Esta semana, vamos continuar com o assunto da semana passada: alguns problemas comuns com o uso da língua portuguesa que acabam confundindo muita gente. São, geralmente, coisas simples, mas que podem comprometer seriamente seu texto.

ONDE e AONDE: As duas palavras trazem a ideia de lugar, funcionando como advérbio, mas AONDE é mais específica, indicando lugar de destino. Um jeito simples de não confundir é lembrar que AONDE só deve ser usado com verbos que deem ideia de movimento (Aonde você foi? Não sei aonde ele levou meu livro), enquanto que ONDE indica o lugar onde algo ou alguém está, parado (Onde estão meus óculos? Diga onde você mora). E, só para constar, existe ainda uma terceira variação, DONDE, pouco usada hoje em dia, e que indica lugar de origem (Donde veio essa gente?). Finalmente, um outro teste que você pode fazer para não misturar ONDE e AONDE é tentar substituir o segundo por "para onde", que tem basicamente o mesmo sentido (Aonde você vai? = Para onde você vai?).

AO INVÉS DE e EM VEZ DE: São duas expressões aparentemente parecidas, mas de significados e usos diferentes. AO INVÉS DE quer dizer "ao contrário de" e, por isso, só pode ser usada quando vamos dizer algo realmente oposto (Ao invés de ficar em casa, ele saiu). Já EM VEZ DE significa "em lugar de", ou seja, é uma outra opção, mas não necessariamente contrária ao que foi dito antes (Em vez de estudar matemática, estudou português).

OBRIGADO: A maioria das pessoas não se confunde com esse adjetivo quando a questão é de gênero: homens dizem OBRIGADO e mulheres, OBRIGADA. Mas o que nem todo mundo sabe é que a flexão de número também é obrigatória, ou seja, se há mais de uma pessoa agradecendo, o correto seria dizer OBRIGADOS (para homens ou homens e mulheres juntos) ou OBRIGADAS (se forem só mulheres). E, com relação à resposta, além dos tradicionais "de nada" e "não tem de quê", pode-se dizer também "obrigado eu" ou "obrigado a você", nunca "obrigado você".

DESCRIMINAR e DISCRIMINAR: Aqui temos um caso de parônimos, que são palavras parecidas no som e na escrita, mas que tem sentidos diferentes. O primeiro termo significa "liberar, inocentar, deixar de ser crime" (O juiz descriminou o réu.), enquanto que o segundo quer dizer "separar, diferenciar" (É preciso discriminar os produtos na nota.). A mesma diferença existe entre os substantivos DESCRIMINAÇÃO (Discute-se, atualmente, a descriminação do porte de drogas) e DISCRIMINAÇÃO (Infelizmente, muita gente ainda sofre discriminação racial).

GRAMA e GRAMA: Não, você não leu errado. É que desta vez temos um caso de homônimos, ou seja, palavras iguais no som e na escrita, mas que apresentam significados diferentes. O maior problema não é, no caso, o significado, mas sim o gênero: no masculino, GRAMA é uma unidade de peso (Fiz dieta e não perdi um grama), enquanto que, no feminino, é o nome de uma planta (Não cortei a grama do jardim). Então, nada de pedir "duzentas gramas" de presunto na padaria, sempre "duzentos".

ANEXO e EM ANEXO: As duas formas estão corretas, mas as pessoas costumam errar na concordância. EM ANEXO é uma expressão invariável, ou seja, nunca vai para o plural nem para o feminino (Os documentos em anexo, as fotos em anexo, etc.). Já ANEXO, sozinho, é um adjetivo, que concorda com o substantivo que acompanha em gênero e número (Os documentos anexos, as fotos anexas). Pode escolher qualquer um dos dois, mas observe sempre esse detalhe.

Sendo a língua portuguesa tão rica como é, certamente existem outros casos que suscitam dúvida. Então, voltaremos ao assunto em breve. Caso você tenha alguma questão específica a esse respeito, mande para nosso e-mail. Até a próxima terça.

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