentos estudantis que ocuparam espaços públicos, tema central de seu mais novo trabalho.

Em Londrina desde quinta-feira (22), Eliza agendou entrevistas com universitários que ocuparam prédios da UEL (Universidade Estadual de Londrina) no final do ano passado. A documentarista também programou um encontro com integrantes do Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (Marl), que atualmente ocupam a antiga sede da Ules (União do Estudantes Secundaristas de Londrina) e promovem diversas manifestações culturais no local. "Minha intenção é entender a diversidade que existe dentro destes movimentos que estão acontecendo em diferentes locais do Brasil", afirma a jornalista.

Eliza Capai tem dois longas-metragens no currículo. Lançado em abril de 2017, o mais recente chama-se "#Resistência" e foi gravado durante as ocupações culturais que aconteceram entre abril e agosto 2016 (período que vai do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff e até a nomeação do atual presidente Michel Temer). O documentário mostra as tensões, ações e repressões ocorridas em espaços públicos como a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a Fundação Nacional de Artes (Funarte-SP) e o prédio do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro, além de manifestações de rua contra os retrocessos em projetos culturais e educacionais no Brasil. Dentre as atividades programadas durante a estadia em Londrina, a documentarista agendou para a noite de quinta-feira, no Centro Cultural Sesi/AML, uma exibição do filme "#Resistência" seguida de bate-papo com participantes da oficina sobre midiativismo promovida pela AlmA Londrina Rádio Web.

A carioca também dirigiu dezenas de curtas-metragens, sempre buscando dar voz às causas feministas e movimentos sociais liderados por homossexuais, estudantes e representantes de comunidades carentes. A grande maioria das produções é feita em viagens solitárias que a jornalista realiza pelo mundo. "Antigamente, produzir um filme custava muito caro e exigia o trabalho de uma grande equipe. Hoje em dia, é possível criar materiais audiovisuais incríveis usando apenas a câmera de um celular, como eu tenho feito em muitos dos meus trabalhos", afirma a diretora que já realizou filmagens em mais de 25 países e teve produções exibidas em canais de TV pagos, como uma série sobre políticas afirmativas que foi ao ar pelo GNT.

Radicada em São Paulo, Eliza tem acompanhado com um olhar bastante crítico a luta feminista travada no País. "Aos poucos temos conseguindo alguns avanços. O maior deles foi, sem dúvida, ter um mulher ocupando o cargo de presidente da república, o mais alto posto a ser ocupado no Brasil. Na contramão disso, existe uma forte onda retrógrada liderada pelo atual presidente que reafirma a condição da mulher como bela, recatada e do lar e que escolheu apenas homens para ocupar os cargos de ministros de Estado. Essa realidade afeta diretamente a autoestima das meninas que acabam achando que a igualdade de gêneros nunca será alcançada. Mas continuamos lutando para provar que o lugar da mulher é onde ela deseja estar", argumenta.

A documentarista acredita que está nas novas gerações a solução para este e outros problemas de ordem social enfrentados no País. "Hoje em dia a gente vê, por exemplo, muitos homens bacanas que têm atitudes machistas por achar normal repetir velhos comportamentos considerados normais. Mas isso não será admitido pelas novas gerações que estão chegando com força total e assumirão o poder em breve. Os movimentos estudantis estão aí para provar isso", conclui.
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