Ana Hickmann: assédio de fã que começou na internet chegou ao extremo com a invasão de seu quarto no hotel
Ana Hickmann: assédio de fã que começou na internet chegou ao extremo com a invasão de seu quarto no hotel | Foto: Bruno Poletti/Folhapress


Em maio deste ano, um fã da apresentadora Ana Hickmann foi morto após invadir o quarto do hotel em que estava hospedada em Belo Horizonte. No episódio, Rodrigo Augusto ameaçou a apresentadora com uma arma, que no momento estava acompanhada do cunhado e da assessora, que acabou sendo baleada no confronto. O fã foi morto a tiros com a próprio revólver, depois de ser rendido pelo cunhado. As investigações concluíram que o fã, tempos antes, acompanhava diariamente a vida da apresentadora pelas redes sociais, onde enviava várias mensagens com declarações de amor e, também, de descontentamento pela falta de retribuição.
Dentre as redes sociais mais populares usados pelos famosos estão o Facebook, Instagram, Snapchat e YouTube que acumulam milhares de seguidores ávidos em saber detalhes da vida artística e do cotidiano de seus ídolos. De uns anos para cá, porém, pessoas comuns – até então anônimas – vêm aproveitando o bom momento para divulgarem seus trabalhos. Se antes as usavam apenas para manter contato com os amigos e familiares, agora, as plataformas são uma forma de ganhar visibilidade e dinheiro. Para tanto, expõem ao mundo a vida profissional e até mesmo a intimidade.
Com isso, muitas contas passam da singela casa das centenas para milhares de seguidores. A cada nova foto, portanto, a enxurrada de "curtidas" acompanha os números, comentários e mensagens que são postadas. Um campo vasto para elogios, críticas, mas também muito assédio e ofensas. Quanto à isso, ainda não há uma forma totalmente eficaz de controle por parte do administrador da conta. Mas, há pouco tempo, o Instagram adicionou uma nova ferramenta para combater esse tipo de assédio e fazer do aplicativo de compartilhamento de fotos e vídeos um lugar mais "amigável".
A rede social, propriedade do Facebook, começou a permitir que algumas celebridades e usuários de contas com mais seguidores, cujas publicações geram centenas de comentários, filtrem as respostas que recebem. Estes usuários poderão desativar completamente a opção de receber comentários em determinadas publicações ou aplicar filtros, por palavras-chave, às reações dos seus seguidores. Se esta etapa de teste com as contas mais populares se desenvolver bem, a nova função poderá começar a ser disponibilizada para mais usuários nas próximas semanas.
Atualmente, o Instagram já permite que os usuários apaguem comentários ou usem um filtro projetado para bloquear publicações hostis ou obscenas. Permitir que os usuários decidam quais comentários querem bloquear nas suas contas ajuda o Instagram a encontrar um equilíbrio entre as acusações de censura e as críticas de que a rede social não faz o suficiente para impedir o assédio on-line. Em junho, o Instagram anunciou que seu número de usuários ultrapassou a barreira de 500 milhões, dos quais mais de 100 milhões adotaram o aplicativo no último ano. Com estes 100 milhões de novos usuários em menos de um ano, a plataforma deve gerar receita de US$ 1,5 bilhão em 2016.

FALSO ANONIMATO

Se muitos se escondem na falsa sensação de anonimato que os gadgets trazem, a psicóloga, Simone Oliani, analista do comportamento, integrante da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC), explica que quem faz comentários de cunho ofensivo ou preconceituoso na rede, também o faz na vida na real, em maior ou menor grau. "São pessoas que já possuem padrão agressivo em suas relações. Mas, algumas vezes, não manifestam com tanta exposição." Sobre esse aparente anonimato, ela acrescenta que, além de leis e formas de rastreamento existentes, a própria sociedade não tem permitido comportamentos assim na internet, mostrando indignação coletiva. "Mas acredito que a melhor forma de punição é deixar de seguir ou se afastar de valores que não condizem aos seus. Alimentar a ofensa e o ódio não ajudam a construir uma sociedade tolerante e mais humanizada."(Com AFP)


Carol Borba:"O corpo é meu instrumento de trabalho, não há como fugir disso"
Carol Borba:"O corpo é meu instrumento de trabalho, não há como fugir disso" | Foto: Saulo Ohara


CANTADAS GROSSEIRAS

De olho no mercado fitness, há pouco mais de um ano, a personal trainer Carol Borba decidiu abrir as portas de suas redes sociais. Dona de um corpo desenhado pela boa forma, fruto de exercícios e alimentação correta, usa as plataformas virtuais, principalmente o Instagram, para divulgar o trabalho real que realiza e, ainda, um pouco da vida pessoal. Neste curto período, já acumula mais de 4 mil seguidores. "Antes eu até postava fotos do meu trabalho, mas de forma mais tranquila, sem muito compromisso. Agora, eu chego a postar até duas fotos ou vídeos todos os dias", conta.
Entre um clique e outro, seu foco, literalmente, são os exercícios, que colocam seu corpo em evidência. "É meu instrumento de trabalho, não há como fugir disso. Muitas pessoas, principalmente homens, 'confundem' isso e acabam se insinuando." Não raras as vezes, são grosseiros e ofensivos, com propostas, inclusive, sexuais. "Já recebi nudes, mensagens pornográficas, telefones e convites desse tipo. Mas são mais no privado. Eu ignoro e bloqueio alguns casos. Meu marido também teve de aprender a lidar com isso", enumera. No caso dos "haters", que geralmente fazem comentários negativos ou xingamentos, ela diz que não apaga os comentários. "No final das contas, o saldo da balança ainda fica positivo. É uma parcela pequena desses inconvenientes."


Áchila Limma: "Há tons mais educados, inclusive para criticar"
Áchila Limma: "Há tons mais educados, inclusive para criticar" | Foto: Ricardo Chicarelli


TONS MAIS EDUCADOS

A blogueira de moda Áchila Limma, de 24 anos, com quase 6 mil seguidores no Instagram e mais de 40 mil inscritos no canal do YouTube, ganha a vida com as redes sociais. Da produção dos vídeos e fotos, edição do material, atualização de conteúdo e administração das páginas, ela quem faz tudo sozinha. "Eu fico de olho o tempo todo no celular. Também respondo individualmente a todos comentários. Como o fluxo é muito grande e não dou uma resposta padrão, estou com alguns (1,7 mil) acumulados", confessa ela, cujos vídeos, seu maior filão, falam sobre dicas de moda, maquiagem, produtos e comportamento.
Dentre as mensagens e comentários que recebe, a blogueira diz que são mais perguntas e dúvidas, já que posta muitos tutoriais de beleza. "Em três anos com as redes sociais, foram poucos casos de ofensas. Nunca recebi assédio. Um ou outro faz uma crítica que não acrescenta em nada ou que magoam, mas tento responder numa boa. Não é por a pessoa está atrás de uma tela que pode falar o que quiser. Há formas e tons mais educados, inclusive para criticar. Ninguém tem o direito de sair ofendendo os outros gratuitamente", comenta Áchila que, atualmente, posta três fotos ao dia e dois vídeos por semana em seu canal. Além destes, ela alimenta diariamente o Snapchat e o blog.