A lembrança dos tempos em que observava o comportamento dos bichos no quintal de casa é o ponto de partida para a escritora Maria Helena de Moura Arias contagiar outras crianças. A curiosidade da infância deu a ela não só um olhar atento aos detalhes do cotidiano, mas a levou ao mundo da imaginação.

Maria Helena de Moura Arias, escritora e ilustradora: "A ilustração é um caminho novo para mim. As crianças guardam muito mais as histórias quando há imagens sobre elas"
Maria Helena de Moura Arias, escritora e ilustradora: "A ilustração é um caminho novo para mim. As crianças guardam muito mais as histórias quando há imagens sobre elas" | Foto: Gina Mardones



Jornalista e doutora em Literatura Brasileira, Arias já escreveu quatro livros para o público infantil: "Poesia é Magia", "A Viagem da Lagarta", "De que cor será a Lua?" e o "Chove Chuva Chuá", que será lançado no dia 1 de setembro, às 10h, na Loja Ciranda (rua Prefeito Hugo Cabral, 656) em Londrina.

"Tudo que escrevi até o momento é relacionado ao cotidiano das crianças. São pequenas situações que geralmente passam despercebidas. Tudo do nosso dia a dia pode se transformar em poesia", conta Arias.

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O mergulho no universo da literatura infantil faz toda a diferença, segundo ela, quando se tem o olhar das crianças. "É sendo criança que escrevo, pois nós adultos, já temos uma série de informações e outros modos de vida. É importante deixar um espacinho para que a infância se mantenha viva em nós e o meio que encontrei para isso é estar sempre em contato com ela", afirma.

Além das cenas do cotidiano, o trabalho de Arias se destaca pelas ilustrações criadas por ela e por sua filha Izabela, designer de moda. Ambas já se aventuraram pelo universo das colagens, computação gráfica, acrílico e agora, no mais novo livro, Arias explora as possibilidades da aquarela.

"A ilustração é um caminho novo para mim. São muito pessoais, intuitivas e são um outro texto para as crianças, pois elas guardam muito mais as histórias quando se tem imagens sobre elas", destaca.

Na mais recente produção, o "Chove Chuva Chuá", a autora que reside em Londrina, trabalha com o dígrafo CH sobre um fenômeno comum na natureza. "É um livro que tem som e por isso pode auxiliar na alfabetização quando se está trabalhando com palavras com CH", conta.

Arias esteve na 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no início do mês, por onde também esteve Anderson Novello. Ele mora em Curitiba e já escreveu três livros infantis: "A Bruxa do Batom Borrado", "O Pintinho Ruivo de Raiva" e o recém-lançado "Filomenos: o Cabrito Aflito".

Anderson Novello, escritor: "Se a história tiver humanidade, sempre vai ter identificação com as crianças"
Anderson Novello, escritor: "Se a história tiver humanidade, sempre vai ter identificação com as crianças" | Foto: Divulgação



Novello veio a Londrina recentemente, ministrando palestras a professores. Assim como Arias, o escritor diz que está sempre cercado de crianças e que as devolutivas desse público diante de uma história contada, lhe garante ainda mais bagagem para preencher páginas em branco.

"As crianças interagem quando a história é contada e ela precisa tratar do que é humano. Se tiver humanidade, sempre vai ter uma identificação. Na história da bruxa, por exemplo, há sentimentos e sensações, como arrependimento, até a questão do bullying, embora essas palavras não apareçam no livro", comenta.

No "O Pintinho Ruivo de Raiva", o autor parte de um clássico infantil, "A Galinha Ruiva", que marcou sua infância. O livro é uma carta da galinha ruiva para o filho e passa por sentimentos, como a raiva, o que para Novello é uma boa oportunidade para crianças e pais conversarem sobre as emoções.

"A literatura também tem a função de deixar uns espaços abertos para o leitor preencher", reflete Novello, que conta com parcerias para as ilustrações. "As imagens complementam o texto. A criança que não sabe ler, cria uma narrativa através delas", diz.

Novello é formado em Letras e Artes Cênicas e é mestre em Literatura. Durante anos atuou como professor universitário do curso de Pedagogia e hoje, ministra palestras para educadores, além de contar histórias.