Allan é responsável pela navegação do carro pilotado pelo pai Otávio Enz; dupla ainda conta com duas vans, um motorhome e uma caminhonete no apoio

Para qualquer jipeiro, o Rally dos Sertões é a Olimpíada das provas de off-road. Imagine então a emoção e ansiedade de dois apucaranenses, que vão estrear neste ano em um dos maiores rallys do mundo. "O coração está pulando no peito de tanta emoção e expectativa. Eu pareço um menino de 15 anos", afirmou o empresário Otávio Enz, 58 anos, o Marreco, que forma dupla com o filho, Allan, 28.



Parceiros há nove anos nas trilhas e estradas do Paraná e do Brasil, pai e filho começaram a preparação para os Sertões há 60 dias e embarcam na próxima quarta-feira para Goiânia, onde ocorre a largada do rally. "Só de chegar nos Sertões já é uma vitória, mas mesmo sendo a nossa primeira vez, vamos em busca de um bom resultado", garante Allan.

Marreco conta que a paixão por jipes começou ainda menino e que se lembra das vezes em que andava no veículo com o avô. Mas, ter a sua própria "máquina" demorou um pouco e matar o desejo só foi possível há dez anos, quando adquiriu um Willys para passear na cidade. A passagem de uma etapa do tradicional Rally Transparaná por Apucarana reacendeu a paixão.

"Parece que tinha um vício guardado dentro de mim e que foi despertado. Disputamos uma Copa Norte, fomos bem e nunca mais paramos", relembra o piloto. "Nunca tinha me imaginado em um jipe, hoje não quero é ficar longe de um", revelou Allan, que é o navegador da dupla.
Atuais bicampeões do Mitsubishi Motorsports e vencedores do Transparaná, pai e filho sempre tiveram o desejo de correr os Sertões. Com apoio de parceiros locais e estaduais, a dupla vai correr com uma Pajero Full. "Estamos esperando muitas dificuldades. Serão dias muito cansativos e longos", prevê Allan.

A preparação para uma prova de regularidade com sete etapas no meio do deserto do Jalapão, requer muito mais que apenas o acerto do carro e o trabalho do piloto e do navegador. Toda uma estrutura por trás é fundamental para que tudo transcorra bem. A equipe de apoio da única dupla do Paraná no rally será composta por duas vans, um motorhome e uma caminhonete.
"Na penúltima etapa vamos parar em Mateiros (TO), que é uma cidade de 2,5 mil habitantes e cercada de areia por todos os lados. Só veículos 4x4 conseguem chegar lá. Alugamos casas de moradores para poder passar a noite", conta Marreco.

Apesar de ter uma aparência de um carro comum, a Pajero foi toda adaptada para suportar os mais de 3,2 mil quilômetros em meio a trilhas de areia e terra. "Mexemos no motor, na suspensão, na turbina e trocamos amortecedores, molas e pneus. A própria calibragem dos pneus tem que ser mais baixa para andar na areia", explica Allan. Internamente o carro estará com os equipamentos mais modernos para auxiliar na navegação.

Pai e filho garantem que se dão bem durante as provas e quando há alguma divergência, ela não interfere no relacionamento familiar. Mesmo assim, não perdem a chance de provocar um ao outro. "No rally, quando se ganha é mérito do piloto e quando se perde a culpa é do navegador", disse, em tom de brincadeira, Marreco. "Ninguém ganha nada se não houver um bom navegador", rebate o filho.

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