Imagem ilustrativa da imagem Avanços na Educação Especial
| Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli
Morone Francisco Marinho e Gabriel dos Santos com o professor Patrick Garcia Alves que acompanha os alunos especiais em todas as disciplinas
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Joel Yazima da Silva e Mariana Shibayama com a professora Rosalina de Carvalho: a ampliação do acesso à educação têm transformado a realidade de crianças e adolescentes



Morone Francisco Marinho, de 21 anos, cursa seu último ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Vicente Rijo. "Quero me formar logo para poder trabalhar. As empresas só contratam se eu tiver acabado a escola." Há cinco anos ele é acompanhado de um professor dentro da sala de aula regular, em tempo integral, o chamado Professor de Apoio Educacional Especializado (PAEE). "A aula de Matemática e de Física me deixam um pouco confuso. Na hora da prova também fico nervoso e daí não entendo bem. Mas o professor Patrick Garcia Alves me explica e, então, consigo resolver os exercícios. Aqui todo mundo gosta de mim e eu também gosto de todo mundo", diz o jovem, referindo-se ao PAEE, que faz o papel de intermediador entre o professor regente e o aluno. O professor também acompanha, de forma individualizada, o aluno Gabriel dos Santos, de 18 anos.
O aprendizado e o convívio dele com os outros alunos só são possíveis por mudanças na política educacional dos últimos anos, iniciada em 2001 pelas Diretrizes Nacionais para Educação Especial, e, em 2008, com a Política Nacional de Educação Especial, que contempla alunos com Deficiência Intelectual; Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) - no qual se enquadram os casos de autismo e psicose (esquizofrenia, bipolaridade, Síndrome de Tourette) -; Deficiência Física Neuromotora; Surdos; Transtorno Funcional Específico, com casos de dislexia, TDH (transtorno de deficit de atenção); e Altas Habilidades. No entanto, no Paraná, somente alguns casos têm direito ao PAEE. Os demais são atendidos por Salas de Recurso Multifuncional do tipo 1 no contraturno.
Antes da mudança, crianças e adolescentes com esses quadros, quando conseguiam chegar às escolas regulares, desistiam das aulas ou frequentavam apenas entidades filantrópicas como as Associações de Pais e Amigos Excepcionais (Apaes), cujo objetivo principal era oferecer atividades de cunho social e não obrigatoriamente educacional. Não se pode negar o papel importante que essas instituições sempre tiveram e ainda têm, mas, muitos alunos com inteligência preservada, muito comum nos casos de TGD, tinham seu potencial de aprendizagem limitado. Por isso mesmo, discute-se a extinção dessas entidades, o que ainda gera muita divisão de opiniões, pois há casos em que as escolas regulares ainda não conseguem atender.
Não bastava, contudo, somente alterar leis federais e diretrizes. Ao ampliar o acesso à educação e a inclusão desses alunos era preciso, portanto, que cada estado e sua respectiva Secretaria de Educação, garantisse a permanência e as condições de aprendizagem aos alunos com deficiência. Ainda há um longo caminho e vários desafios para a implantação total e eficaz, sobretudo de recursos humanos e estruturais, mas a discussão do tema tem conferido à educação especial uma posição de certo destaque na política nacional, modalidade que sempre foi relegada aos investimentos e ações do poder público. No âmbito geral das escolas regulares particulares, com algumas exceções, a Educação Especial ainda esbarra na resistência das equipes pedagógicas.
O aluno Morone foi o primeiro a receber o suporte no colégio de Londrina. Em pouco mais de cinco anos, agora, já são 87 estudantes na instituição no contexto de educação inclusiva, como os alunos Joel Yazima da Silva e Mariana Shibayama, do sexto ano, que são acompanhados da professora Rosalina de Carvalho. "Mesmo com algumas dificuldades, a ampliação do acesso à educação têm transformado a realidade dessas crianças e adolescentes e, também, de toda comunidade escolar. Cada caso tem sua especificidade, por isso, é importante que toda a equipe pedagógica esteja alinhada para dar suporte e orientação aos professores e funcionários", diz Lilian Garcia, coordenadora de Educação Especial do colégio. Além dos PAEE, que, infelizmente, não atende toda demanda, a escola possui dez salas de recurso para alunos com deficiência intelectual e altas habilidades que são atendidos no contraturno.

Professora na modalidade PAEE e avaliadora da Educação Especial, Angela Maria Piassa, que acompanha uma adolescente autista, comenta que essa geração de estudantes que está convivendo com alunos com algum tipo de deficiência já demonstra ser mais tolerantes e generosas. "Quando vemos o professor de sala mudando também, ficamos muito felizes. Já existe, inclusive, um movimento de professores com um novo olhar e que estão em busca de especialização em Educação Especial. É uma cadeia de transformação", diz ela, destacando que o trabalho de sensibilização da equipe é fundamental, visto que a metodologia do professor terá ser adaptada à sala em que o aluno está inserido.