Filme dirigido pelo cineasta Semi Salomão relata a história de Jesus Cristo, retratando sua vida pública, os milagres, sua morte e ressurreição
Filme dirigido pelo cineasta Semi Salomão relata a história de Jesus Cristo, retratando sua vida pública, os milagres, sua morte e ressurreição | Foto: Fotos: Ghabiru Sperandio/ Divulgação



Um projeto, no mínimo, audacioso acaba de ganhar as telas de cinemas de várias cidades do Brasil. O filme "Jesus, a Esperança" estreou esta semana na cidade de Arapongas (PR), Pato Branco (PR), Guarapuava (PR), Brusque (SC) e Porto União (SC). Em Londrina, será exibido neste sábado (16) e domingo (17), às 14h40, na rede Cinesystem do Londrina Norte Shopping. Há possibilidade das redes estenderem a programação. Não fosse o fato de ser mais um filme sobre Jesus Cristo, o longa-metragem de 90 minutos é curioso em vários aspectos. Dentre eles, de ter sido produzido de forma independente na cidade de Arapongas, gravado na zona rural de Sabáudia (região Metropolitana de Apucarana), possuir um elenco de quase 500 figurantes e não atores, e ser produzido com recursos próprios e ajuda da comunidade local estimados em R$ 3 milhões.

O filme, dirigido pelo cineasta Semi Salomão, relata a história de Jesus Cristo, retratando sua vida pública, os milagres, a conspiração em torno de sua existência, sua morte e ressurreição. Narrada pela perspectiva bíblica e baseada nos quatro evangelhos sinóticos, a produção é dividida em episódios dos principais momentos da vida do líder cristão, incluindo a famosa passagem da Via Crúcis e a crucificação. Além da zona rural de Sabáudia, onde foram rodadas a maior parte das cenas, foi montado um set de filmagens que reproduzia o Palácio de Pôncio Pilatos e a Casa de Herodes. O trailler (www.youtube.com/watch?v=VpfnoraJDX4&t=8s) dá uma ideia das imagens que pode ser conferido no site oficial www.jesusaesperancaofilme.com.br.

Entre as curiosidades da produção, consta o elenco de 500 figurantes, uma réplica das multidões que acompanhavam Jesus
Entre as curiosidades da produção, consta o elenco de 500 figurantes, uma réplica das multidões que acompanhavam Jesus



Realização
O projeto de realizar o longa-metragem sobre a história de Jesus Cristo foi iniciado pelo grupo cênico Mãe do Céu, um grupo teatral que, há 20 anos, apresenta a encenação Paixão de Cristo em Arapongas, reunindo um elenco com mais de mil integrantes e um público de cerca de 30 mil pessoas. Para a realização deste filme foi utilizada toda a estrutura e equipe do grupo, como cenógrafos, figurinistas, maquiadores, iluminadores e diversos colaboradores de outros setores. A partir desta produção, o grupo criou seu braço cinematográfico, a Mãe do Céu Films. As filmagens foram realizadas no segundo semestre de 2016, durante cinco meses – aos fins de semana –, e a edição e pós-produção finalizada este ano. A distribuição do filme está sendo feita pela Moro Filmes, de Curitiba.

Sonho
Luiz Vechiatto, empresário do ramo de alimentos, é um dos que encabeça o projeto juntamente com mais um verdadeiro "batalhão" de mais de 200 coordenadores que se dividem entre as funções. Além da produção executiva, ele escreveu o roteiro e faz o papel de Jesus Cristo. "Após anos de criação do grupo, que teve crescimento de elenco e de público expressivo, o sonho de ver o trabalho virar filme foi ganhando força. Muitas pessoas, mesmo antigas do grupo, acharam que era loucura. Mas, depois de um tempo, tudo foi se encaixando e o sonho se tornou um projeto de vida. Não se trata de uma produção hollywoodiana, porém, foi muito bem feito. A concretização do filme é um verdadeiro trabalho de fé que acreditamos que irá restabelecer a esperança das pessoas nesse mundo", relata.

Ele conta que a ideia surgiu em 2011, quando o grupo já tinha a dimensão de hoje. "Nesta época, uma produtora de São Paulo chegou a analisar o projeto, mas nos desencorajou. Dois anos depois, decidimos retomar. Vários integrantes fizeram um curso de cinema no Senai e o projeto começou a tomar forma", lembra. Com o roteiro pronto, cenário construído, figurino, maquiadores, era hora de viabilizar o sonho. A produção foi, então, atrás de microfones e câmeras. "Foi o momento em que percebemos que precisaríamos de alguém com experiência que pudesse nos auxiliar". E quem aceitou o desafio foi o diretor Semi Salomão, nascido na cidade vizinha Apucarana, que já dirigiu uma dezena de longas-metragens de gêneros distintos, - mas o primeiro religioso -, além de curtas, animações e programas de TV.

Uma parte das filmagens foi gravada na zona rural de Sabáudia e Arapongas, as cenas internas tiveram como set um barracão
Uma parte das filmagens foi gravada na zona rural de Sabáudia e Arapongas, as cenas internas tiveram como set um barracão



Desafio
Mesmo com a experiência, Salomão teve de "abraçar" o projeto, que estava em andamento, e fazer adaptações para sua realização. A primeira delas, um workshop de preparação técnica com os principais atores, que não são profissionais. "Aceitei como um desafio mesmo. A única referência artística que o grupo tinha era de teatro amador, ensinei, então, algumas técnicas para que entendessem a mecânica do cinema, que não é gravado do início ao fim, e disse aos atores que não podem olhar para as câmeras, por exemplo", explica. A parte da interpretação também precisou de uma atenção especial, sobretudo na emissão da voz. "Em algumas cenas tivemos de recorrer à dublagem na edição. No geral, contudo, os participantes tiveram um desempenho muito bom. Procurei captar o melhor de cada pessoa e extrair o sentimento de cada um", elogia o diretor, que também foi responsável pela edição e pós-produção do filme e ainda interpreta um personagem.

Para a gravação das cenas e devido ao orçamento que não permitiu a construção de uma cidade cenográfica, o diretor recorreu a locais a céu aberto com paisagens neutras. Já as poucas internas foram gravadas em um barracão que virou um set improvisado. "Para minimizar essas deficiências, principalmente estruturais, investimos nas técnicas de iluminação, usando muito a penumbra. A criatividade, bem como detalhes de edição, também foram colocados em prática em todo momento para chegar a um resultado atrativo aos espectadores". Para ele, "Jesus, a Esperança" é mais que uma produção que envolveu logística desafiadora, mas um missão de pessoas com boa vontade e muita fé. "Muitas vezes, houve algo espiritual que não é possível explicar. Os atores se emocionavam verdadeiramente e conseguiram passar isso para as cenas", finaliza.