O longevo Tencati: "Não há dúvida de que este título fecha um ciclo vitorioso"
O longevo Tencati: "Não há dúvida de que este título fecha um ciclo vitorioso" | Foto: Ricardo Chicarelli



Um título nacional era o que faltava e a conquista da Copa da Primeira Liga coroa com chave de ouro o período de reconstrução do Londrina iniciado em 2011, com a parceria com a SM Sports. Ganhar uma competição que contou com a participação de grandes clubes recoloca o alviceleste no cenário do futebol brasileiro e mostra que o trabalho feito dentro e fora de campo está no caminho certo.

Ser campeão de um torneio após eliminar Fluminense, Cruzeiro e Atlético Mineiro evidencia a metodologia do clube de apostar em um mesmo treinador há mais de seis anos e por outro lado ressalta a reestruturação administrativa e financeira adotada no Londrina desde a intervenção judicial em 2009.

"Não há dúvida de que este título fecha este ciclo vitorioso e precisamos reconhecer e valorizar este momento. Fomos campeões invictos e, por ser uma competição nacional, valoriza ainda mais o clube e o trabalho que está sendo feito aqui", afirmou o técnico Claudio Tencati.

A retomada do caminho das vitórias e da volta da credibilidade do clube não foi fácil e construída aos poucos. Passou pelo título da Divisão de Acesso no primeiro ano, os quatro títulos simbólicos do interior, a conquista do Paranaense em 2014, após 22 anos, e pelos acessos seguidos às Séries C e B. Fora de campo, o LEC equacionou suas dívidas fiscais e trabalhistas e voltou a ter solvência.

"Este título faz o Londrina ser uma referência para o Brasil em razão da manutenção de treinador e comissão técnica por um longo prazo. Temos mostrado que os resultados aparecem quando isso acontece", frisou Tencati. "É o resgate da imagem do clube que vivia um momento terrível, de quedas seguidas e dívidas. Processo que foi sendo construído degrau por degrau e os resultados estão aí".

O título da Primeira Liga foi a segunda conquista nacional do Londrina, que foi o primeiro campeão brasileiro do futebol paranaense ao ganhar a Série B de 1980, na época denominada Taça de Prata. A vitória sobre o Galo deixou para trás a decepção da perda do título da Série C, em 2015, quando o Tubarão caiu diante do Vila Nova (GO).

"Não posso desmerecer o que vivemos. Em 2011, o mais importante era aquele título da segunda divisão, onde tudo começou. Esse evidenciou mais porque é nacional, mas aquele foi fundamental. Sempre valorizamos o que aconteceu e com um olhar sempre no futuro", ressaltou Tencati.

Para o torcedor alviceleste fica a certeza de que realmente o Tubarão voltou e a esperança é que o clube continue galgando degraus dentro e fora de campo para voos ainda maiores em um futuro próximo.

Inspiração para a Série B

O Londrina terá pouco tempo para comemorar o título da Primeira Liga e já precisa voltar as suas atenções para o Campeonato Brasileiro da Série B. No sábado (7), o alviceleste enfrenta o Criciúma, às 16h30, no Estádio Heriberto Hülse. A delegação embarca na manhã desta sexta-feira (6) para Santa Catarina.

Ainda sem emplacar uma arrancada na competição, o técnico Claudio Tencati acredita que a conquista nacional pode ser um combustível extra nesta reta final da Série B. "Quem sabe acontece um milagre, já que alguns times da frente estão tropeçando. De repente o Londrina encaixa uma sequência de vitórias e pode encostar", projetou. A missão para terminar no G4 é bem difícil, mas matematicamente ainda há chances.

Com 11 jogos a fazer no Brasileiro, o LEC ocupa a 10ª colocação, com 37 pontos, 11 atrás de Ceará e América Mineiro, que dividem o quarto lugar. Após a partida em Criciúma, o Londrina enfrenta o Juventude, em Caxias do Sul, no dia 13. O capitão Dirceu, porém, entende que é preciso distinguir as duas competições. "Temos que ir jogo a jogo para não criar uma expectativa exagerada", apontou.

O zagueiro passou a ser dúvida para a partida de sábado, após jogar os últimos minutos da final contra o Atlético com dores na coxa. Quem está fora do confronto é o volante Jumar, expulso diante do CRB. Germano, que estava suspenso na decisão, volta ao time em seu lugar e com isso Tencati irá manter o esquema com três volantes: Germano, Rômulo e Jardel. (L.F.C.)

Para o "Bem Amado" Garcia, título da Primeira Liga está acima da conquista da Taça de Prata em 1980
Para o "Bem Amado" Garcia, título da Primeira Liga está acima da conquista da Taça de Prata em 1980 | Foto: Marcos Zanutto



Eternos ídolos exaltam título

A conquista da Copa da Primeira Liga por parte do Londrina logo na sua primeira participação também foi exaltada por ex-jogadores, campeões em outras oportunidades pelo alviceleste. Carlos Alberto Garcia, um dos maiores nomes da história do Tubarão, afirmou que o título é mais importante do que o da Taça Prata, conquistada em 1980, primeira façanha nacional da história do Tubarão. "Naquela época, o Londrina já era mais respeitado e a Série A tinha 80 equipes.

Então, foi um título importante, sim. Mas, a Copa da Primeira Liga, pelo momento, pela dificuldade e pelo elenco do Londrina, com certeza, é mais importante", avaliou.

Garcia ainda cobrou a oficialização da Copa da Primeira Liga no calendário nacional e defendeu que o Londrina tem que colocar mais uma estrela no peito pela conquista do torneio.

Ele admitiu que não esperava pelo título, principalmente por causa do favoritismo do adversário. O Galo tem vários jogadores consagrados no futebol brasileiro como Robinho, Fred e Elias. "Eu vi pela televisão a última partida do Atlético-MG em Curitiba. O Robinho jogou muito bem, fez dois gols e toda equipe deu um show de bola no Atlético-PR. E fiquei assustado com isso", lembrou Garcia em entrevista na FOLHA.

O eterno camisa 8 alviceleste também destacou a participação da torcida no título. "Isso passa para os atletas e eles jogam mais do que o normal. Existe uma superação na parte física e uma motivação. O que o César, Edson Silva, Artur jogaram. Os três volantes jogaram tanto que nem sentimos a falta do Germano. Foi inesquecível. Daqui a 40 anos, os jogadores serão lembrados por esse título", comentou.

Garcia contou ainda que recebeu ligações de amigos de Manaus, Cuiabá e até de Belo Horizonte por causa da repercussão do título do LEC. "Eu avisei os mineiros que eles não iriam ganhar. Desta vez, não tinha o Reinaldo", brincou o ex-jogador ao lembrar do craque do Galo que eliminou a lendária equipe do Tubarão nas semifinais do Brasileiro de 1977.

SÉRIE A

Um dos destaques no título paranaense de 1992, o zagueiro Márcio Alcântara acredita que o primeiro lugar na Primeira Liga é fruto do trabalho sério e da estrutura oferecida pelo clube. "Títulos estaduais são importantes, mas estes são muitos mais importantes até pela qualidade dos adversários e por não ser sempre que se chega a uma conquista como essa. E ainda mais que foi de forma invicta", ressaltou. "O Londrina já conseguiu o que muitas equipes não têm e agora acredito que só falta mesmo subir para Série A".

Autor de um dos gols na vitória por 4 a 0 sobre o CSA (AL), que garantiu o título da Taça de Prata em 1980, primeira conquista nacional do LEC, o ex-meia Lívio Vieira exaltou o trabalho do técnico Claudio Tencati e do goleiro César. "Esta longevidade é difícil de acontecer no futebol brasileiro e o título foi merecido pelo que ele vem fazendo no comando do time. Já o César foi muito bem nos pênaltis e escreveu seu nome na história. É bom saber que mesmo tão jovem já é um ídolo".

Mineiro de Matozinhos, Lívio comemorou também o fato do Londrina eliminar os dois rivais de Belo Horizonte. Atleticano na infância, o meia jogou oito anos no Cruzeiro – da base até o profissional – de onde saiu para brilhar com a camisa alviceleste. "Recebi muitas ligações de amigos e familiares de Minas elogiando o Londrina. Talvez este titulo não tenha o mesmo peso da Taça de Prata, mas vai trazer muitos benefícios para o Londrina", afirmou. (L.F.C.)