Com álbuns sempre elogiados pela crítica, a cantora e atriz Cida Moreira tem em sua carreira muitos projetos ligados ao cinema e ao teatro
Com álbuns sempre elogiados pela crítica, a cantora e atriz Cida Moreira tem em sua carreira muitos projetos ligados ao cinema e ao teatro | Foto: Murilo Alvesso/Divulgação


A rica e extensa obra de Caetano Veloso há mais de cinco décadas tem servido de fonte para intérpretes nacionais e estrangeiros dos mais diversos estilos e gêneros. No ano passado, a versatilidade das músicas atemporais compostas pelo baiano foi responsável por um encontro inusitado que uniu no palco duas cantoras brasileiras de universos musicais completamente distintos. A esfuziante Maria Alcina tem dividido o microfone com o canto visceral de Cida Moreira no show "Corações Vagabundos". Atração do 37º Festival Internacional de Música de Londrina (FIML), o aclamado espetáculo será apresentado neste domingo (16), às 20h30, no Cine Teatro Ouro Verde.

"Esse show foi idealizado pelo produtor paulista Thiago Marques Luiz, que assina a direção do espetáculo. Estreamos em Teresina no ano passado e aconteceu uma magia no palco. No projeto original, a Zezé Motta também estava em cena, mas após a estreia ela foi convidada para fazer uma novela em Portugal e agora ficamos somente eu e a Cida Moreira", contou Maria Alcina em entrevista à FOLHA, por telefone.

No espetáculo, as cantoras emprestam suas vozes personalíssimas a músicas que retratam várias fases da carreira de Caetano: da influência da Bossa Nova ("Coração Vagabundo"), ao lírico ("Luz do sol"), passando pelo tropicalista ("Tropicália"), o romântico ("Ela e eu"), o carnavalesco ("Chuva Suor e Cerveja") e o filósofo ("Oração ao Tempo"). "Tanto eu como a Cida já havíamos gravado várias canções do Caetano e somos apaixonadas pela obra dele. A gente faz duetos na abertura e no final do show e cada uma apresenta individualmente várias músicas. Entre as minhas preferidas está 'Língua', que é a hora em que literalmente vou para a plateia", relata Maria Alcina.

Entre solos e duos, as cantoras fazem um show com nuances musicais que são um capítulo à parte. Um super trio se reveza entre vários instrumentos, com uma sonoridade que se alterna entre o tradicional e o contemporâneo em arranjos vibrantes e surpreendentes. Rovilson Pascoal, o diretor musical, toca guitarra e violão, Ricardo Prado toca teclado e baixo, e Gustavo Souza fica a cargo da bateria e das programações eletrônicas.

Segundo Maria Alcina, uma magia tem acontecido no palco a cada nova apresentação do show "Corações Vagabundos". "Não sei dizer exatamente o que é essa energia que toma conta da gente e acaba contagiando a plateia. Mas todo mundo acaba saindo desse show encantado. É tudo muito forte. Eu, particularmente, estou na maior euforia com essa minha volta a Londrina. Estou ansiosa para reencontrar o público da cidade que me acompanhou naquele show inesquecível e antológico que fiz na Concha Acústica há três anos", afirmou referindo-se à apresentação que aconteceu dentro da programação do Festival Internacional de Londrina (Filo), em 2014.

"Todo mundo acaba saindo desse show encantado. É tudo muito forte", diz Maria Alcina, que celebrou recentemente 40 anos de carreira
"Todo mundo acaba saindo desse show encantado. É tudo muito forte", diz Maria Alcina, que celebrou recentemente 40 anos de carreira | Foto: Jardiel de Carvalho/Divulgação



Carreira

Maria Alcina celebrou recentemente seus 40 anos de carreira com o elogiado CD e DVD "De normal bastam os outros", parceria do selo Nova Estação com o Canal Brasil. O projeto revisitou seus clássicos (entre eles, "Fio Maravilha" e "Kid Cavaquinho") e abriu parcerias com artistas da nova geração, como Karina Buhr, Felipe Cordeiro, além de músicas feitas exclusivamente para ela por Zeca Baleiro e Arnaldo Antunes. Neste ano de 2017 lançou "Espírito de Tudo", um álbum dedicado ao repertório de Caetano Veloso.

Cantora e atriz, Cida Moreira realizou em sua carreira muitos projetos ligados ao cinema e ao teatro, embora seu carro-chefe seja a música, com álbuns sempre elogiados pela crítica e que se transformaram em shows que marcaram sua trajetória. Seu trabalho mais recente é "Soledade Solo", um álbum ao vivo que reúne compositores consagrados e novos nomes da nova geração da MPB. Na terça-feira (18), a cantora volta a se apresentar na cidade. Desta vez no Teatro Crystal, em apresentação solo.

Show inspirou disco

A repercussão em torno da apresentação do show Corações Vagabundos em São Paulo acabou servindo de inspiração para a gravação do mais recente álbum de Maria Alcina. "As pessoas que assistiram ao show começaram a sugerir pela internet que o Thiago Marques Luiz (produtor) gravasse um disco comigo cantando somente músicas do Caetano Veloso. Isso acabou acontecendo e deu origem ao CD "Espírito de Tudo", que lancei há três semanas", comentou Maria Alcina em entrevista à FOLHA.

A seleção do repertório do disco, segundo a cantora, foi feita pelo produtor paulistano. "Já fiz vários trabalhos com o Thiago e como temos uma sintonia muito grande tinha certeza de que as escolhas dele seriam interessantes para a minha voz. Mas foi um desafio enorme desconstruir e reconstruir canções como "Fora de Ordem", "Língua", "Tropicália" e outras canções que já se tornaram clássicos da música brasileira. Mas o resultado ficou incrível e as críticas têm sido muito positivas. Estou muito feliz com esse trabalho", enfatizou.

Maria Alcina revelou que conseguiu realizar um antigo sonho com a gravação de "Espírito de Tudo". "Fizemos todos os arranjos no estúdio junto com o músicos até encontrar o melhor caminho para cada uma das músicas. O Rovilson Pascoal, produtor musical do álbum, fez de tudo para deixar o meu trabalho de intérprete bem livre. O disco ficou com uma sonoridade roqueira e pela primeira vez consegui usar minha voz em tons rascantes e sujos, que é uma coisa que eu tinha vontade de fazer desde o início da minha carreira", argumentou.

"Espírito de Tudo", título extraído da música Gênesis, é o sucessor do álbum "De Normal Bastam os Outros", CD lançado em 2014 que colocou Maria Alcina de volta à cena musical e foi responsável pela renovação do público da cantora. "O público jovem tem demonstrado uma curiosidade grande em relação ao meu trabalho e a internet tem ajudado muito nesse processo de pesquisa. Tem acontecido tanta coisa maravilhosa comigo que só tenho a agradecer por essas mais de quatro décadas de carreira musical", concluiu.

Serviço
Show Corações Vagabundos, com Cida Moreira e Maria Alcina
Quando – Domingo (16), às 20h30
Onde - Cine Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85)
Quanto – R$ 40 e R$ 20 (ingressos à venda na bilheteria do Shopping Royal Plaza - rua Mato Grosso, 310, das 10 às 18h. Após, na bilheteria do teatro)