Alguns casos de concordância verbal
A concordância verbal é um dos aspectos gramaticais mais temidos pelos estudantes. A única maneira de usar o verbo convenientemente, em relação à concordância, é raciocinar, é analisar sintaticamente a oração, encontrando o sujeito a que o verbo se refere, a fim de deixar este no mesmo número e pessoa que aquele. Hoje estudaremos apenas alguns casos especiais, deixando os demais para outra oportunidade.
Comecemos pela própria definição de concordância verbal: A concordância verbal consiste no estudo do verbo quanto à maneira como ele deverá surgir na frase (singular ou plural), dependendo de qual elemento seja o sujeito da oração, ou até dependendo da própria existência do sujeito. Se o sujeito for um substantivo singular, o verbo ficará no singular; se for um termo no plural, o verbo também o será. Por exemplo: ''A turma chegou''; ''Os bombeiros chegaram''. Para se encontrar o sujeito, pergunta-se ao verbo ''Que(m) é que...?''.
Agora estudemos alguns casos especiais, a começar pelo verbo ser: Decerto, se se apresentar a frase ''O vestibular são as esperanças dos estudantes'' a maioria dirá que há inadequação, pois ''O vestibular são...'' parece estar errado, não é mesmo? Mas não está, pois o verbo ser, quando tiver como sujeito e como predicativo do sujeito elementos numericamente diferentes (um no singular, outro no plural), deverá concordar com o plural, não importando a sequência em que os elementos se encontrem na oração. Outros exemplos: ''O mundo dela são as suas bonecas''; ''Nem tudo são alegrias na vida''. Essa concordância só não ocorrerá, se o sujeito for um nome próprio ou indicar pessoa; nesse caso, o verbo ser concordará com a pessoa. Por exemplo: ''Este homem é só mentiras''; ''Mariella é as alegrias da família''.
Outro caso especial do verbo ser ocorre em frases que indicam quantidade: Qual é o certo? ''Trezentos gramas de carne é (ou são) o suficiente para esse prato''? A resposta é ''Trezentos gramas de carne é o suficiente'', porque o verbo ser ficará no singular, quando o predicativo for uma expressão como ''muito, pouco, o bastante, o suficiente, uma fortuna, uma miséria, demais...''. Outros exemplos: ''Duzentos mil reais é muito para essa casa''; ''Quatro voluntários é o bastante para realizar o serviço''.
O verbo ser também pode ser impessoal, ou seja, pode apresentar-se sem sujeito. Isso ocorrerá quando indicar horas, datas ou distâncias. Ao indicar horas ou distâncias, o verbo ser concordará com o numeral a que se refere; ao indicar datas, tanto poderá ficar no singular, quanto no plural, com exceção do primeiro dia do mês; nesse caso, ser ficará no singular. Exemplos: ''É uma hora''; ''São duas horas''; ''É um quilômetro daqui até lá''; ''São dois quilômetros daqui até lá''; ''É vinte e nove de agosto''; ''São vinte e nove de agosto''.
Que você diria da frase ''Bateram dez horas o relógio da matriz''? Certa ou errada? Errada! Os verbos dar, bater e soar concordam com o sujeito (relógio, torre, campanário, sino), a não ser que esses elementos estejam com a preposição em; nesse caso, não funcionarão como sujeito, e os verbos passarão a concordar com o numeral. Veja alguns exemplos: ''Bateram dez horas no relógio da matriz''; ''Bateu dez horas o relógio da matriz''; ''Soaram quatro horas no sino''; ''Soou quatro horas o sino''.
''Viva os jogadores!'' Quem nunca gritou frase desse tipo algum dia? Quem nunca cometeu esse erro? Erro, porque o verbo viver, nas orações optativas, deve concordar com o sujeito, que sempre estará posposto ao verbo. Outros exemplos: ''Vivamos nós!''; ''Vivam os artistas!''.
Vivam as borboletas que parece bailarem quando voam! Quê?! ''parece bailarem''? Exatamente. Tanto se pode dizer ''parece bailarem'' quanto ''parecem bailar''. Quando o verbo parecer estiver seguido de outro verbo no infinitivo e o sujeito for um elemento no plural, ou flexiona-se o verbo parecer, ou o infinitivo. Sintaticamente, em ''As borboletas parecem bailar'', ''as borboletas'' funciona como sujeito, e ''parecem bailar'' é locução verbal. Já em ''As borboletas parece bailarem'' o sujeito de ''parece'' é ''as borboletas bailarem''. Essa última construção é equivalente a ''Parece que as borboletas bailam'', retirando-se a conjunção ''que'' e colocando-se o verbo no infinitivo.
Por esta semana basta! Em outra ocasião estudaremos mais casos de concordância verbal. Até mais ver.