O cruzamento do blues com a energia do rock é quase uma marca registrada do blues brasileiro, como se poderá ouvir ao longo do 2º Festival de Blues de Londrina, que recebe hoje Fernando Noronha & Black Soul e CrackerJack Band no palco do bar Valentino.
As duas atrações bebem na fonte híbrida. CrackerJack esteve no ano passado e volta para fazer o show de abertura às 21 horas. Fundada nos anos 80 em Curitiba, ficou conhecida nacionalmente na década seguinte como banda de apoio de Celso Blues Boy, pioneiro do blues nacional e morto na última segunda-feira.
É formada por Claudio Thompson (bateria e vocal), Gerson Marçal (baixo), Jordi Moro (guitarra e vocal) e Claudio Wagner Viana (teclados, violão, flauta e vocal). Há mais de uma década, eles tocam todo sábado no Crossroads Pub, na capital paranaense. É uma banda fundamentalmente de palco, o que explica o fato de ter lançado apenas um disco até hoje (''CrackerJack - The Band'', em 1999), apesar da longa trajetória.
Também com bagagem nos palcos, o gaúcho Fernando Noronha montou a banda Black Soul há 17 anos, período em que lançou 7 álbuns. ''E já estamos preparando o repertório para um novo disco, que gravaremos no final do ano'', anuncia Noronha. Criada em Porto Alegre, a banda já se apresentou várias vezes em Curitiba, mas será o primeiro show em Londrina.
O repertório traz músicas de todos os discos, além de clássicos do rock e do blues. ''Tocaremos uma inédita do próximo trabalho'', avisa ele, que é o guitarrista, vocalista e principal compositor do grupo. Completam a formação Luciano Leães (teclados), Roni Martinez (bateria) e Edu Meirelles (baixo).
A banda só compõe em inglês. ''Se no Brasil pouca gente entende, temos a compensação de poder atingir o mundo'', assinala, lembrando que o grupo já fez turnês na Europa (Bélgica, Holanda e Espanha) e ''todo ano'' viaja para o Canadá como convidada de um festival em Montreal. Noronha explica que o Black Soul ''não faz blues purista''.
''Cresci ouvindo rock and roll, ouvindo Led Zeppelin, Allman Brothers Band, Lynyrd Skynyrd, Jimi Hendrix, Johnny Winter, Rory Gallagher, todo o blues rock'', salienta. No final da adolescência, ouviu Stevie Ray Vaughan (1954-1990) e enlouqueceu. ''Foi quem me levou para o mundo do blues e daí em diante passei a me encantar com Buddy Guy, B.B.King, Howlin Wolf, Muddy Waters e outros grandes nomes. Minha banda, porém, não toca o blues tradicional. Procuramos trazer algo novo para a sonoridade antiga'', diz.
Otimista, ele vê um momento positivo para bandas de blues e de rock no Brasil: ''Os EUA e a Europa estão em crise profunda na economia, o que acaba afetando o entretenimento, que é o primeiro segmento sacrificado. No Brasil, ocorre o contrário com a abertura de possibilidades de acesso a casas de shows e festivais da nova classe média. A tendência é melhorar. A fase é boa''.

SERVIÇO
2º Festival de Blues de Londrina – Shows de Crackerjack (Curitiba), Fernando Noronha & Black Soul (Porto Alegre) e discotecagem de DJ Vitor Costa
Quando: hoje às 21h
Onde: Valentino (Av. Pref. Faria Lima, 486)
Ingressos: R$ 50 (1º lote), R$ 80 (2º lote) e R$ 100
(na hora)
Pontos de venda: Disk Blues (43) 3357-1392 e Enoteca Jardins
(43) 3339-0059