São Paulo - O que se vê em "Crô - O Filme" é quase o mesmo do que se viu na novela "Fina Estampa", encerrada em março de 2012. O personagem do mordomo gay que estourou na TV está de volta como protagonista de um longa.
O ator Marcelo Serrado, que afirma ter revisto cenas da novela para retomar o papel, deixou mais sutis os trejeitos, mas manteve o figurino: gravata-borboleta, topete e óculos coloridos.
Com estreia hoje em 400 salas, o lançamento mira um público vasto, mas certeiro: quer levar para as salas os espectadores da novela. A produtora Paula Barreto é otimista: fala em atingir 2 milhões de pessoas, o que colocaria o filme entre os cinco nacionais mais vistos do ano.
O roteiro, assinado por Aguinaldo Silva, criador do personagem, mostra a vida de Crô após ele receber parte da fortuna de uma madame. Ele fica rico, mas não sabe o que fazer com o dinheiro. Após tentativas frustradas de abrir um negócio, decide procurar uma nova patroa.
A atriz Carolina Ferraz, como uma periguete que explora bolivianos em uma confecção, é uma das candidatas ao posto. Ao lado do marido (interpretado por Milhem Cortaz), ela é a vilã da história.
"Quando uma novela é vista por 30 milhões de pessoas por dia, muito provavelmente parte delas vai querer reencontrar um dos personagens mais queridos da história", diz o diretor Bruno Barreto, o idealizador da obra.
Uma questão foi primordial para a equipe de produção: lançar o mais rápido possível, antes que o mordomo fosse esquecido. O filme foi finalizado em seis meses. Houve ajustes na interpretação de Marcelo Serrado. "O Crô tem um arquétipo montado, procurei deixar alguns trejeitos menores, sem perder a espontaneidade", diz o ator.
Para Bruno Barreto, o humor da TV é mais calcado no texto. No filme, ao contrário, ele explorou mais o comportamento do protagonista. Cita o comediante americano Jerry Lewis como referência.
Apesar dessas distinções, artimanhas da TV estão presentes: atores bem marcados (é fácil identificar quem são os vilões e os heróis), celebridades no elenco, como Ivete Sangalo e Gaby Amarantos, e merchandising.
Não é a primeira vez que um personagem de novela é transportado para o cinema. Ocorreu o mesmo com Giovanni Improtta, outro tipo criado por Aguinaldo Silva.
Interpretado por José Wilker, o bicheiro cativou o público de "Senhora do Destino" (2004), virou filme neste ano, mas não deslanchou.
Teve público de 188 mil pessoas no país, o que o coloca apenas na 16ª posição entre as produções nacionais mais vistas em 2013. O intervalo de nove anos entre a novela e a estreia nos cinemas pode ter sido um dos motivos do resultado modesto.