"Vi este menino (Danilo) crescer e o considero meu filho. Acompanhei todas as etapas da vida dele e agia como pai mesmo na hora de puxar a orelha, brincar e motivar", lembrou Tencati
"Vi este menino (Danilo) crescer e o considero meu filho. Acompanhei todas as etapas da vida dele e agia como pai mesmo na hora de puxar a orelha, brincar e motivar", lembrou Tencati | Foto: Gina Mardones



A tragédia aérea com a delegação da Chapecoense atingiu em cheio o Londrina. Entre as 71 mortes, as do goleiro Danilo, do atacante Lucas Gomes e do técnico Caio Júnior abalaram o ambiente alviceleste e em especial o técnico Claudio Tencati. O avião, que levava a delegação da Chape para a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional da Colômbia, caiu na madrugada de ontem próximo a cidade de Medellín, palco da decisão.
Danilo foi um dos grandes ídolos da torcida azul e branca e defendeu o LEC entre 2011 e 2013. Lucas integrou o elenco campeão paranaense de 2014 e ainda tinha os seus direitos federativos vinculados ao clube. Já Caio Júnior teve uma rápida passagem como treinador do Londrina na Série B de 2004.
Em entrevista coletiva, Claudio Tencati se emocionou ao falar dos amigos e relatou que precisou ser medicado após receber a notícia do acidente, por telefone, do gestor Sérgio Malucelli. O treinador relembrou da sua relação com Danilo, que começou quando o goleiro tinha 10 anos e dava os primeiros passos no futebol em Cianorte (leia mais na página 10). "Vi este menino crescer e o considero meu filho. Acompanhei todas as etapas da vida dele e agia como pai mesmo na hora de puxar a orelha, brincar e motivar", frisou o treinador alviceleste.
Danilo chegou ao profissional do Cianorte levado por Tencati. Se transformaria depois no "rei do acesso" no futebol paranaense com acessos por clubes como Londrina, Arapongas e Operário. "Quando assumi o Londrina em 2011 disse ao presidente: Você quer subir? Traga então o Danilo", revelou. O goleiro deixou o alviceleste no segundo semestre de 2013 para se transferir para o time catarinense.
Os olhos de Tencati marejaram ao mencionar a relação familiar com o ídolo da Chapecoense. "Os pais dele tinham uma ligação muito forte com a minha esposa e ele era um dos poucos jogadores que sempre me ligava e dizia que estava torcendo pelo Londrina. Perdi o chão quando vi a notícia da morte dele", afirmou. No momento da coletiva, a morte de Danilo ainda não estava confirmada.

Caio Júnior foi técnico do time em 2004 e ‘mentor’ do atual comandante alviceleste
Caio Júnior foi técnico do time em 2004 e ‘mentor’ do atual comandante alviceleste | Foto: Arquivo Folha



A relação de Tencati e Caio Júnior começou em 2003 quando o Cianorte subiu para a primeira divisão e contratou o treinador da Chape. Tencati, até então, comandava a base do Leão. "Me convocou para estar presente em todos os treinamentos e me permitiu uma abertura profissional que, dificilmente, teria com outro treinador. Nos tornamos amigos a partir dali", apontou.
Tencati era o auxiliar de Caio quando o Cianorte conseguiu uma das maiores vitórias da sua história. Os 3 a 0 contra o Corinthians, pela Copa do Brasil, em 2005. "Era um pai de família e um homem íntegro e correto. Por isso, até parou com um futebol por um período por não concordar com algumas coisas. Todo mundo que trabalhou com ele não tem o que falar. Era um cara excepcional. Cresci com ele no futebol e foi um mentor como técnico".

Lucas Gomes integrava o elenco campeão paranaense em 2014 e ainda pertencia ao clube
Lucas Gomes integrava o elenco campeão paranaense em 2014 e ainda pertencia ao clube | Foto: Anderson Coelho/16-02-2014



O capitão Germano também participou da coletiva e emocionado lembrou de alguns dos jogadores que estavam no avião e que foram seus companheiros em diversos clubes como Danilo, Lucas Gomes, Gil, Dener e Sérgio Manoel. "Eles deixam esposas e filhos e os meus filhos brincaram com essas crianças. A lembrança que fica são dos momentos bons de brincadeiras. Perdi muitos amigos", desabafou.