Numa época em que velocidade e novidade são cultuadas como deuses, desejar o arcaico é quase um crime. E é justamente esse tipo de desejo que Nélida Piñon defende em ''Livro das Horas'', sua nova obra que acaba de chegar às livrarias pela editora Record.

''Pretendo ser arcaica, não fazer parte dos tempos atuais.'' Com essa frase a escritora cariosa expressa, aos 75 anos de idade, a sensação de não pertencer ao século 21 entupido de novidades velozes. Dizendo-se ''presa fácil da memória'', percorre os labirintos das lembranças para deixar claro que sua leitura dos sentimentos humanos não encontra espaço nos dias de hoje. Faz parte de um tempo suspenso.

Apesar de se apresentar como literatura memorialística, ''Livro das Horas'' não se encaixa num único gênero. Memórias, autobiografia, diário, divagações, reflexões, ensaio e apontamentos aparecem lado a lado num mosaico que tudo suporta. Tudo de maneira fragmentária e sem ordem cronológica.

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