Documentário
produzido para
comemorar os 40
anos da Fenit
faz retrospectiva
de um século
e meio de moda
DivulgaçãoCenas do documentário ‘‘Uma
História da Moda’’: modelos
percorrem um longo corredor,
onde as portas se abrem
mostrando diferentes cenas

Rosângela Vale

Cento e cinquenta anos de moda em 52 minutos. É o que propõe o filme ‘‘Uma História da Moda’’, produção francesa idealizada e patrocinada pela Alcântara Machado para comemorar os 40 anos da Fenit - Feira Internacional da Indústria Têxtil. Alternando imagens de arquivo com as de desfiles atuais, complementadas por um texto didático, o documentário foi exibido com exclusividade no Brasil durante a última semana, em São Paulo, e é recheado de depoimentos de celebridades como Chanel, Givenchy, Karl Lagerfeld, Christian Lacroix e Yves Saint-Laurent, um time que por si só já garante o interesse dos iniciados no assunto.
DivulgaçãoNos
bastidores
do filme,
a atriz
Cláudia
Cardinale,
uma das
celebridades
entrevistadasDivulgaçãoTradução do
estilo tapeçaria
que domina as
artes do século XIX,
a mulher mostra-se
para ser contemplada
de costas e de perfilJá os leigos vão encontrar um guia básico, que mostra o nascimento da moda e sua evolução ao longo do tempo, servindo como ponto de partida para entender melhor esse fenômeno, hoje visto como parte integrante da cultura. Mas nem sempre foi assim. Do início da Renascença, quando a moda aparece, impulsionada pela necessidade de diferenciação social da aristocracia, até a liberdade de criação estética do final do século 20, houve muito pano para manga.
ReproduçãoA cintura
marcada
foi um
dos
sinalizadores do
New Look de
Christian DiorAs mulheres tiveram que aprender a usar espartilho, que depois foi abolido pelo costureiro Paul Poiret, a despir-se da feminilidade durante a Guerra, quando saíram de casa para trabalhar, e a entregar-se ao ritmo frenético do charleston, diminuindo o comprimento das saias. Mais tarde, voltam a marcar a cintura de vespa e a cobrir as pernas, obedecendo ao New Look de Christian Dior, responsável pela transição da maison do passado para a do futuro, onde reina o marketing.
O passeio pelo túnel do tempo inclui ainda o nascimento do estilo pop nos anos 60, comandado por Mary Quant, a visão futurista de Courreges, Pierre Cardin e Paco Rabanne, e a transformação dos estilistas em estrelas, que se igualam em prestígio aos superstars do rock nos anos 80. A história chega aos nossos dias com flashes de desfiles de Jean Paul Gaultier e Ocimar Versolato, entre outros, e ao som de Aquarela do Brasil.
Sempre relacionando as tendências com os acontecimentos sociais, artísticos e econômicos de cada época, as informações seguem em velocidade bastante acelerada, e fica a impressão de que a fita deveria ter pelo menos mais uma hora de duração. Mas as imagens acabam compensando a superficialidade. As do acervo do museu da moda francês são especialmente belas, como as que mostram os vestidos do costureiro Charles Worth, considerado o pai da alta-costura.
O vaivém das tendências é ilustrado também por cenas de filmes em preto-e-branco, pinturas e fotos antigas. Dirigido por Bernard Jannin, que entre outras coisas tem no seu currículo um programa de TV dedicado ao Brasil, o documentário foi escrito pela jornalista e historiadora de arte Florence Muller, autora de várias publicações sobre o tema, como ‘‘A Moda no Século XX’’, ‘‘A Moda nos Anos 80’’ e ‘‘A História do Tênis’’.
Com estréia marcada para o próximo dia 22 em Paris, o filme ainda não está disponível no Brasil. De acordo com a diretora da Fenit, Vivi Haydu, há planos de comercializá-lo, mas a data e a forma de distribuição ainda não foram definidas.