Messi e companhia contam com vitória do Brasil para facilitar as coisas
Messi e companhia contam com vitória do Brasil para facilitar as coisas | Foto: Alejandro Pagni/AFP



São Paulo - Sem gols, é muito possível que a Argentina fique fora da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1970. A equipe precisa marcar nesta terça (10), às 20h30, em Quito, contra o Equador. Este tem sido o grande problema da seleção: Messi não tem parceiros fixos no ataque para jogar.
Desde o início das eliminatórias, já foram usados 11 atacantes ao lado do astro do Barcelona. Nenhum teve sucesso. Diante do Equador, Darío Benedetto, artilheiro do Boca Juniors, será titular, como já havia acontecido no empate em 0 a 0 com o Peru, na última quinta (5).
Messi teve de jogar no ataque, além de Benedetto, com Tevez, Lavezzi, Correa, Aguero, Lamela, Dybala, Higuaín, Pratto, Alario e Icardi. O valor de mercado das últimas negociações envolvendo esses 11 atacantes chega a R$ 1,7 bilhão.
Com uma vitória, a Argentina garante pelo menos o 5º lugar, o que dá a chance de se classificar na repescagem, contra a Nova Zelândia. Vencer pode significar a classificação direta para a Copa do Mundo se Peru e Colômbia empatarem ou o Brasil não perder para o Chile.
Se conquistar apenas um ponto, a Argentina poderá entrar na repescagem caso o Paraguai não derrote a Venezuela, em casa, e a Colômbia ganhe do Peru, em Lima.
"O treinador tem de fazer os jogadores acreditarem no que ele diz. Que aquele esquema tático para o ataque é o melhor. O atual técnico da Argentina [Jorge Sampaoli] consegue isso? Vamos ver", afirma Carlos Bilardo, que comandou a seleção no título mundial de 1986 e no vice quatro anos depois.
Em 17 jogos nas eliminatórias, a Argentina tem 16 gols marcados. Só não é o pior ataque da competição porque a Bolívia fez 14. Desses atacantes, o único que fez mais de um gol foi Pratto (dois). Lavezzi e Higuaín anotaram uma vez cada. Messi (quatro) é o artilheiro.

"ENGACHE"
Os problemas ofensivos esbarram na falta de um meia criativo, o que não impediu a equipe de chegar à final da Copa do Mundo de 2014. Mas isso aconteceu porque Alejandro Sabella mudou o esquema da seleção no meio do torneio e enfatizou a defesa. "Leo me confessou que nunca correu tanto assim. A perna dele pesava uns 100 quilos", disse o pai do atacante, Jorge Messi, ao jornal Folha de S.Paulo durante a Copa de 2014.
A Argentina não tem como privilegiar a marcação diante do Equador. Precisa marcar gols. Nas últimas quatro rodadas das eliminatórias, a seleção anotou apenas uma vez, diante da Venezuela, em Buenos Aires. E foi um gol contra, do lateral Feltscher.

Imagem ilustrativa da imagem Vai ou não vai?



AGONIA
O garçom do agitado café Ritz, a poucas quadras da Casa Rosada, sede do governo argentino, escutava na manhã desta segunda (9) com atenção as projeções que uma rádio esportiva fazia, na véspera da rodada decisiva das eliminatórias. A Argentina precisa vencer o Equador nesta terça-feira (10) e ficar de olho em outros resultados para saber se a classificação é possível ou se terá de disputar a repescagem.
O locutor descreve os cenários que favorecem a Argentina e vai sinalizando para quais times era preciso torcer. Ao final, abandona o tom sério: "tudo isso, claro, só nos servirá se o Brasil não entregar o jogo para o Chile". Ao servir um café para a reportagem, o garçom indaga, com olhar sarcástico: "os brasileiros não fariam isso, né?".
O técnico da seleção, Jorge Sampaoli, insiste em dizer que a Argentina estará no Mundial. Alguns cronistas esportivos chegam até mesmo a ver, nesse caminho tortuoso, uma característica da Argentina. "Não vai ser a primeira vez que entramos raspando, já fomos mal em outras eliminatórias e acabamos indo bem na Copa, em 1993 até disputamos repescagem para ir ao mundial dos EUA", lembra à reportagem o jornalista Ezequiel Fernández Moores.